A equipa da ClaraMente deseja as todos os seus pacientes, familiares, amigos, seguidores e parceiros Festas Felizes!!
Serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia (Consultórios em Lisboa e Caldas da Rainha)
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
"Cordas"...porque há cordas que não amarram mas que antes libertam
Na
semana passada assinalou-se no dia 3 de Dezembro o Dia Internacional da Pessoa
com Deficiência, que visa promover uma maior compreensão dos assuntos relativos
à deficiência e a mobilização para a defesa da dignidade, dos direitos e do
bem-estar destas pessoas.
Apesar
do paradigma atual assentar numa lógica de inclusão, em muitos contextos continuam
a verificar-se práticas de exclusão e de discriminação, sobretudo porque a
deficiência não é entendida numa lógica de diversidade. O preconceito inerente
ao que é diferente, acaba por constitui-se como um obstáculo ao estabelecimento
da relação e ao conhecimento daquela pessoa no seu todo que é rotulada e
definida pelas suas limitações. Este não é o caso de Maria, a protagonista da curta metragem de animação “Cordas”
cuja aceitação incondicional do seu novo colega de turma que sofre de paralisia
cerebral não deixa ninguém indiferente.
Apesar
de ver as limitações do amigo, Maria não desiste e faz de tudo para que ele se
divirta e consiga brincar. Readaptando e recriando jogos e atividades, Maria
celebra a vida do amigo e a força do vínculo afetivo que é estabelecido é de
tal ordem transformador para ambos que irá marcar e mudar as suas vidas para
sempre.
“Cordas”, ganhou o Prémio Goya em 2014, na categoria de
Melhor Curta Metragem de Animação. O filme foi inspirado nos
filhos do seu criador, Pedro Solís, que tem uma filha muito ligada ao irmão com
paralisia cerebral. Nos agradecimentos, o diretor Pedro Solís dedica o
filme à sua filha, por ter inspirado a realização da obra; ao seu filho, que
ele desejaria nunca ter inspirad o trabalho; e à esposa, Lola, por todas as
vezes em que ela não chorou na sua frente. Solís deixa ainda a mensagem: há
cordas que não amarram, mas antes libertam.
domingo, 3 de dezembro de 2017
A teoria da Felicidade por Einstein
Muito se tem falado nos últimos dias sobre duas mensagens escritas há quase cem anos por Albert Einstein, que foram vendidas por mais de um milhão e meio de euros. Entre elas, uma que ficou conhecida como “a teoria da felicidade": "Uma vida calma e humilde vai trazer-lhe mais felicidade do que a busca pelo sucesso e a consequente agitação constante", escreveu para substituir uma gorjeta em 1922. No outro papel, deixou uma frase mais simples, mas igualmente profunda: “onde há um desejo, há um caminho.”
Na verdade, são várias as frases inspiradoras que Albert Einstein, físico alemão, pai da teoria da relatividade, um dos pilares da física moderna e da mecânica quântica e Prémio Nobel da Física em 1921, nos deixou.
Acima de tudo, um pensador, humanista, crítico... sem dúvida um génio!
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
domingo, 26 de novembro de 2017
Empatia e Simpatia: qual a diferença?
Os conceitos de simpatia e
empatia, apesar de muito utilizados, continuam a ser objeto de confusão e nem
sempre são empregues da forma mais adequada.
Podemos entender a simpatia como
um sentimento de afinidade com determinada pessoa, que leva o indivíduo a
estabelecer uma harmonia no encontro com ela. Simpatizamos com amigos e com as
pessoas com quem partilhamos afinidades, interesses e valores e nas quais
reconhecemos alguma compatibilidade e complementaridade com o nosso
funcionamento.
Por seu lado, a empatia implica a
capacidade de nos posicionarmos no lugar do outro para compreendermos a sua
realidade interna, independentemente da pessoa em questão, de estarmos ou
não de acordo com ela ou de simpatizarmos ou não com ela. A empatia
genuína está ao serviço da comunhão emocional, da aceitação e do respeito pelo
outro e pela sua realidade, o que implica uma atitude de não julgamento e de
despojamento de preconceitos.
Demonstrar simpatia por alguém,
isto é, gentiliza e amabilidade, sendo-se amistoso, agradável e educado, não
implica necessariamente que também se seja empático. Muitas vezes, a simpatia
pode até esconder uma empatia diminuta, nos casos em que a simpatia é utilizada
para agradar e estimular no outro sentimentos positivos em relação a nós, com o
intuito de se obter algum tipo de aprovação e valorização narcísica.
Quando somos empáticos, posicionamo-nos
no lugar do outro para nos sentirmos em sintonia com as suas emoções e
acedermos à compreensão do seu funcionamento. Este movimento empático implica
olhar o outro com isenção, isto é, um olhar despojado dos próprios valores e
preconceitos, reconhecendo e aceitando que há diferentes maneiras de operar.
A boa capacidade empática pode ser
entendida como a capacidade de entender o outro tendo como enquadramento a
realidade deste e nunca utilizando como referência a nossa experiência subjetiva.
Quando colocamos os próprios sentimentos no outro, acabamos por incorrer numa
confusão entre o eu e o outro. Exemplo disso, é o caso da pessoa que fica muito
aflita ao percecionar o sofrimento de um animal que está com frio, ou que lhe
prepara uma festa de anos como se isso tivesse significado para ele, na medida em que já o vê na perspetiva de um
humano e não enquanto um animal. Neste tipo de situações, em que a pessoa
transporta para o outro a sua realidade, fica dificultada a possibilidade de
conhecer e entender o outro tal como ele é, na sua alteridade e singularidade. As
dificuldades de comunicação nas relações interpessoais, traduzem muitas vezes lacunas na empatia que não permitem a uma das partes colocar-se no lugar da outra, impondo ao invés a sua maneira de
ser e estar na vida.
Na psicoterapia, o movimento
empático é fundamental para se entrar em sintonia com o sofrimento do paciente
mas importa não se tomar essas dores ou se ficar colado a elas, já que tal diminui
a capacidade de ajuda. Depois de se ter captado essa informação, importa ao
psicoterapeuta fazer o movimento de retorno à sua posição e a partir do seu ângulo
poder devolver um sentido ao que está a ser manifestado, de uma forma mais
clara, nítida e ajustada à pessoa em questão.
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Viver com uma doença crónica
A doença crónica é definida por ser
uma doença que persiste por um longo período e não se resolve num curto espaço
de tempo. Há centenas de doenças crónicas conhecidas, e cada uma afecta o corpo
de forma diferente. Alguns exemplos de doenças crónicas são: diabetes, doença
de Alzheimer, hipertensão, asma, sida, cancro e doenças autoimunes.
As doenças crónicas podem
acompanhar durante muito tempo a vida de uma pessoa ou toda a sua vida, e neste
último caso não há cura, apenas tratamentos periódicos, tornando-se assim numa ameaça
ao bem-estar e na qualidade de vida. Existem as que são potencialmente
ameaçadoras à vida, e as que não apresentam risco mas podem ter o potencial de
serem fisicamente debilitantes. Além da parte física, as doenças crónicas
também apresentam efeitos emocionais e psicológicos que podem ser devastadores
e até influenciarem o processo de tratamento. As doenças crónicas naturalmente
provocam mudanças na vida da pessoa, para além dos condicionamentos do dia-a-dia,
obrigam a tomadas de decisões e à exploração de novos caminhos desconhecidos
até então.
Cada doença tem as suas especificidades,
seja o número de horas que a pessoa tem de passar em serviços de saúde, as
alterações na alimentação, o tempo recomendado de descanso, a possível ausência
do trabalho, menos rendimento, modificações nos papéis sociais, alteração de
hábitos, dependências e interdependências de outras pessoas. Nas situações em
que a pessoa precisa de alguém para se deslocar ou para realizar alguma
atividade do quotidiano, as dificuldades emocionais da gestão da doença tendem
a piorar.
Perante esta situação, existem
algumas questões fundamentais, que ajudam a uma maior aceitação da doença e a
uma maior procura de alternativas que aumentam o bem-estar apesar da doença:
- Aprender o máximo que puder
sobre a doença – Quanta mais informação se tiver, melhor se lida com os
sintomas e tratamentos.
-Procurar um médico com o qual se
identifique e procurar fazer todas as questões que tiver e tomar as decisões
sobre os tratamentos com o médico, e seguir o tratamento de forma adequada.
- Juntar-se a um grupo de apoio e
assim perceber que não está sozinho com a doença e que há várias pessoas na
mesma situação. Pode receber informações de outras pessoas que vivem com a
doença há mais tempo.
- Manter um exercício físico
regular adequado à sua situação clínica, um dieta equilibrada e cuidados
preventivos, além do tratamento clínico.
- Manter-se activo socialmente,
permitindo a aproximação de familiares e amigos e participar em actividades que
promovam o bem-estar psicológico.
- Reconhecer e aceitar que,
durante o tratamento, poderão haver dias bons e maus.
- Lembrar-se sempre que as
pessoas são muito mais do que a sua doença. Pode ter uma doença crónica, mas
isso é uma parte da sua pessoa. Além disso também é um pai fantástico, um
melhor amigo de alguém, uma mãe dedicada, um avô carinhoso, um excelente
profissional, …
- Procurar apoio psicoterapêutico
pode ajudar, mesmo quando se sente que tem bom suporte familiar e de amigos, a
ajuda de um profissional de saúde mental pode ser necessária e também é muitas
vezes aconselhável para os membros da família que lidam com a doença de um ente
querido.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Mental – o Festival que leva a Saúde Mental a todos
Decorreu na semana passada, de 9 a 12 de Novembro a primeira edição do Mental – Festival de Saúde Mental, cujo propósito pretende combater o tabu e o estigma que envolve a saúde mental,
trazendo-a à discussão popular através do cinema, das artes e da informação.
Esta foi uma iniciativa inédita em Portugal, inspirada pela dinâmica do
festival escocês SMHAFF – Scottish Mental Health Arts and Film Fest – que tem
mais de uma década e que conta com provas dadas no que respeita à importância de
incrementar uma abordagem destigmatizada da saúde mental.
Este festival pretende que a saúde mental deixe de ser um tema confinado às
esferas institucionais ou debatido apenas ocasionalmente ou em situações
específicas e que passe a ganhar a mesma visibilidade publica e destaque que os
temas relacionados com a saúde física, já que ambas as dimensões se relacionam
com o ser humano e são igualmente importantes.
Este primeiro Mental contou com documentários premiados pelo IFF –
Internacional Film Fest - e filmes relacionados com as temáticas escolhidas
para este ano: Borderline, Prevenção, Alheimer e Alccolismo. Destacaram-se ainda
as M-Talks com convidados de renome nas várias áreas cientificas e pedagógicas.
O grande mérito deste festival é levar os temas da saúde mental a todas as pessoas
exactamente porque este é um tema que diz respeito a todos nós e não apenas a
alguns.
Disponibilizando informação e
promovendo o esclarecimento, a compreensão e a educação do grande púbico, o
festival procura incrementar a mudança de mentalidades, erradicando o estigma e
o preconceito ainda muito associado à doença mental e que, em muitas famílias,
se traduz na tendência para esconder ou ignorar o problemas, pelo medo da
rejeição. Neste silêncio, muitos são os casos de pessoas cujos quadros clínicos
se agravam e que não procuram ajuda, o que se constitui como uma barreira na
recuperação e no risco de isolamento. Numa situação de crise ou de perda significativa, o risco de desenvolvimento de uma doença do foro mental é uma realidade e a existência
de suporte familiar e social é fundamental, nomeadamente na procura de
tratamento especializado e atempado determinante para uma recuperação efetiva.
O
Mental procura tornar as pessoas mais atentas, conscientes e informadas, visando abolir conceitos errados e transformar a relação das pessoas com a saúde
mental, nomeadamente no que respeita à identificação de sinais de alerta e diagnóstico precoce, à procura dos
serviços de saúde e tratamento adequados, à sensibilização quanto à importância
do suporte social e familiar, assim como da comunidade em geral na criação de
condições para a reinserção destas pessoas na vida ativa, como membros produtivos, auto-confiantes e capazes de desenvolverem todo o seu potencial.
domingo, 29 de outubro de 2017
Dia da Preguiça...ou a importância de parar?
Hoje, quarta-feira, dia 1 de Novembro, muitas pessoas aproveitam o
feriado para descansar. E a meio da semana, uma pausa no ritmo acelerado em
que muitos de nós vivemos, pode ser
realmente rivigorante e gerador de bem-estar.
Vivemos
numa era em que muitas pessoas se queixam constantemente de não terem tempo
para nada, descurando a necessidade de parar, pelo menos algumas vezes por dia,
em prol da própria sanidade mental.
Impera a
pressão constante por desempenhos excelentes e maximização de resultados e o
fazer nada passou a ser visto negativamente, induzindo sentimentos de
culpa.
Muitas
pessoas entram neste ritmo acelerado e numa urgência constante em responder às
expectativas pessoais e sociais criadas, gerando-se as condições propícias para
o desenvolvimento de quadros de stress e em última instância de burnout.
Quem se
aproxima desse ponto deixa de se sentir produtivo e podem emergir sensações
desagradáveis tais como a ansiedade, a raiva,
o tédio, o desejo de procrastinar e até sintomas físicos como dores de cabeça,
dores de estômago ou insónias.
Para este
desgaste extremo podem contribuir diferentes fatores tais como o
perfeccionismo, o elevado nível de ambição e de criticismo, a auto-exigência e
a pressão por parte do exterior. Neste contexto actual, parece não haver muito
espaço para desligar, desconectar e parar, até mesmo nos supostos momentos de
pausa, a propensão para continuar ligado, a consumir informação, através dos
smartphones parece levar a melhor.
No entanto, há muito que as neurociências já
evidenciaram a importância dos “tempos de nada”, indutores da sensação de bem
estar e da criatividade. O importante é acalmar a mente, parar de
analisar e afastar totalmente os pensamentos indutores de stress, na medida em
que esta paragem conduz à reorganização mental, que é a base para novos
insights e novas soluções, isto é para a criatividade. Ou seja, ao ativar no
cérebro um estado mais passivo e relaxado, são neutralizados os efeitos
negativos das hormonas do stress e produzidos neurotransmissores como
endorfinas e dopaminas que acentuam a sensação geral de bem-estar.
Há várias alternativas para ativar um estado de
relaxamento, tais como um exercício de relaxamento, dar um passeio a pé ou
fazer uma corrida, ouvir música calma, fazer uma sesta ou tomar um banho
quente. Este estado permite assim romper com os padrões de raciocínio
anteriores e com as emoções negativas associadas, promovendo o acesso a uma
posição neurológica mais favorável a um raciocínio mais claro, criativo e
produtivo. Quantos momentos “eureka!”já tivemos no duche ou enquanto
conduzíamos ao ouvir música?
Tempos de nada são portanto essenciais para aumentar a
criatividade e a capacidade para resolver problemas e tomar decisões,
incrementando a qualidade do trabalho e a auto-confiança. Para além disso, são
nos tempos de nada que temos oportunidade para nos desligarmos do exterior e do
modo automático em que vivemos grande parte do tempo, para nos conectarmos
connosco, ou seja com os nossos sentimentos, desejos e aspirações e não nos
perdermos de nós próprios na correria do dia a dia. É neste parar que a mente e
o corpo reencontram a tranquilidade e o relaxamento que necessitam para a
manutenção da saúde física e mental. Como tal, é essencial incorporar estes
tempos de nada no nosso quotidiano, o que requer organização, estabelecimento
de prioridades e acima de tudo permissão por parte do próprio. Importa ter
presente que os tempos de nada em nada se relacionam com negligência,
displicência, ou aversão ao trabalho mas sim com uma necessidade imperiosa de
parar a que todos temos direito em prol da nossa saúde, bem estar, criatividade
e produtividade.
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terça-feira, 24 de outubro de 2017
A coragem de se ir ao encontro do vazio
A necessidade de
se dar sentido às coisas, a necessidade de se encontrar um ou vários sentidos à
vida, o encher de sentido o que nos rodeia, acaba por ser algo necessário e
essencial em determinados momentos, em maior ou menor grau, mas necessário!
Segundo Nietzsche: “Aquele que tem uma razão para viver pode suportar quase
tudo”.
Sem esse sentido,
o dia-a-dia pode-se tornar mais longo e pesado... abrindo a possibilidade de
surgir o “vazio existencial”, que pode surgir perante determinadas situações,
algumas delas de intenso stress, na
vida de uma pessoa, nomeadamente lutos e perdas vividas ao longo da vida. Quando
uma situação inesperada surge, nos primeiros momentos é um choque e é
necessário tempo para se dar sentido a essa nova situação. Essa sensação de
vazio e consequente perda de vontade, pode permitir o desenvolvimento de uma
depressão ou algumas outras perturbações psicológicas, caso se fique agarrado à
situação (de perda por exemplo) e esse vazio for perdurando no tempo.
Quando uma
pessoa se vai envolvendo nesse seu vazio existencial, muitas vezes descrito
como uma espiral, pode levar cada vez mais a um desajuste emocional e uma
grande dificuldade da pessoa se auto regular. A falta de sentido na vida pode
fazer com que a própria existência perda o seu significado, a pessoa vai-se sentindo
vazia, abandonado, desvalorizada e insignificante.
Pode-se ir
tentando fugir desse vazio e dessa dor: ocupar o tempo com actividades e com
pessoas, procurar escapes (muitas vezes adições), mas essa fuga não vai mudar
esse vazio, ele vai continuar lá. No entanto, o vazio existencial pode ser
preenchido, pode ser compreendido, pode ser apaziguado e acolhido, pode ser
cuidado e abraçado, pode-se ir enchendo esse vazio com calor, ternura e afecto,
e dando sentindo às experiências vividas e à vida.
A coragem de se
ir ao encontro desse vazio, compreendê-lo, dar-lhe um sentido, irá permitir a
pessoa conhecer as suas próprias necessidades para o poder preencher com o que lhe
mais falta.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
domingo, 15 de outubro de 2017
In a Heartbeat - "O coração quer o que o coração quer, e não há nada de errado nisso”
Esta curta metragem intitulada "In a Heartbeat", prima pela forma como rapidamente chega ao coração e emociona, não deixando ninguém indiferente.
A mensagem é simples, essencialmente sobre amor, que neste caso é de um menino em relação a outro e nela podemos
visualizar simultaneamente as reações surpreendentes e comoventes de um grupo de crianças e
adultos.
Destaca-se a delicadeza com que um
assunto sensível desta natureza é tratado, expondo os conflitos internos e as
dificuldades que os jovens como os protagonistas do filme têm de atravessar. Acima
de tudo o video apela para a importancia da tolerância e da aceitação do amor,
independentemente da sua orientação.
O vídeo foi produzido por Beth David e
Esteban Bravo estudantes da Ringling College of Art and Design e já
ganhou vários prêmios em festivais de cinema.
Como disse Esteban: “O coração
quer o que o coração quer, e não há nada de errado nisso”.
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
A eterna insatisfação... com António Variações
Hoje decidi trazer ao blogue da Claramente uma canção, que
inúmeras pessoas, em determinados momentos da vida, facilmente se
identificam... no consultório, muitas pessoas já me partilharam essa
identificação. Não é nada fácil a tarefa de conciliar o sentimento de não
pertencer a lado nenhum com uma sensação de tranquilidade.
António Variações descreve aqui uma insatisfação permanente, além da indecisão entre os caminhos que seguir, sabendo que se seguir o caminho A, existem perdas por não ir pelo B,
C... O medo do que se perde, que justifica a indecisão na escolha.
Ficam aqui alguns tópicos que para quem quiser reflectir um pouco
sobre o tema pode ajudar, e também serão utilizados para próximos artigos de
reflexão da ClaraMente:
- Aceitar as perdas, como consequências naturais de decisões
pensadas e reflectidas.
- Não permitir que o medo nos bloqueie e a importância de
seguir atrás dos nossos objectivos e sonhos.
- Aceitar a instatisfação para evoluirmos, desafiarmo-nos e
crescermos.
- Equilibrar a vontade de explorar e ir além, com uma
tranquilidade e serenidade.
Estou além
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P’ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu
fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só
Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P’ra outro lugar
Vou continuar a
procurar o meu mundo,
o meu lugar
Porque até aqui eu só
Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não vou
Porque eu só estou
bem
Aonde não estou
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
domingo, 1 de outubro de 2017
A Terapia Assistida por Animais
Hoje, 4
de Outubro, celebra-se o Dia Mundial do Animal. Para muitas pessoas e famílias
o seu animal de estimação assume um papel central e fundamental nas suas vidas,
sendo portanto este o dia para lhes prestar a devida homenagem.
A
investigação sobre os benefícios da relação entre o animal e o homem intensificaram-se ao longo dos tempos,
sendo atualmente a Terapia Assistida por Animais um recurso cada vez mais
utilizado para promover a melhoria de estados físicos e psíquicos em todas as
idades.
Um dos
animais mais utilizados em Intervenções Assistidas por Animais é o cão. A sua presença
durante a sessão de terapia constitui-se
como um estímulo mutisensorial, procurando-se através deste meio tornar as pessoas mais cooperantes e
motivadas e que a médio prazo, possa
ocorrer a generalização dos comportamentos gerados nas sessões à vida
quotidiana.
Diversos
estudos indicam a existência de benefícios desta relação, sendo que a presença
do animal fomenta a expressão de emoções, a capacidade de comunicação e de
interação social, o aumento da concentração, memória e atenção, a diminuição da ansiedade e tensão arterial, o aumento do nível de endorfinas, a estimulação
tátil e o alívio de sentimentos de medo, solidão e isolamento.
A
Terapia Assistida por Animais é uma intervenção orientado por objetivos, onde
um animal, que reúne determinados critérios específicos, é parte integrante do
processo terapêutico. Este processo deverá ser dirigido e avaliado por
profissionais de saúde, com conhecimentos especializados no âmbito da intervenção
assistida por animais, onde o próprio define os objetivos e metodologias
de avaliação, enquanto também desempenha a função de guia do animal.
Os
objetivos desta terapia podem visar o desenvolvimento psicomotor e sensorial,
nomeadamente habilidades motoras finas e o equilíbrio, bem como melhorar a
capacidade de socialização no que respeita às interações verbais e sociais do
sujeito, estimular as funções cognitivas (memória, atenção concentração,
linguagem, pensamento) aumentar a auto-estima, reduzir a ansiedade e melhorar a
gestão emocional.
A
Terapia Assistida por Animais pode ser indicada em diferentes áreas nomeadamente
em crianças com necessidades educativas especiais. Segundo os especialistas,
crianças com dislexia, perturbação do espetro do autismo, transtorno de défice de
atenção com hiperatividade, paralisia cerebral, trissomia 21 podem
experimentar diminuição da pressão arterial e ganhos cognitivos e de
comunicação, quando têm a possibilidade de participar em programas de terapia
estabelecendo contacto com cães e outros animais. Outras crianças com problemas
de aprendizagem poderão retirar igualmente benefícios. Na presença dos animais,
está comprovada a diminuição dos níveis de stress pela redução do cortisol (
hormona associada ao stress ), aumento da endorfina e oxitocina ( associadas ao
bem estar e à satisfação ) e abrandamento
do ritmo cardíaco e respiratório. Destaca-se igualmente a intervenção em
pessoas com défice de visão e de audição, com quadros demenciais, doença e Alzheimer
e de Parkinson e perturbações ansiosas e afetivas.
Também
muitos hospitais pediátricos nos Estados Unidos da América estão a recorrer a
terapias com animais, incentivando as crianças portadoras de doenças graves a
contactarem com cães e gatos e os resultados têm sido bastante positivos.
Como
a terapia funciona como um agente motivador para o tratamento em diversas condições,
qualquer paciente que apresente um quadro crónico físico ou psicológico pode beneficiar
dela.
terça-feira, 26 de setembro de 2017
Pensamentos que não nos largam...
- "Acho que estou a enlouquecer... há pensamentos absurdos que chegam até mim, sem eu fazer nada, e são horríveis! Tenho medo de perder o controlo e fazer algo de mau..."
Esta frase poderia ser de uma de várias pessoas que lutam diariamente contra os seus pensamentos.
Estes pensamentos/imagens que vêm à cabeça de uma forma incontrolável, são chamados de pensamentos obsessivos e, numa intensidade maior ou
menor, todos nós já alguma vez tivemos na nossa vida. Durante períodos em que
passamos por um estado emocional mais alterado esses pensamentos obsessivos
podem estar mais tempo presentes e aumentarem de intensidade. Contudo, quando esses pensamentos condicionam a nossa vida e fazem diminuir a nossa qualidade de vida é essencial procurar apoio profissional.
Estes pensamentos, imagens ou impulsos, surgem de forma intrusiva, sem se saber como nem porquê, e apesar de muitos esforços, eles não desaparecem, são pensamentos que se intrometem indesejavelmente na nossa consciência, aparecem de maneira insistente e repetitiva e a estranheza dos seus conteúdos, origina um elevado desconforto, preocupação e mal-estar.
Estes pensamentos para além de serem absurdos, podem ser mais incómodos e preocupantes, pelo medo de perder o controle e ter algum eventual impulso de se fazer mal a si ou aos outros, como por exemplo, saltar da janela, ou ferir pessoas. Alguns destes pensamentos ainda podem ser mais bizarros, assustando muito as pessoas.
A preocupação e o mal estar que estes pensamentos criam, faz com que por vezes se viva à volta destes pensamentos, o que cria um grande cansaço e desgaste.
Quando temos esses pensamentos, a nossa energia concentra-se
neles e quanto mais pensamos, mais presentes eles se vão tornando.
Ficam aqui algumas sugestões que podem ajudar a lidar e a gerir o mal estar que os pensamentos obsessivos vão criando:
· Relaxar. Estes pensamentos intrusivos criam ansiedade e preocupação, por isso, é necessário ter um tempo para relaxar e procurar sentir algum tranquilidade em algum momento do dia. Quando sentir que um pensamento desse tipo invade a sua mente, não lute contra ele, tente apenas respirar profundamente e concentrar-se na sua respiração. Quanto mais os tentamos evitar, mais presentes e fortes eles se vão tornando.
· Divertir-se. Faça uma lista de actividades que
lhe criem prazer e satisfação. Tente fazer todos os dias alguma dessas actividades (Por exemplo: ouvir música, ler um livro, contemplar o mar, meditar, fazer uma actividade física). Assim, a mente mantém-se ocupada com coisas positivas.
·
Aceitar que não podemos controlar tudo, nomeadamente os nossos pensamentos; contudo podemos mudar a forma como lidamos e como gerimos essas situações.
·
Procurar apoio profissional para um tratamento adequado.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
terça-feira, 19 de setembro de 2017
Morre Lentamente - Pablo Neruda
“Morre Lentamente” é um poema de Pablo Neruda, prémio Nobel da Literatura em 1971, que nos remete para a importância de estarmos atentos ao melhor que a vida tem para
nos oferecer e de sabermos aproveitá-la da melhor maneira possível.
Este é um
exercício que exige esforço, já que muitas vezes somos empurrados para uma
rotina e para uma monotonia em já não encontramos paixão e motivação.
E é
justamente aqui que “começamos a morrer lentamente” e onde no lugar de vivermos
passamos somente a existir e a respirar.
Redescobri o que nos move e nos
apaixona, arriscar, sair da nossa zona de conforto, fazer novas aprendizagens,
conhecer pessoas novas e fazer coisas diferentes, podem ser formas de
despertarmos do marasmo e da apatia em que muitas vezes caímos e de nos
voltarmos a sentir vivos e apaixonados pela vida.
Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Siddhartha - Hermann Hesse
“A tua alma é o mundo inteiro.”
Este Verão li Siddhartha, de Hermann Hesse. Cativou-me desde da primeira página até ao final, sentindo uma brisa suave e agradável em cada folha que passava. A busca incansável pelo significado da vida, mas também a facilidade com que se abandona aquilo que já não faz crescer e, se contempla um novo caminho quando pouco ou nada se tem a que se agarrar.
Obra escrita pelo vencedor do prémio Nobel de Literatura em 1946, tendo sido a sua primeira publicação em 1922. O livro aborda a procura pela plenitude espiritual, e o alcance de estados em que a mente humana se encontra totalmente completa e plena.
Uma história de esperança, de luta por conhecer quem somos e o que fazemos neste mundo.
Aconselho vivamente esta leitura…
terça-feira, 25 de julho de 2017
Reflexões de Verão
Estamos a finais de Julho, o calor aperta e com ele a vontade de relaxar, independentemente de se estar de férias ou não. Uma forma de relaxar pode ser desligar simplesmente de tudo e apreciar o silêncio. Também ajuda a relaxar quando se ouve uma música agradável, ou as ondas do mar enquanto se contempla a força da natureza. Uma aula de yoga no jardim ou um café com um amigo / amiga, são outras actividades que aumentam a sensação de tranquilidade e bem-estar.
Este bom tempo e a apreciação da natureza também pode convidar a reflexões, ora apoiadas por algum livro ou conversa, ou simples divagações soltas. Para quem aprecia esta última forma, acreditamos que algumas frases de Einstein são realmente inspiradoras e nos permitem entrar em contacto com a nossa parte mais introspectiva.
Um bom passeio de bicicleta!
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
terça-feira, 18 de julho de 2017
Uma Viagem ao Universo de Van Gogh
Para os apreciadores da arte de Van
Gogh ou para aqueles que desejam descobri-la ou conhecê-la melhor, a nossa
psicóloga Joana Valério sugere para esta semana uma visita à exposição “Van Gogh Alive – The Experience”, que está patente na Cordoaria
Nacional até ao dia 31 de Agosto.
A par da genialidade, o mundo interno
do pintor caracterizava-se por uma marcada conflitualidade e intensidade. O
sofrimento mental em que vivia e que se traduzia na sua impulsividade, oscilações
de humor e dificuldade em estabelecer relacionamentos duradouros, acabou por
conduzir a vários internamentos psiquiátricos, ao episódio da auto-mutilação do
lobo da orelha direita e culminar no seu suicídio, com apenas 37 anos de idade.
Esta exposição constitui-se como uma
oportunidade de conhecer a obra de Van Gogh de uma forma completamente
inovadora, uma vez que as telas são o teto, as paredes e o chão. Trata-se de
uma experiência multisensorial que promove a
proximidade e o envolvimento do visitante com o universo do pintor,
através de video, luz, cor e som, proporcionando a exploração da sua vida e
obra, assim como o contacto com as suas ideias e os seus estados de espírito.
A exposição explora em particular o
período de 1880 a 1890, época em que Van Gogh viveu em Arles, Saint-Rémy e
Auvers-sur-Oise e onde criou as suas obras mais icónicas.
terça-feira, 11 de julho de 2017
Quando o ruído não nos permite ouvir a nossa voz orientadora
Quantas vezes nos apercebemos que em
determinadas situações não conseguimos estar em contacto com a nossa voz
orientadora... e que apesar de nos apercebemos disso seguimos, meios perdidos,
no emaranhado do ruído?
Quantas vezes nos apercebemos que
tomámos determinadas decisões, sem termos realmente contactado com a nossa
verdadeira voz orientadora / vontade real?
Nunca? Algumas vezes? Muitas vezes?
Provavelmente, quem se apercebeu ter
passado por isso, também talvez se tenha apercebido, que quando nos permitimos
aguardar por um silêncio, que permita ouvirmos a nossa voz orientadora, a nosso
decisão é sentida de forma mais intensa, mais genuína, mais nossa. Quando nos
permitimos estar em contacto com essa nossa parte, e conseguimos diminuir o
volume do ruído (outras opiniões de outras pessoas, a voz do nosso medo...),
seguimos com mais certezas, mesmo que tropecemos no passo seguinte! Mas a
sensação de “é isto que quero, é isto que eu preciso, é esta o caminho que me
faz sentido agora!”, só surge quando realmente vamos conseguindo colocar o
nível do som, adequado. Quando nos conseguimos ouvir!
Em determinadas fases, podemos andar
mais focados no trabalho, na concretização de determinados objectivos, e
entramos em piloto automático, onde o ruído é ensurdecedor, e simplesmente
vamos fazendo, vamos seguindo... É essencial libertarmo-nos do ruído que nos
consome e para isso, permitirmo-nos ter o nosso momento de introspecção
torna-se uma necessidade.
E para conseguirmos perceber o que é
ruído:
- Pensamos mais no que estamos a
sentir e no que nos faz sentir feliz ou no que achamos que as pessoas vão
pensar? Pensamos mais nos nossos sonhos e no que eu quero atingir ou no que
achamos que os outros esperam de nós?
O primeiro passo é conseguirmos
identificar a nossa voz, a nossa vontade e o ruído. Para de seguida,
conseguirmos cada vez mais ir ajustastando esse volume... e definirmos a
melodia que queremos para nossa companheira de viagem!
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
terça-feira, 4 de julho de 2017
Como desligar do stress durante as férias
O Verão é
para muitos sinónimo das tão desejadas férias, período de lazer e descanso, sonhado
ao longo do ano e que se constituí como uma necessidade orgânica para parar da
correria desenfreada do dia-a-dia.
Pessoas que
passam anos sem tirar férias, correm o risco de atingir um desgaste físico e psicológico de tal ordem elevado,
que acabam por desenvolver quadros de burnout, caracterizados por sintomas de
depressão, dores de cabeça, alterações do sono, dificuldades de atenção, concentração
e raciocínio.
Parar para o
devido descanso é não só um direito merecido mas também uma condição essencial
para a nossa saúde mental que não devemos descurar. No entanto, muitos são
aqueles que mesmo de férias, não conseguem tirar o devido proveito porque simplesmente
não conseguem desligar da rotina e do stress. Para isso, importa desde logo
planear as férias, reservando um período mínimo de duas a três semanas de
pausa, que permita dar ao organismo o tempo necessário para se adaptar a uma
mudança no ritmo e desacelerar, usufruindo do descanso devido.
Resolver
antecipadamente problemas pendentes de ordem prática, como contas por pagar, e
não alimentar preocupações com o trabalho são fatores essenciais para se
conseguir relaxar. Continuar a atender
telefonemas e a responder a e-mails de trabalho representa uma sobrecarga que
pode traduzir-se em alterações de humor, irritabilidade, dores de cabeça
constantes ou mal-estar, sendo preferível o aviso de ausência no email. Outro
aspeto importante, é procurar sair da
rotina do dia-a-dia e introduzir o factor novidade, tal como ir para outro
lugar ou fazer uma atividade diferente. Uma mudança de contexto facilita também
uma mudança das respostas habituais, eliminado o stress e promovendo o bem
estar.
Quando paramos e desligamos o piloto automático das obrigações diárias, mais
facilmente podemos entrar em contacto com o nosso eu interior e assim fazer
balanços, redefinir prioridades, sem perder o nosso rumo e sentido de vida. É
neste espaço e tempo que se abre para nós, que podemos avaliar com mais clareza
e perspetiva o ponto em que nos situamos na vida e entrar em contacto com novas
ideias e formas de concretizá-las que nos podem trazer realização pessoal e satisfação.
O cérebro mais descansado é mais criativo, produtivo e promotor de um maior bem
estar. Dedicar momentos das férias a atividades prazerosas com as pessoas de quem
gostamos é também fundamental, assim como não descurar a nossa saúde,
nomeadamente ter horas de sono suficientes, fazer uma alimentação equilibrada e
manter atividade física para aliviar tensões.
A Claramente deseja a todos umas férias plenamente
descansadas!
quarta-feira, 28 de junho de 2017
A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe
Neste post antigo (https://claramente-psi.blogspot.pt/2016/05/envelhecimento-activo-e-humanitude.html),
falei de envelhecimento activo e no conceito de Humanitude. Nesse artigo,
utilizei um pequeno excerto de um livro que adorei ler e que facilmente me
tocou e comoveu.
Hoje trago esse mesmo livro como
sugestão de leitura - A máquina de fazer espanhóis, de
Valter Hugo Mãe.
A reedição deste romance, em
Setembro do ano passado, abriu as celebrações dos 20 anos de carreira literária
do escritor. Essa reedição conta com um prefácio do músico Caetano Veloso, no
qual afirma: "Impacta-me que, exactamente
quando da minha entrada na velhice, me chegue às mãos o trabalho de um jovem em
que a contemplação do inexorável avanço da idade é a motivação de um exercício
exuberante de escrita, onde a força da memória vocabular e emocional (força que
define um verdadeiro escritor) surge luminosamente".
A máquina de fazer espanhóis valeu a Valter Hugo Mãe o
Grande Prémio PT de Literatura - actual Grande Prémio Oceanos de Literatura.
“A Laura
morreu, pegaram em mim e puseram-me no lar com dois sacos de roupa e um álbum
de fotografias. Foi o que fizeram. Depois, nessa mesma tarde, levaram o álbum
porque achavam que ia servir apenas para que eu cultivasse a dor de perder a
minha mulher. Depois, ainda nessa mesma tarde, trouxeram uma imagem da nossa
senhora de Fátima e disseram que, com o tempo, eu haveria de ganhar um credo
religioso, aprenderia a rezar e salvaria assim a minha alma. E um médico respondeu,
a verdade é que ficam mais calmos. Achei que era esperado de mim um desespero
motor. Digo motor para dizer de acção. Algo como partir coisas, revirar os
móveis, agredir fisicamente os funcionários, os enfermeiros que me poderiam
prender. O quarto pequeno é todo ele uma cela, a janela não abre e, se o vidro
se partir, as grades de ferro antigas seguram as pessoas do lado de dentro do
edifício. Pus-me a olhar para o chão, com ar de entregue. Estou entregue,
pensei. Aos meus pés os dois sacos de roupa e uma enfermeira dizendo coisas
simples, convencida de que a idade mental de um idoso é, de facto, igual à de
uma criança. O choque de ser assim tratado é tremendo e, numa primeira fase,
fica-se sem reacção. Se aquela enfermeira pudesse acabar com aquele sorriso, ao
menos acabar com aquele sorriso, seria mais fácil para mim entender que os meus
sentimentos valiam algo e que sofrer pela Laura não vinha de uma lonjura
alienígena, não era uma estupidez e, menos ainda, vinha de um crime pela
clausura e tudo. E ela sorria e eu poderia desejar-lhe, com tanto desprezo, o
pior mal do mundo. Que lhe arrancassem os braços e as pernas, pensava eu,
tirem-lhe os olhos e façam-na perder a voz e chamem-lhe cabra porque é o que
ela merece. Senhor Silva, com esta mantinha vai ficar quentinho à noite, ainda
aqui vai ter muitos sonhos bonitos, vai ver.”
E fica aqui a sugestão!
Boa leitura.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
Casa Arrumada - Homenagem a Carlos Drummond de Andrade
Este ano Portugal é a Capital Ibero-Americana da Cultura e para homenagear um dos grandes poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade, a nossa psicóloga Joana Valério traz-nos um dos seus poemas intitulado Casa Arrumada. Neste poema Drumoond enfatiza a importância de aproveitarmos a nossa casa para usufruirmos de todas as vivências que nos enriquecem como seres humanos e de nunca nos privarmos dessa possibilidade em prol da manutenção da ordem e da arrumação. Ele relembra que a nossa alegria não reside naquilo que permanece estático mas é gerada pelo convívio, pela agitação das pessoas. Onde há vida, onde há alegria, há perturbação da ordem, há vibração, movimento de pessoas e coisas fora do lugar.
...
"Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando,
ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha"...
https://www.youtube.com/watch?v=Alp0sOWvirQ
...
"Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando,
ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha"...
https://www.youtube.com/watch?v=Alp0sOWvirQ
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Dilemas? Uma oportunidade para avançar!
Muitas vezes, ao longo da nossa vida nos
deparamos com dilemas. Uns mais complicados e que criam um maior mal-estar,
outros menos intensos. Contudo, os dilemas criam por norma algum desconforto
por termos que decidir pelo menos por duas opções contraditórias, mas que por
diversos motivos, não nos é fácil avançar nessa escolha.
Por vezes podemos ficar num mal-estar por um
período longo. No entanto, muitas vezes esses dilemas podem estar associados à
incapacidade ou dificuldade de largar algo a que estávamos habituados e que nos
é difícil imaginar sem isso, para podemos abrir um novo capítulo e agarrar algo
novo e diferente, mas que nos pode fazer sentido num determinado momento.
Falando de uma forma mais concreta, alguns
exemplos:
- “Eu sempre estudei desta forma, mas agora na
faculdade isto não está a funcionar... mas se sempre funcionou, vai ter que
continuar a funcionar assim... ou será que tenho que aprender uma nova forma de
estudar?”
- “Eu sempre idealizei ter este trabalho, mas
agora que aqui estou não me sinto satisfeita nem realizada... Será que procuro algum
outro trabalho? Ou hei-de insistir neste?”
- “Sempre disse que não acreditava em relações
à distância e que nunca me iria colocar numa situação dessas, mas a minha
esposa tem um trabalho tão bom cá e eu tive uma proposta óptima num outro
país... Talvez pudéssemos tentar experimentar...?”
Muitas vezes estamos nas nossas rotinas
diárias, na nossa vida do dia-a-dia e tudo está bem, até que surge algo que nos
cria um desequilíbrio e dúvidas – nos exemplos aqui em cima: o estudo não
funciona como antes, não me sinto satisfeita no trabalho, tive uma proposta de
trabalho. Com certeza que todos nós, perante situações destas já tentámos
fingir (nem que por breves instantes) que a situação nova não estava a
acontecer na realidade, porque sim, seria tudo mais fácil que as coisas se
mantivessem iguais. Mas a partir desse momento já não há retorno, e uma decisão
necessitará de ser tomada. E até mesmo uma não decisão acaba por ser uma
decisão... Porque o não avançar com uma resposta, muitas vezes faz com que a
situação antiga se mantenha (por exemplo o não aceitar a proposta de trabalho
no estrangeiro), e sim, é uma decisão totalmente válida.
Muitas vezes quando a situação que nos cria
desequilíbrio, ficamos assustados e agarramo-nos ainda com mais força ao que já
conhecemos. E podemos demorar algum tempo aí. Cada pessoa necessitará do seu
tempo para elaborar o dilema e colocar a hipótese de contrariar o que pensava
que queria, os seus objectivos iniciais, os seus gostos antigos, e colocar
verdadeiramente a hipótese de avançar para algo novo e desconhecido.
Naturalmente, o desconhecido pode tornar-se assustador para algumas pessoas, no
entanto se for essa a decisão que se toma, será com certeza uma oportunidade de
se avançar e evoluir, com novas aprendizagens.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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