terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A equipa da ClaraMente deseja-vos Festas Felizes!


A equipa da ClaraMente deseja as todos os seus pacientes, familiares, amigos, seguidores e parceiros Festas Felizes!!

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

"Cordas"...porque há cordas que não amarram mas que antes libertam



Na semana passada assinalou-se no dia 3 de Dezembro o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que visa promover uma maior compreensão dos assuntos relativos à deficiência e a mobilização para a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar destas pessoas.
Apesar do paradigma atual assentar numa lógica de inclusão, em muitos contextos continuam a verificar-se práticas de exclusão e de discriminação, sobretudo porque a deficiência não é entendida numa lógica de diversidade. O preconceito inerente ao que é diferente, acaba por constitui-se como um obstáculo ao estabelecimento da relação e ao conhecimento daquela pessoa no seu todo que é rotulada e definida pelas suas limitações. Este não é o caso de Maria, a  protagonista da curta metragem de animação “Cordas” cuja aceitação incondicional do seu novo colega de turma que sofre de paralisia cerebral não deixa ninguém indiferente.
Apesar de ver as limitações do amigo, Maria não desiste e faz de tudo para que ele se divirta e consiga brincar. Readaptando e recriando jogos e atividades, Maria celebra a vida do amigo e a força do vínculo afetivo que é estabelecido é de tal ordem transformador para ambos que irá marcar e mudar as suas vidas para sempre.

“Cordas”,  ganhou o Prémio Goya em 2014, na categoria de Melhor Curta Metragem de Animação. O filme foi inspirado nos filhos do seu criador, Pedro Solís, que tem uma filha muito ligada ao irmão com paralisia cerebral. Nos agradecimentos, o diretor Pedro Solís dedica o filme à sua filha, por ter inspirado a realização da obra; ao seu filho, que ele desejaria nunca ter inspirad o trabalho; e à esposa, Lola, por todas as vezes em que ela não chorou na sua frente. Solís deixa ainda a mensagem: há cordas que não amarram, mas antes libertam.

domingo, 3 de dezembro de 2017

A teoria da Felicidade por Einstein


Muito se tem falado nos últimos dias sobre duas mensagens escritas há quase cem anos por Albert Einstein, que  foram vendidas por mais de um milhão e meio de euros. Entre elas, uma que ficou conhecida como “a teoria da felicidade": "Uma vida calma e humilde vai trazer-lhe mais felicidade do que a busca pelo sucesso e a consequente agitação constante", escreveu para substituir uma gorjeta em 1922. No outro papel, deixou uma frase mais simples, mas igualmente profunda: “onde há um desejo, há um caminho.”

Na verdade, são várias as frases inspiradoras que Albert Einstein, físico alemão, pai da teoria da relatividade, um dos pilares da física moderna e da mecânica quântica e Prémio Nobel da Física em 1921, nos deixou. 

Acima de tudo, um pensador, humanista, crítico... sem dúvida um génio!

                 Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

domingo, 26 de novembro de 2017

Empatia e Simpatia: qual a diferença?




Os conceitos de simpatia e empatia, apesar de muito utilizados, continuam a ser objeto de confusão e nem sempre são empregues da forma mais adequada.
Podemos entender a simpatia como um sentimento de afinidade com determinada pessoa, que leva o indivíduo a estabelecer uma harmonia no encontro com ela. Simpatizamos com amigos e com as pessoas com quem partilhamos afinidades, interesses e valores e nas quais reconhecemos alguma compatibilidade e complementaridade com o nosso funcionamento.
Por seu lado, a empatia implica a capacidade de nos posicionarmos no lugar do outro para compreendermos a sua realidade interna, independentemente da pessoa em questão, de estarmos ou não de acordo com ela ou de simpatizarmos ou não com ela. A empatia genuína está ao serviço da comunhão emocional, da aceitação e do respeito pelo outro e pela sua realidade, o que implica uma atitude de não julgamento e de despojamento de preconceitos.
Demonstrar simpatia por alguém, isto é, gentiliza e amabilidade, sendo-se amistoso, agradável e educado, não implica necessariamente que também se seja empático. Muitas vezes, a simpatia pode até esconder uma empatia diminuta, nos casos em que a simpatia é utilizada para agradar e estimular no outro sentimentos positivos em relação a nós, com o intuito de se obter algum tipo de aprovação e valorização narcísica.
Quando somos empáticos, posicionamo-nos no lugar do outro para nos sentirmos em sintonia com as suas emoções e acedermos à compreensão do seu funcionamento. Este movimento empático implica olhar o outro com isenção, isto é, um olhar despojado dos próprios valores e preconceitos, reconhecendo e aceitando que há diferentes maneiras de operar.
A boa capacidade empática pode ser entendida como a capacidade de entender o outro tendo como enquadramento a realidade deste e nunca utilizando como referência a nossa experiência subjetiva. Quando colocamos os próprios sentimentos no outro, acabamos por incorrer numa confusão entre o eu e o outro. Exemplo disso, é o caso da pessoa que fica muito aflita ao percecionar o sofrimento de um animal que está com frio, ou que lhe prepara uma festa de anos como se isso tivesse significado para ele,  na medida em que já o vê na perspetiva de um humano e não enquanto um animal. Neste tipo de situações, em que a pessoa transporta para o outro a sua realidade, fica dificultada a possibilidade de conhecer e entender o outro tal como ele é, na sua alteridade e singularidade. As dificuldades de comunicação nas relações interpessoais, traduzem muitas vezes lacunas na empatia que não permitem a uma das partes colocar-se no lugar da outra, impondo ao invés a sua maneira de ser e estar na vida.

Na psicoterapia, o movimento empático é fundamental para se entrar em sintonia com o sofrimento do paciente mas importa não se tomar essas dores ou se ficar colado a elas, já que tal diminui a capacidade de ajuda. Depois de se ter captado essa informação, importa ao psicoterapeuta fazer o movimento de retorno à sua posição e a partir do seu ângulo poder devolver um sentido ao que está a ser manifestado, de uma forma mais clara, nítida e ajustada à pessoa em questão. 

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Viver com uma doença crónica

A doença crónica é definida por ser uma doença que persiste por um longo período e não se resolve num curto espaço de tempo. Há centenas de doenças crónicas conhecidas, e cada uma afecta o corpo de forma diferente. Alguns exemplos de doenças crónicas são: diabetes, doença de Alzheimer, hipertensão, asma, sida, cancro e doenças autoimunes.

As doenças crónicas podem acompanhar durante muito tempo a vida de uma pessoa ou toda a sua vida, e neste último caso não há cura, apenas tratamentos periódicos, tornando-se assim numa ameaça ao bem-estar e na qualidade de vida. Existem as que são potencialmente ameaçadoras à vida, e as que não apresentam risco mas podem ter o potencial de serem fisicamente debilitantes. Além da parte física, as doenças crónicas também apresentam efeitos emocionais e psicológicos que podem ser devastadores e até influenciarem o processo de tratamento. As doenças crónicas naturalmente provocam mudanças na vida da pessoa, para além dos condicionamentos do dia-a-dia, obrigam a tomadas de decisões e à exploração de novos caminhos desconhecidos até então.

Cada doença tem as suas especificidades, seja o número de horas que a pessoa tem de passar em serviços de saúde, as alterações na alimentação, o tempo recomendado de descanso, a possível ausência do trabalho, menos rendimento, modificações nos papéis sociais, alteração de hábitos, dependências e interdependências de outras pessoas. Nas situações em que a pessoa precisa de alguém para se deslocar ou para realizar alguma atividade do quotidiano, as dificuldades emocionais da gestão da doença tendem a piorar.

Perante esta situação, existem algumas questões fundamentais, que ajudam a uma maior aceitação da doença e a uma maior procura de alternativas que aumentam o bem-estar apesar da doença:

- Aprender o máximo que puder sobre a doença – Quanta mais informação se tiver, melhor se lida com os sintomas e tratamentos.

-Procurar um médico com o qual se identifique e procurar fazer todas as questões que tiver e tomar as decisões sobre os tratamentos com o médico, e seguir o tratamento de forma adequada.

- Juntar-se a um grupo de apoio e assim perceber que não está sozinho com a doença e que há várias pessoas na mesma situação. Pode receber informações de outras pessoas que vivem com a doença há mais tempo.

- Manter um exercício físico regular adequado à sua situação clínica, um dieta equilibrada e cuidados preventivos, além do tratamento clínico.

- Manter-se activo socialmente, permitindo a aproximação de familiares e amigos e participar em actividades que promovam o bem-estar psicológico.

- Reconhecer e aceitar que, durante o tratamento, poderão haver dias bons e maus.

- Lembrar-se sempre que as pessoas são muito mais do que a sua doença. Pode ter uma doença crónica, mas isso é uma parte da sua pessoa. Além disso também é um pai fantástico, um melhor amigo de alguém, uma mãe dedicada, um avô carinhoso, um excelente profissional, …

- Procurar apoio psicoterapêutico pode ajudar, mesmo quando se sente que tem bom suporte familiar e de amigos, a ajuda de um profissional de saúde mental pode ser necessária e também é muitas vezes aconselhável para os membros da família que lidam com a doença de um ente querido.

                     Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Mental – o Festival que leva a Saúde Mental a todos




Decorreu na semana passada, de 9 a 12 de Novembro a primeira edição do Mental – Festival de Saúde Mental, cujo propósito pretende combater o tabu e o estigma que envolve a saúde mental, trazendo-a à discussão popular através do cinema, das artes e da informação.
Esta foi uma iniciativa inédita em Portugal, inspirada pela dinâmica do festival escocês SMHAFF – Scottish Mental Health Arts and Film Fest – que tem mais de uma década e que conta com provas dadas no que respeita à importância de incrementar uma abordagem destigmatizada da saúde mental.
Este festival pretende que a saúde mental deixe de ser um tema confinado às esferas institucionais ou debatido apenas ocasionalmente ou em situações específicas e que passe a ganhar a mesma visibilidade publica e destaque que os temas relacionados com a saúde física, já que ambas as dimensões se relacionam com o ser humano e são igualmente importantes.
Este primeiro Mental contou com documentários premiados pelo IFF – Internacional Film Fest - e filmes relacionados com as temáticas escolhidas para este ano: Borderline, Prevenção, Alheimer e Alccolismo. Destacaram-se ainda as M-Talks com convidados de renome nas várias áreas cientificas e pedagógicas.
O grande mérito deste festival é levar os temas da saúde mental a todas as pessoas exactamente porque este é um tema que diz respeito a todos nós e não apenas a alguns.
 Disponibilizando informação e promovendo o esclarecimento, a compreensão e a educação do grande púbico, o festival procura incrementar a mudança de mentalidades, erradicando o estigma e o preconceito ainda muito associado à doença mental e que, em muitas famílias, se traduz na tendência para esconder ou ignorar o problemas, pelo medo da rejeição. Neste silêncio, muitos são os casos de pessoas cujos quadros clínicos se agravam e que não procuram ajuda, o que se constitui como uma barreira na recuperação e no risco de isolamento. Numa situação de crise ou de perda significativa, o risco de desenvolvimento de uma doença do foro mental é uma realidade e a existência de suporte familiar e social é fundamental, nomeadamente na procura de tratamento especializado e atempado determinante para uma recuperação efetiva. 
O Mental procura tornar as pessoas mais atentas, conscientes e informadas, visando abolir conceitos errados e transformar a relação das pessoas com a saúde mental,  nomeadamente no que respeita à identificação de sinais de alerta e diagnóstico precoce, à procura dos serviços de saúde e tratamento adequados, à sensibilização quanto à importância do suporte social e familiar, assim como da comunidade em geral na criação de condições para a reinserção destas pessoas na vida ativa, como membros produtivos, auto-confiantes e capazes de desenvolverem todo o seu potencial.



domingo, 29 de outubro de 2017

Dia da Preguiça...ou a importância de parar?



Hoje, quarta-feira, dia 1 de Novembro, muitas pessoas aproveitam o feriado para descansar. E a meio da semana, uma pausa no ritmo acelerado em que muitos de nós vivemos, pode ser realmente rivigorante e gerador de bem-estar.
Vivemos numa era em que muitas pessoas se queixam constantemente de não terem tempo para nada, descurando a necessidade de parar, pelo menos algumas vezes por dia, em prol da própria sanidade mental.
Impera a pressão constante por desempenhos excelentes e maximização de resultados e o fazer nada passou a ser visto negativamente, induzindo sentimentos de culpa.  
Muitas pessoas entram neste ritmo acelerado e numa urgência constante em responder às expectativas pessoais e sociais criadas, gerando-se as condições propícias para o desenvolvimento de quadros de stress e em última instância de burnout.
Quem se aproxima desse ponto deixa de se sentir produtivo  e podem emergir sensações desagradáveis tais como a ansiedade, a raiva, o tédio, o desejo de procrastinar e até sintomas físicos como dores de cabeça, dores de estômago ou insónias.
 Para  este desgaste extremo podem contribuir diferentes fatores tais como o perfeccionismo, o elevado nível de ambição e de criticismo, a auto-exigência e a pressão por parte do exterior. Neste contexto actual, parece não haver muito espaço para desligar, desconectar e parar, até mesmo nos supostos momentos de pausa, a propensão para continuar ligado, a consumir informação, através dos smartphones parece levar a melhor.
No entanto, há muito que as neurociências já evidenciaram a importância dos “tempos de nada”, indutores da sensação de bem estar e da criatividade.  O importante é acalmar a mente, parar de analisar e afastar totalmente os pensamentos indutores de stress, na medida em que esta paragem conduz à reorganização mental, que é a base para novos insights e novas soluções, isto é para a criatividade. Ou seja, ao ativar no cérebro um estado mais passivo e relaxado, são neutralizados os efeitos negativos das hormonas do stress e produzidos neurotransmissores como endorfinas e dopaminas  que acentuam a sensação geral de bem-estar.
Há várias alternativas para ativar um estado  de relaxamento, tais como um exercício de relaxamento, dar um passeio a pé ou fazer uma corrida, ouvir música calma, fazer uma sesta ou tomar um banho quente. Este estado permite assim romper com os padrões de raciocínio anteriores e com as emoções negativas associadas, promovendo o acesso a uma posição neurológica mais favorável a um raciocínio mais claro, criativo e produtivo. Quantos momentos “eureka!”já tivemos no duche ou enquanto conduzíamos ao ouvir música?
Tempos de nada são portanto essenciais para aumentar a criatividade e a capacidade para resolver problemas e tomar decisões, incrementando a qualidade do trabalho e a auto-confiança. Para além disso, são nos tempos de nada que temos oportunidade para nos desligarmos do exterior e do modo automático em que vivemos grande parte do tempo, para nos conectarmos connosco, ou seja com os nossos sentimentos, desejos e aspirações e não nos perdermos de nós próprios na correria do dia a dia. É neste parar que a mente e o corpo reencontram a tranquilidade e o relaxamento que necessitam para a manutenção da saúde física e mental. Como tal, é essencial incorporar estes tempos de nada no nosso quotidiano, o que requer organização, estabelecimento de prioridades e acima de tudo permissão por parte do próprio. Importa ter presente que os tempos de nada em nada se relacionam com negligência, displicência, ou aversão ao trabalho mas sim com uma necessidade imperiosa de parar a que todos temos direito em prol da nossa saúde, bem estar, criatividade e produtividade.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

A coragem de se ir ao encontro do vazio

A necessidade de se dar sentido às coisas, a necessidade de se encontrar um ou vários sentidos à vida, o encher de sentido o que nos rodeia, acaba por ser algo necessário e essencial em determinados momentos, em maior ou menor grau, mas necessário! Segundo Nietzsche: “Aquele que tem uma razão para viver pode suportar quase tudo”.

Sem esse sentido, o dia-a-dia pode-se tornar mais longo e pesado... abrindo a possibilidade de surgir o “vazio existencial”, que pode surgir perante determinadas situações, algumas delas de intenso stress, na vida de uma pessoa, nomeadamente lutos e perdas vividas ao longo da vida. Quando uma situação inesperada surge, nos primeiros momentos é um choque e é necessário tempo para se dar sentido a essa nova situação. Essa sensação de vazio e consequente perda de vontade, pode permitir o desenvolvimento de uma depressão ou algumas outras perturbações psicológicas, caso se fique agarrado à situação (de perda por exemplo) e esse vazio for perdurando no tempo.

Quando uma pessoa se vai envolvendo nesse seu vazio existencial, muitas vezes descrito como uma espiral, pode levar cada vez mais a um desajuste emocional e uma grande dificuldade da pessoa se auto regular. A falta de sentido na vida pode fazer com que a própria existência perda o seu significado, a pessoa vai-se sentindo vazia, abandonado, desvalorizada e insignificante.

Pode-se ir tentando fugir desse vazio e dessa dor: ocupar o tempo com actividades e com pessoas, procurar escapes (muitas vezes adições), mas essa fuga não vai mudar esse vazio, ele vai continuar lá. No entanto, o vazio existencial pode ser preenchido, pode ser compreendido, pode ser apaziguado e acolhido, pode ser cuidado e abraçado, pode-se ir enchendo esse vazio com calor, ternura e afecto, e dando sentindo às experiências vividas e à vida.

A coragem de se ir ao encontro desse vazio, compreendê-lo, dar-lhe um sentido, irá permitir a pessoa conhecer as suas próprias necessidades para o poder preencher com o que lhe mais falta. 

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

domingo, 15 de outubro de 2017

In a Heartbeat - "O coração quer o que o coração quer, e não há nada de errado nisso”






Esta curta metragem intitulada "In a Heartbeat", prima pela forma como rapidamente chega ao coração e emociona, não deixando ninguém indiferente.
A mensagem é simples, essencialmente sobre amor, que neste caso é de um menino em relação a outro e nela podemos visualizar simultaneamente as reações surpreendentes e comoventes de um grupo de crianças e adultos.
Destaca-se a delicadeza com que um assunto sensível desta natureza é tratado, expondo os conflitos internos e as dificuldades que os jovens como os protagonistas do filme têm de atravessar. Acima de tudo o video apela para a importancia da tolerância e da aceitação do amor, independentemente da sua orientação.
O vídeo foi produzido por Beth David e Esteban Bravo estudantes da Ringling College of Art and Design e já ganhou vários prêmios em festivais de cinema.

Como disse Esteban: “O coração quer o que o coração quer, e não há nada de errado nisso”.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A eterna insatisfação... com António Variações

Hoje decidi trazer ao blogue da Claramente uma canção, que inúmeras pessoas, em determinados momentos da vida, facilmente se identificam... no consultório, muitas pessoas já me partilharam essa identificação. Não é nada fácil a tarefa de conciliar o sentimento de não pertencer a lado nenhum com uma sensação de tranquilidade.

António Variações descreve aqui uma insatisfação permanente, além da indecisão entre os caminhos que seguir, sabendo que se seguir o caminho A, existem perdas por não ir pelo B, C... O medo do que se perde, que justifica a indecisão na escolha.

Ficam aqui alguns tópicos que para quem quiser reflectir um pouco sobre o tema pode ajudar, e também serão utilizados para próximos artigos de reflexão da ClaraMente:

- Aceitar as perdas, como consequências naturais de decisões pensadas e reflectidas.
- Não permitir que o medo nos bloqueie e a importância de seguir atrás dos nossos objectivos e sonhos.
- Aceitar a instatisfação para evoluirmos, desafiarmo-nos e crescermos.
- Equilibrar a vontade de explorar e ir além, com uma tranquilidade e serenidade.

Deixo aqui a letra, tal como a canção.


Estou além

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P’ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só

Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P’ra outro lugar

Vou continuar a procurar o meu mundo,
o meu lugar
Porque até aqui eu só

Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

domingo, 1 de outubro de 2017

A Terapia Assistida por Animais


Hoje, 4 de Outubro, celebra-se o Dia Mundial do Animal. Para muitas pessoas e famílias o seu animal de estimação assume um papel central e fundamental nas suas vidas, sendo portanto este o dia para lhes prestar a devida homenagem.
A investigação sobre os benefícios da relação entre o animal e o homem intensificaram-se ao longo dos tempos, sendo atualmente a Terapia Assistida por Animais um recurso cada vez mais utilizado para promover a melhoria de estados físicos e psíquicos em todas as idades.
Um dos animais mais utilizados em Intervenções Assistidas por Animais é o cão. A sua presença durante a sessão de terapia constitui-se como um estímulo mutisensorial, procurando-se através deste meio tornar as pessoas mais cooperantes e motivadas e que a médio prazo, possa ocorrer a  generalização dos comportamentos gerados nas sessões à vida quotidiana.
Diversos estudos indicam a existência de benefícios desta relação, sendo que a presença do animal fomenta a expressão de emoções, a capacidade de comunicação e de interação social, o aumento da concentração, memória e atenção, a diminuição da ansiedade e tensão arterial, o aumento do nível de endorfinas, a estimulação tátil e o alívio de sentimentos de medo, solidão e isolamento.
A Terapia Assistida por Animais é uma intervenção orientado por objetivos, onde um animal, que reúne determinados critérios específicos, é parte integrante do processo terapêutico. Este processo deverá ser dirigido e avaliado por profissionais de saúde, com conhecimentos especializados no âmbito da intervenção assistida por animais, onde o próprio define os objetivos e metodologias de avaliação, enquanto também desempenha a função de guia do animal.
Os objetivos desta terapia podem visar o desenvolvimento psicomotor e sensorial, nomeadamente habilidades motoras finas e o equilíbrio, bem como melhorar a capacidade de socialização no que respeita às interações verbais e sociais do sujeito, estimular as funções cognitivas (memória, atenção concentração, linguagem, pensamento) aumentar a auto-estima, reduzir a ansiedade e melhorar a gestão emocional.
A Terapia Assistida por Animais pode ser indicada em diferentes áreas nomeadamente em crianças com necessidades educativas especiais. Segundo os especialistas, crianças com dislexia, perturbação do espetro do autismo, transtorno de défice de atenção com hiperatividade, paralisia cerebral, trissomia 21 podem experimentar diminuição da pressão arterial e  ganhos cognitivos e de comunicação, quando têm a possibilidade de participar em programas de terapia estabelecendo contacto com cães e outros animais. Outras crianças com problemas de aprendizagem poderão retirar igualmente benefícios. Na presença dos animais, está comprovada a diminuição dos níveis de stress pela redução do cortisol ( hormona associada ao stress ), aumento da endorfina e oxitocina ( associadas ao bem estar e à satisfação ) e  abrandamento do ritmo cardíaco e respiratório. Destaca-se igualmente a intervenção em pessoas com défice de visão e de audição, com quadros demenciais, doença e Alzheimer e de Parkinson e perturbações ansiosas e afetivas.
  Também muitos hospitais pediátricos nos Estados Unidos da América estão a recorrer a terapias com animais, incentivando as crianças portadoras de doenças graves a contactarem com cães e gatos e os resultados têm sido bastante positivos.
Como a terapia funciona como um agente motivador para o tratamento em diversas condições, qualquer paciente que apresente um quadro crónico físico ou psicológico pode beneficiar dela.


terça-feira, 26 de setembro de 2017

Pensamentos que não nos largam...

- "Acho que estou a enlouquecer... há pensamentos absurdos que chegam até mim, sem eu fazer nada, e são horríveis! Tenho medo de perder o controlo e fazer algo de mau..."

Esta frase poderia ser de uma de várias pessoas que lutam diariamente contra os seus pensamentos.

Estes pensamentos/imagens que vêm à cabeça de uma forma incontrolável, são chamados de pensamentos obsessivos e, numa intensidade maior ou menor, todos nós já alguma vez tivemos na nossa vida. Durante períodos em que passamos por um estado emocional mais alterado esses pensamentos obsessivos podem estar mais tempo presentes e aumentarem de intensidade. Contudo, quando esses pensamentos condicionam a nossa vida e fazem diminuir a nossa qualidade de vida é essencial procurar apoio profissional.

Estes pensamentos, imagens ou impulsos, surgem de forma intrusiva, sem se saber como nem porquê, e apesar de muitos esforços, eles não desaparecem, são pensamentos que se intrometem indesejavelmente na nossa consciência, aparecem de maneira insistente e repetitiva e a estranheza dos seus conteúdos, origina um elevado desconforto, preocupação e mal-estar. 

Estes pensamentos para além de serem absurdos, podem ser mais incómodos e preocupantes, pelo medo de perder o controle e ter algum eventual impulso de se fazer mal a si ou aos outros, como por exemplo, saltar da janela, ou ferir pessoas. Alguns destes pensamentos ainda podem ser mais bizarros, assustando muito as pessoas. 

A preocupação e o mal estar que estes pensamentos criam, faz com que por vezes se viva à volta destes pensamentos, o que cria um grande cansaço e desgaste. Quando temos esses pensamentos, a nossa energia concentra-se neles e quanto mais pensamos, mais presentes eles se vão tornando. 

Ficam aqui algumas sugestões que podem ajudar a lidar e a gerir o mal estar que os pensamentos obsessivos vão criando:

·  Relaxar. Estes pensamentos intrusivos criam ansiedade e preocupação, por isso, é necessário ter um tempo para relaxar e procurar sentir algum tranquilidade em algum momento do dia. Quando sentir que um pensamento desse tipo invade a sua mente, não lute contra ele, tente apenas respirar profundamente e concentrar-se na sua respiração. Quanto mais os tentamos evitar, mais presentes e fortes eles se vão tornando.

·  Divertir-se. Faça uma lista de actividades que lhe criem prazer e satisfação. Tente fazer todos os dias alguma dessas actividades (Por exemplo: ouvir música, ler um livro, contemplar o mar, meditar, fazer uma actividade física). Assim, a mente mantém-se ocupada com coisas positivas.

·  Aceitar que não podemos controlar tudo, nomeadamente os nossos pensamentos; contudo podemos mudar a forma como lidamos e como gerimos essas situações.

·  Procurar apoio profissional para um tratamento adequado.


Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Morre Lentamente - Pablo Neruda



“Morre Lentamente” é um poema de Pablo Neruda, prémio Nobel da Literatura em 1971, que nos remete para a importância de estarmos atentos ao melhor que a vida tem para nos oferecer e de sabermos aproveitá-la da melhor maneira possível. 
Este é um exercício que exige esforço, já que muitas vezes somos empurrados para uma rotina e para uma monotonia em já não encontramos paixão e motivação. 
E é justamente aqui que “começamos a morrer lentamente” e onde no lugar de vivermos passamos somente a existir e a respirar. 
Redescobri o que nos move e nos apaixona, arriscar, sair da nossa zona de conforto, fazer novas aprendizagens, conhecer pessoas novas e fazer coisas diferentes, podem ser formas de despertarmos do marasmo e da apatia em que muitas vezes caímos e de nos voltarmos a sentir vivos e apaixonados pela vida. 

Morre lentamente 
quem se transforma em escravo do hábito, 
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca 
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. 
Morre lentamente 
quem faz da televisão o seu guru. 
Morre lentamente 
quem evita uma paixão, 
quem prefere o negro sobre o branco 
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, 
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, 
sorrisos dos bocejos, 
corações aos tropeços e sentimentos. 
Morre lentamente 
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, 
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, 
quem não se permite pelo menos uma vez na vida, 
fugir dos conselhos sensatos. 
Morre lentamente 
quem não viaja, 
quem não lê, 
quem não ouve música, 
quem não encontra graça em si mesmo. 
Morre lentamente 
quem destrói o seu amor-próprio, 
quem não se deixa ajudar. 
Morre lentamente, 
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte 
ou da chuva incessante. 
Morre lentamente, 
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, 
não pergunta sobre um assunto que desconhece 
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior 
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos 
um estágio esplêndido de felicidade

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Siddhartha - Hermann Hesse

“A tua alma é o mundo inteiro.” 
Este Verão li Siddhartha, de Hermann Hesse. Cativou-me desde da primeira página até ao final, sentindo uma brisa suave e agradável em cada folha que passava. A busca incansável pelo significado da vida, mas também a facilidade com que se abandona aquilo que já não faz crescer e, se contempla um novo caminho quando pouco ou nada se tem a que se agarrar.
Obra escrita pelo vencedor do prémio Nobel de Literatura em 1946, tendo sido a sua primeira publicação em 1922. O livro aborda a procura pela plenitude espiritual, e o alcance de estados em que a mente humana se encontra totalmente completa e plena.  
Uma história de esperança, de luta por conhecer quem somos e o que fazemos neste mundo.
 Aconselho vivamente esta leitura…
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.



terça-feira, 25 de julho de 2017

Reflexões de Verão


Estamos a finais de Julho, o calor aperta e com ele a vontade de relaxar, independentemente de se estar de férias ou não. Uma forma de relaxar pode ser desligar simplesmente de tudo e apreciar o silêncio. Também ajuda a relaxar quando se ouve uma música agradável, ou as ondas do mar enquanto se contempla a força da natureza. Uma aula de yoga no jardim ou um café com um amigo / amiga, são outras actividades que aumentam a sensação de tranquilidade e bem-estar.

Este bom tempo e a apreciação da natureza também pode convidar a reflexões, ora apoiadas por algum livro ou conversa, ou simples divagações soltas. Para quem aprecia esta última forma, acreditamos que algumas frases de Einstein são realmente inspiradoras e nos permitem entrar em contacto com a nossa parte mais introspectiva. 

Um bom passeio de bicicleta!


Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Uma Viagem ao Universo de Van Gogh




Para os apreciadores da arte de Van Gogh ou para aqueles que desejam descobri-la ou conhecê-la melhor, a nossa psicóloga Joana Valério sugere para esta semana uma visita à exposição Van Gogh Alive – The Experience”, que está patente na Cordoaria Nacional até ao dia 31 de Agosto.
A par da genialidade, o mundo interno do pintor caracterizava-se por uma marcada conflitualidade e intensidade. O sofrimento mental em que vivia e que se traduzia na sua impulsividade, oscilações de humor e dificuldade em estabelecer relacionamentos duradouros, acabou por conduzir a vários internamentos psiquiátricos, ao episódio da auto-mutilação do lobo da orelha direita e culminar no seu suicídio, com apenas 37 anos de idade.
Esta exposição constitui-se como uma oportunidade de conhecer a obra de Van Gogh de uma forma completamente inovadora, uma vez que as telas são o teto, as paredes e o chão. Trata-se de uma experiência multisensorial que promove a  proximidade e o envolvimento do visitante com o universo do pintor, através de video, luz, cor e som, proporcionando a exploração da sua vida e obra, assim como o contacto com as suas ideias e os seus estados de espírito.
A exposição explora em particular o período de 1880 a 1890, época em que Van Gogh viveu em Arles, Saint-Rémy e Auvers-sur-Oise e onde criou as suas obras mais icónicas. 

terça-feira, 11 de julho de 2017

Quando o ruído não nos permite ouvir a nossa voz orientadora

Quantas vezes nos apercebemos que em determinadas situações não conseguimos estar em contacto com a nossa voz orientadora... e que apesar de nos apercebemos disso seguimos, meios perdidos, no emaranhado do ruído?

Quantas vezes nos apercebemos que tomámos determinadas decisões, sem termos realmente contactado com a nossa verdadeira voz orientadora / vontade real?
Nunca? Algumas vezes? Muitas vezes?

Provavelmente, quem se apercebeu ter passado por isso, também talvez se tenha apercebido, que quando nos permitimos aguardar por um silêncio, que permita ouvirmos a nossa voz orientadora, a nosso decisão é sentida de forma mais intensa, mais genuína, mais nossa. Quando nos permitimos estar em contacto com essa nossa parte, e conseguimos diminuir o volume do ruído (outras opiniões de outras pessoas, a voz do nosso medo...), seguimos com mais certezas, mesmo que tropecemos no passo seguinte! Mas a sensação de “é isto que quero, é isto que eu preciso, é esta o caminho que me faz sentido agora!”, só surge quando realmente vamos conseguindo colocar o nível do som, adequado. Quando nos conseguimos ouvir!

Em determinadas fases, podemos andar mais focados no trabalho, na concretização de determinados objectivos, e entramos em piloto automático, onde o ruído é ensurdecedor, e simplesmente vamos fazendo, vamos seguindo... É essencial libertarmo-nos do ruído que nos consome e para isso, permitirmo-nos ter o nosso momento de introspecção torna-se uma necessidade.

E para conseguirmos perceber o que é ruído:
- Pensamos mais no que estamos a sentir e no que nos faz sentir feliz ou no que achamos que as pessoas vão pensar? Pensamos mais nos nossos sonhos e no que eu quero atingir ou no que achamos que os outros esperam de nós?

O primeiro passo é conseguirmos identificar a nossa voz, a nossa vontade e o ruído. Para de seguida, conseguirmos cada vez mais ir ajustastando esse volume... e definirmos a melodia que queremos para nossa companheira de viagem!



Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Como desligar do stress durante as férias


O Verão é para muitos sinónimo das tão desejadas férias, período de lazer e descanso, sonhado ao longo do ano e que se constituí como uma necessidade orgânica para parar da correria desenfreada do dia-a-dia.
Pessoas que passam anos sem tirar férias, correm o risco de atingir um  desgaste físico e psicológico de tal ordem elevado, que acabam por desenvolver quadros de burnout, caracterizados por sintomas de depressão, dores de cabeça, alterações do sono, dificuldades de atenção, concentração e raciocínio. 
Parar para o devido descanso é não só um direito merecido mas também uma condição essencial para a nossa saúde mental que não devemos descurar. No entanto, muitos são aqueles que mesmo de férias, não conseguem tirar o devido proveito porque simplesmente não conseguem desligar da rotina e do stress. Para isso, importa desde logo planear as férias, reservando um período mínimo de duas a três semanas de pausa, que permita dar ao organismo o tempo necessário para se adaptar a uma mudança no ritmo e desacelerar, usufruindo do descanso devido.
Resolver antecipadamente problemas pendentes de ordem prática, como contas por pagar, e não alimentar preocupações com o trabalho são fatores essenciais para se conseguir relaxar. Continuar a atender telefonemas e a responder a e-mails de trabalho representa uma sobrecarga que pode traduzir-se em alterações de humor, irritabilidade, dores de cabeça constantes ou mal-estar, sendo preferível o aviso de ausência no email. Outro aspeto importante,  é procurar sair da rotina do dia-a-dia e introduzir o factor novidade, tal como ir para outro lugar ou fazer uma atividade diferente. Uma mudança de contexto facilita também uma mudança das respostas habituais, eliminado o stress e promovendo o bem estar.
Quando paramos e desligamos o piloto automático das obrigações diárias, mais facilmente podemos entrar em contacto com o nosso eu interior e assim fazer balanços, redefinir prioridades, sem perder o nosso rumo e sentido de vida. É neste espaço e tempo que se abre para nós, que podemos avaliar com mais clareza e perspetiva o ponto em que nos situamos na vida e entrar em contacto com novas ideias e formas de concretizá-las que nos podem trazer realização pessoal e satisfação. O cérebro mais descansado é mais criativo, produtivo e promotor de um maior bem estar. Dedicar momentos das férias a atividades prazerosas com as pessoas de quem gostamos é também fundamental, assim como não descurar a nossa saúde, nomeadamente ter horas de sono suficientes, fazer uma alimentação equilibrada e manter atividade física para aliviar tensões.

A Claramente deseja a todos umas férias plenamente descansadas!

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe

Neste post antigo (https://claramente-psi.blogspot.pt/2016/05/envelhecimento-activo-e-humanitude.html), falei de envelhecimento activo e no conceito de Humanitude. Nesse artigo, utilizei um pequeno excerto de um livro que adorei ler e que facilmente me tocou e comoveu.

Hoje trago esse mesmo livro como sugestão de leitura - A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe.

A reedição deste romance, em Setembro do ano passado, abriu as celebrações dos 20 anos de carreira literária do escritor. Essa reedição conta com um prefácio do músico Caetano Veloso, no qual afirma: "Impacta-me que, exactamente quando da minha entrada na velhice, me chegue às mãos o trabalho de um jovem em que a contemplação do inexorável avanço da idade é a motivação de um exercício exuberante de escrita, onde a força da memória vocabular e emocional (força que define um verdadeiro escritor) surge luminosamente".


A máquina de fazer espanhóis valeu a Valter Hugo Mãe o Grande Prémio PT de Literatura - actual Grande Prémio Oceanos de Literatura.

“A Laura morreu, pegaram em mim e puseram-me no lar com dois sacos de roupa e um álbum de fotografias. Foi o que fizeram. Depois, nessa mesma tarde, levaram o álbum porque achavam que ia servir apenas para que eu cultivasse a dor de perder a minha mulher. Depois, ainda nessa mesma tarde, trouxeram uma imagem da nossa senhora de Fátima e disseram que, com o tempo, eu haveria de ganhar um credo religioso, aprenderia a rezar e salvaria assim a minha alma. E um médico respondeu, a verdade é que ficam mais calmos. Achei que era esperado de mim um desespero motor. Digo motor para dizer de acção. Algo como partir coisas, revirar os móveis, agredir fisicamente os funcionários, os enfermeiros que me poderiam prender. O quarto pequeno é todo ele uma cela, a janela não abre e, se o vidro se partir, as grades de ferro antigas seguram as pessoas do lado de dentro do edifício. Pus-me a olhar para o chão, com ar de entregue. Estou entregue, pensei. Aos meus pés os dois sacos de roupa e uma enfermeira dizendo coisas simples, convencida de que a idade mental de um idoso é, de facto, igual à de uma criança. O choque de ser assim tratado é tremendo e, numa primeira fase, fica-se sem reacção. Se aquela enfermeira pudesse acabar com aquele sorriso, ao menos acabar com aquele sorriso, seria mais fácil para mim entender que os meus sentimentos valiam algo e que sofrer pela Laura não vinha de uma lonjura alienígena, não era uma estupidez e, menos ainda, vinha de um crime pela clausura e tudo. E ela sorria e eu poderia desejar-lhe, com tanto desprezo, o pior mal do mundo. Que lhe arrancassem os braços e as pernas, pensava eu, tirem-lhe os olhos e façam-na perder a voz e chamem-lhe cabra porque é o que ela merece. Senhor Silva, com esta mantinha vai ficar quentinho à noite, ainda aqui vai ter muitos sonhos bonitos, vai ver.”

E fica aqui a sugestão!
Boa leitura.

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Casa Arrumada - Homenagem a Carlos Drummond de Andrade

Este ano Portugal é a Capital Ibero-Americana da Cultura e para homenagear um dos grandes poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade, a nossa psicóloga Joana Valério traz-nos um dos seus poemas intitulado Casa Arrumada. Neste poema Drumoond enfatiza a importância de aproveitarmos a nossa casa para usufruirmos de todas as vivências que nos enriquecem como seres humanos e de nunca nos privarmos dessa possibilidade em prol da manutenção da ordem e da arrumação. Ele relembra que a nossa alegria não reside naquilo que permanece estático mas é gerada pelo convívio, pela agitação das pessoas. Onde há vida, onde há alegria, há perturbação da ordem, há vibração, movimento de pessoas e coisas fora do lugar.
...
"Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando,
ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha"...


https://www.youtube.com/watch?v=Alp0sOWvirQ

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Dilemas? Uma oportunidade para avançar!

Muitas vezes, ao longo da nossa vida nos deparamos com dilemas. Uns mais complicados e que criam um maior mal-estar, outros menos intensos. Contudo, os dilemas criam por norma algum desconforto por termos que decidir pelo menos por duas opções contraditórias, mas que por diversos motivos, não nos é fácil avançar nessa escolha.

Por vezes podemos ficar num mal-estar por um período longo. No entanto, muitas vezes esses dilemas podem estar associados à incapacidade ou dificuldade de largar algo a que estávamos habituados e que nos é difícil imaginar sem isso, para podemos abrir um novo capítulo e agarrar algo novo e diferente, mas que nos pode fazer sentido num determinado momento.

Falando de uma forma mais concreta, alguns exemplos:
- “Eu sempre estudei desta forma, mas agora na faculdade isto não está a funcionar... mas se sempre funcionou, vai ter que continuar a funcionar assim... ou será que tenho que aprender uma nova forma de estudar?”
- “Eu sempre idealizei ter este trabalho, mas agora que aqui estou não me sinto satisfeita nem realizada... Será que procuro algum outro trabalho? Ou hei-de insistir neste?”
- “Sempre disse que não acreditava em relações à distância e que nunca me iria colocar numa situação dessas, mas a minha esposa tem um trabalho tão bom cá e eu tive uma proposta óptima num outro país... Talvez pudéssemos tentar experimentar...?”

Muitas vezes estamos nas nossas rotinas diárias, na nossa vida do dia-a-dia e tudo está bem, até que surge algo que nos cria um desequilíbrio e dúvidas – nos exemplos aqui em cima: o estudo não funciona como antes, não me sinto satisfeita no trabalho, tive uma proposta de trabalho. Com certeza que todos nós, perante situações destas já tentámos
fingir (nem que por breves instantes) que a situação nova não estava a acontecer na realidade, porque sim, seria tudo mais fácil que as coisas se mantivessem iguais. Mas a partir desse momento já não há retorno, e uma decisão necessitará de ser tomada. E até mesmo uma não decisão acaba por ser uma decisão... Porque o não avançar com uma resposta, muitas vezes faz com que a situação antiga se mantenha (por exemplo o não aceitar a proposta de trabalho no estrangeiro), e sim, é uma decisão totalmente válida.

Muitas vezes quando a situação que nos cria desequilíbrio, ficamos assustados e agarramo-nos ainda com mais força ao que já conhecemos. E podemos demorar algum tempo aí. Cada pessoa necessitará do seu tempo para elaborar o dilema e colocar a hipótese de contrariar o que pensava que queria, os seus objectivos iniciais, os seus gostos antigos, e colocar verdadeiramente a hipótese de avançar para algo novo e desconhecido. Naturalmente, o desconhecido pode tornar-se assustador para algumas pessoas, no entanto se for essa a decisão que se toma, será com certeza uma oportunidade de se avançar e evoluir, com novas aprendizagens.



Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.