Os conceitos de simpatia e
empatia, apesar de muito utilizados, continuam a ser objeto de confusão e nem
sempre são empregues da forma mais adequada.
Podemos entender a simpatia como
um sentimento de afinidade com determinada pessoa, que leva o indivíduo a
estabelecer uma harmonia no encontro com ela. Simpatizamos com amigos e com as
pessoas com quem partilhamos afinidades, interesses e valores e nas quais
reconhecemos alguma compatibilidade e complementaridade com o nosso
funcionamento.
Por seu lado, a empatia implica a
capacidade de nos posicionarmos no lugar do outro para compreendermos a sua
realidade interna, independentemente da pessoa em questão, de estarmos ou
não de acordo com ela ou de simpatizarmos ou não com ela. A empatia
genuína está ao serviço da comunhão emocional, da aceitação e do respeito pelo
outro e pela sua realidade, o que implica uma atitude de não julgamento e de
despojamento de preconceitos.
Demonstrar simpatia por alguém,
isto é, gentiliza e amabilidade, sendo-se amistoso, agradável e educado, não
implica necessariamente que também se seja empático. Muitas vezes, a simpatia
pode até esconder uma empatia diminuta, nos casos em que a simpatia é utilizada
para agradar e estimular no outro sentimentos positivos em relação a nós, com o
intuito de se obter algum tipo de aprovação e valorização narcísica.
Quando somos empáticos, posicionamo-nos
no lugar do outro para nos sentirmos em sintonia com as suas emoções e
acedermos à compreensão do seu funcionamento. Este movimento empático implica
olhar o outro com isenção, isto é, um olhar despojado dos próprios valores e
preconceitos, reconhecendo e aceitando que há diferentes maneiras de operar.
A boa capacidade empática pode ser
entendida como a capacidade de entender o outro tendo como enquadramento a
realidade deste e nunca utilizando como referência a nossa experiência subjetiva.
Quando colocamos os próprios sentimentos no outro, acabamos por incorrer numa
confusão entre o eu e o outro. Exemplo disso, é o caso da pessoa que fica muito
aflita ao percecionar o sofrimento de um animal que está com frio, ou que lhe
prepara uma festa de anos como se isso tivesse significado para ele, na medida em que já o vê na perspetiva de um
humano e não enquanto um animal. Neste tipo de situações, em que a pessoa
transporta para o outro a sua realidade, fica dificultada a possibilidade de
conhecer e entender o outro tal como ele é, na sua alteridade e singularidade. As
dificuldades de comunicação nas relações interpessoais, traduzem muitas vezes lacunas na empatia que não permitem a uma das partes colocar-se no lugar da outra, impondo ao invés a sua maneira de
ser e estar na vida.
Na psicoterapia, o movimento
empático é fundamental para se entrar em sintonia com o sofrimento do paciente
mas importa não se tomar essas dores ou se ficar colado a elas, já que tal diminui
a capacidade de ajuda. Depois de se ter captado essa informação, importa ao
psicoterapeuta fazer o movimento de retorno à sua posição e a partir do seu ângulo
poder devolver um sentido ao que está a ser manifestado, de uma forma mais
clara, nítida e ajustada à pessoa em questão.
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