domingo, 22 de julho de 2018

Como desligar do stress durante as férias




O Verão é para muitos sinónimo das tão desejadas férias, período de lazer e descanso, sonhado ao longo do ano e que se constituí como uma necessidade orgânica para parar da correria desenfreada do dia-a-dia.
Pessoas que passam anos sem tirar férias, correm o risco de atingir um  desgaste físico e psicológico de tal ordem elevado, que acabam por desenvolver quadros de burnout, caracterizados por sintomas de depressão, dores de cabeça, alterações do sono, dificuldades de atenção, concentração e raciocínio. 
Parar para o devido descanso é não só um direito merecido mas também uma condição essencial para a nossa saúde mental que não devemos descurar. No entanto, muitos são aqueles que mesmo de férias, não conseguem tirar o devido proveito porque simplesmente não conseguem desligar da rotina e do stress. Para isso, importa desde logo planear as férias, reservando um período mínimo de duas a três semanas de pausa, que permita dar ao organismo o tempo necessário para se adaptar a uma mudança no ritmo e desacelerar, usufruindo do descanso devido.
Resolver antecipadamente problemas pendentes de ordem prática, como contas por pagar, e não alimentar preocupações com o trabalho são fatores essenciais para se conseguir relaxar. Continuar a atender telefonemas e a responder a e-mails de trabalho representa uma sobrecarga que pode traduzir-se em alterações de humor, irritabilidade, dores de cabeça constantes ou mal-estar, sendo preferível o aviso de ausência no email. Outro aspeto importante,  é procurar sair da rotina do dia-a-dia e introduzir o factor novidade, tal como ir para outro lugar ou fazer uma atividade diferente. Uma mudança de contexto facilita também uma mudança das respostas habituais, eliminado o stress e promovendo o bem estar.
Quando paramos e desligamos o piloto automático das obrigações diárias, mais facilmente podemos entrar em contacto com o nosso eu interior e assim fazer balanços, redefinir prioridades, sem perder o nosso rumo e sentido de vida. É neste espaço e tempo que se abre para nós, que podemos avaliar com mais clareza e perspetiva o ponto em que nos situamos na vida e entrar em contacto com novas ideias e formas de concretizá-las que nos podem trazer realização pessoal e satisfação. O cérebro mais descansado é mais criativo, produtivo e promotor de um maior bem estar. Dedicar momentos das férias a atividades prazerosas com as pessoas de quem gostamos é também fundamental, assim como não descurar a nossa saúde, nomeadamente ter horas de sono suficientes, fazer uma alimentação saudável e manter atividade física para aliviar tensões.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Do cansaço ao Burnout

Cada vez se fala mais de burnout. Burnout não é uma depressão, não é uma desmotivação, não é apenas ansiedade...

O que é afinal o burnout?

burnout é um estado de exaustão física, emocional e mental, causado pelo envolvimento duradouro em situações de grande exigência emocional no local de trabalho. Estas exigências são geralmente causadas pelas expectativas elevadas, juntamente com o stress situacional crónico. Instala-se a partir do stress no trabalho, quando o indivíduo se confronta com o desfasamento entre as expectativas e as motivações pessoais e profissionais, e os recursos que o trabalho disponibiliza para as satisfazer. Afecta geralmente os profissionais que trabalham em contacto directo com pessoas, sendo predominante nos profissionais de saúde. Um dos factores de desgaste físico e psicológico que afecta directamente a Qualidade de Vida dos trabalhadores na área da saúde é o acumular de dois ou mais vínculos profissionais.

burnout caracteriza-se por:

(1) Exaustão emocional - a pessoa sente essa exaustão, física e psíquica, sob a forma de uma fadiga no trabalho, de uma sensação de vazio e de uma dificuldade em lidar com as emoções do outro, de tal forma que o trabalhar com algumas pessoas se torna cada vez mais difícil. Esta fadiga emocional pouco ou nada melhora com o repouso. Podem observar-se explosões emocionais como crises de fúria, mas também dificuldades de concentração, marcadas por esquecimentos;

(2) A desumanização da relação com o outro - é uma consequência directa da exaustão, dado que quando as emoções se tornam muito intensas e criam desconforto, tenta-se colocá-las de parte. É marcado por um desligamento emocional que se assemelha a cinismo. O trabalhador em burnout faz um uso abusivo e constante do humor irónico e negro, que se torna o seu modo de diálogo diário;

(3) O sentimento de insucesso profissional é consequência dos dois planos anteriores, esta diminuição da realização pessoal é vivida dolorosamente. Pode expressar-se em sequência da sensação de não se ser eficaz, de já não se fazer um bom trabalho e de se estar frustrado relativamente ao sentido que antes se dava à profissão. Surge então a culpabilidade, a desmotivação, a auto-desvalorização.

Inúmeros trabalhos expressam o burnout como um importante problema individual, organizacional, com impacto negativo ao nível da saúde (ex.: ansiedade e depressão) e do desempenho profissional (ex.: absentismo com ou sem justificação e projectos em mudar de profissão).

O primeiro passo para prevenir ou tratar o burnout passa por estar atento aos sinais de alerta e procurar ajuda de um especialista.

Esteja atento, pela sua saúde!

Texto integral emhttp://hdl.handle.net/10451/20658

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

domingo, 8 de julho de 2018

“Jim Carrey: I Needed Color” – Como a arte ajudou Jim Carrey a superar a depressão



No mini-documentário de 6 minutos, Jim Carrey: I needed color, o ator fala sobre depressão e arte e conta como a pintura o ajudou a superar a doença, afirmando que “eu não sei o que a pintura me ensina, mas sei que me liberta. Liiberta-me do futuro, liberta-me do passado, liberta -me do arrependimento, liberta-me da preocupação.
O vídeo, que já  conseguiu atingir 6 milhões de telespectadores, é carregado de sensibilidade e mostra um Jim Carrey reveladoramente humano que, há cerca de seis anos, sentiu a necessidade de se expressar pela arte, quando procurava “curar um coração partido” e mergulhar nos seus sentimentos sem se afogar nas mágoas.
Ficamos a conhecer outra face do artista que fez carreira a provocar o riso enquanto lutava contra os demónios interiores de uma depressão.
Neste mini-documentário o ator revela a inspiração dos tempos de infância, de pobreza, isolado no seu quarto, a ler poesia e outras razões que o ajudam a compor as suas criações.
A depressão, que atualmente atinge mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), é assim contornada por meio dos pincéis e das cores pelo astro do cinema.
A arte é reconhecida como um meio terapêutico, uma via importante para externalizar as emoções, compreende-las e superá-las.




quarta-feira, 20 de junho de 2018

Saber dizer não na relação conjugal





Na vida de um casal, nem sempre tudo é um mar de rosas e conservar o equilíbrio emocional implica antes de tudo saber comunicar com o parceiro.
Quantos casais vivem juntos há dezenas de anos sem comunicarem verdadeiramente? Isto é, sem partilharem as suas preferências, vontades, desejos, bem como os seus desagrados e necessidades? A dificuldade em dizer não, está muitas vezes na origem dos problemas de relacionamento e poderá estar associada ao medo em desagradar o parceiro e deixar de ser amado, magoá-lo, provocar conflitos, sofrer represálias, rupturas e transgredir (na medida em que existe a convicção que o próprio não tem direito a ter desejos pessoais).
Com medo de desagradar o parceiro, estas pessoas acabam por anular as suas próprias necessidades e preferências e por passar a viver ao serviço do desejo do outro, o que no dia-a-dia, poderá traduzir-se por este ou aquele restaurante, filme, comportamento ou carícia. Sem haver plena consciência da anulação que é feita da própria identidade, estes pequenos gestos são desvalorizados e devidamente racionalizados: “não vale a pena estar a aborrecê-lo com isso”; “isso também é irrelevante”; “eu é que me sinto assim sem razão, o problema é meu”.
Na realidade, cada emoção não partilhada aumenta o distanciamento entre o casal e poderá levar à separação, se não for fisicamente, pelo menos afetivamente. Os outros têm a necessidade de nos conhecer verdadeiramente para nos amarem e respeitarem mas tal não é possível se a imagem transmitida não for a real. Dizer não é posicionar-se em face dos outros como diferente, existir como sujeito com desejos e necessidades próprias e não como objeto que funciona como prolongamento do desejo do outro.
Inevitavelmente, esta submissão constante ao outro, acaba por dar lugar a ressentimentos, que embora possam ser reprimidos, acabam por minar a relação. Se por um lado, a pessoa nunca se opõe nem comunica as suas necessidades, por outro também poderá esperar, secretamente, que o parceiro, como que por magia ou telepaticamente, descubra quais são e as satisfaça.  A personificação deste papel de mártir ao serviço dos outros, também poderá trazer benefícios secundários relacionados com uma pressuposta auto-valorização e superioridade moral, que leva à manutenção do mesmo.
A verdade é que muitas destas pessoas, ao longo do seu desenvolvimento, nunca sentiram legitimidade para desejar e aprenderam a calar os seus desejos e a escondê-los, não só dos outros, mas também delas próprias. Como tal, têm dificuldade em dizer não, porque também não sabem verdadeiramente o que querem, o que precisam ou o que poderiam propor em alternativa. O ficar por conta própria e  tomar as rédeas da vida, poderá dar lugar a sentimentos de desamparo e solidão porque até então sempre foi o desejo do outro, o farol condutor.
Para redescobrir as próprias necessidades é importante escutar e respeitar as emoções, porque são elas que informam das necessidades, nomeadamente daquelas que foram frustradas, para que então depois possam ser comunicadas ao parceiro. Desta forma, não só é possível zelar pela preservação da  integridade pessoal como também promover uma comunicação mais verdadeira e honesta com o parceiro, o que contribui para uma maior proximidade afetiva e segurança na relação a dois. 

Este artigo está publicado na Psychology Now-Revista Psicologia na Actualidade, na edição n.º42 de Julho-Agosto-Setembro de 2018 




terça-feira, 19 de junho de 2018

A Antecipação e a dopamina

“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.” (em “O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry)

Já a raposa dizia ao Principezinho, que uma hora antes do grande momento, do seu encontro (que lhe iria fazer feliz), ela estaria muito feliz. O que nos leva para uma ideia de uma preparação psicológica, ou de uma expectativa positiva antecipatória de um bom momento que vai chegar em breve.

Podemos efectivamente pensar em várias situações em que isso acontece: vemos o trailer de um filme e ficamos empolgados até vermos a sua estreia; acordamos muito bem-dispostos porque sabemos que logo mais à noite vamos ter um jantar entre grandes amigos; passamos uma semana com uma boa sensação porque antecipamos a viagem de férias... Ou seja, situações que imaginamos serem boas, dão-nos uma boa sensação quando estão a chegar.

Alguns estudos indicam que imaginar uma situação do futuro, activa partes do cérebro ligadas à felicidade. E isso acontece, provavelmente porque sabemos que o futuro é incerto e com esse pensamento agradável, de boas perspectivas, sentimo-nos confortáveis, mais seguros e confiantes.
As esperas de situações agradáveis dão-nos prazer. A expectativa de que vai acontecer algo que desejamos gera no nosso organismo um prazer antecipado. Dias, semanas ou meses antes de o evento acontecer já estamos a imaginar com satisfação o dia a chegar e já nos conseguimos sentir satisfeitos. Esperar por uma festa que ansiamos, pelas férias desejadas ou pelo filme tão esperado é possuir expectativas agradáveis quanto a um evento futuro. Quando se espera esse momento, tendemos a ter afectos positivos. Este estado corporal é sentido com entusiasmo, esperança, excitação, alegria, felicidade e bem-estar. Por outro lado, quando temos expectativas desfavoráveis (doença grave de algum amigo, situação difícil de exame), temos sentimentos negativos: ansiedade, desespero, sofrimento com pensamentos mais negativos.

Existem cerca de 100 biliões de neurónios no cérebro humano, e estas células comunicam entre si através de substâncias químicas do cérebro chamadas neurotransmissores. A dopamina é o neurotransmissor responsável pela motivação, impulso e foco, permite-nos planear com antecedência e resistir aos impulsos, para que possamos alcançar os nossos objectivos. É ela que dá aquela sensação boa quando dizemos “Eu consegui fazer isto! Eu fui capaz!”, quando realizamos a tarefa que nos propusemos a fazer. Faz-nos ser competitivos e é responsável pelo nosso sistema de prazer e recompensa. Ela permite-nos ter sentimentos de prazer, felicidade e de euforia. Pelo lado oposto, pouca dopamina dificulta-nos a ter um foco, faz-nos sentir desmotivados, apáticos e até mesmo deprimidos.

Assim, ao esperarmos por um momento agradável ou ao nos prepararmos para uma festa desejada, o nosso organismo produz e liberta dopamina e noradrenalina para que possamos agir e fazer algumas actividades de preparação, e nos adaptarmos para esse momento.

A libertação da dopamina e noradrenalina acontecerá muito tempo antes do grande momento se realizar. Tempo antes do evento imaginamos, comentamos, sonhamos e nos preparamos para o dia. Vários estudos demonstram que o nível de dopamina é mais elevado no momento da antecipação desse evento agradável, do que até mesmo no momento tão desejado e esperado.

Por isso, quando sabemos que vamos ter algo agradável e desejado, que tal experienciar ao máximo esse momento da antecipação? Como o podemos maximizar? E após a situação tão esperada, como podemos prolongar ao máximo e ficar com aquela boa sensação...?

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Documentário "Olhar de Nise" - A revolucionária da Psiquiatria que trocou os choques eléctricos pela arte-terapia





Olhar de Nise, é um documentário que mostra passagens da última entrevista a Nise da Silveira (1905-1999)uma das primeiras mulheres a formar-se em Medicina no Brasil e que revolucionou os tratamentos psiquiátricos ao utilizar a Terapia pela Arte, em vez de métodos invasivos e agressivos como os choques elétricos ou a lobotomia, muito em voga na altura.
Nise agitou os meios culturais e artísticos no Brasil com a criação do Atelier de Pintura e Modelagem, no Serviço de Terapia Ocupacional do Hospital Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, pequena localidade do Rio de Janeiro. 
As obras deixadas pelos seus pacientes são um sucesso em exposições por todo o mundo e constituem o acervo do Museu das Imagens do Inconsciente, que criou em 1952, e que contempla mais de 350 mil pinturas e esculturas. 
O documentário conta com testemunhos de amigos, dos auxiliares, dos intelectuais que conviveram com ela e também de ex-pacientes, para além do artista plástico Almir Mavignier, que trabalhou em conjunto com a psiquiatra na criação do Ateliê.
Eles revelam de que forma foram  descobertos no Hospital diversos artistas com talento, como Fernando Diniz, Adelina Gomes, Emygdio de Barros e Raphael, comparados a grandes nomes da pintura universal.
O documentário conta com fortes momentos dramáticos e emocionantes que reproduzem as agruras do ambiente psiquiátrico onde a médica atuou durante mais de 50 anos, sempre determinada a torná-lo mais humano e respeitoso para os pacientes. 
O documentário participou em festivais nacionais e internacionais e recebeu ovações e prémios em vários deles.

terça-feira, 5 de junho de 2018

A arte de sobreviver a ambientes tóxicos

O ser humano, é um ser fantástico! Tem uma enorme capacidade de adaptação, no entanto essa adaptação pode criar dificuldades de se avançar em determinados momentos da vida.

Uma criança nasce e entra em contacto com o Mundo através dos seus cuidadores, esses são os modelos e através destes a criança vai aprendendo e desenvolvendo-se. À medida que este desenvolvimento vai acontecendo, a criança / adolescente / jovem / adulto, vai-se apercebendo que o modelo parental (ou de outros cuidadores) pode não ter sido efectivamente o mais saudável e vai acabando por desenvolver estratégias para se adaptar ao meio onde está inserido.

O conceito de sobrevivente  não tem que ser utilizado apenas para as situações de guerras ou de grandes traumas, uma criança que vive num meio onde existe negligência ou algum tipo de abuso (violência física, violência verbal...), não sabendo o que fazer, pode desenvolver várias estratégias para "sobreviver", com o objectivo de se cuidar e se equilibrar. Se pensarmos numa criança de 10 anos que não tem afecto, porque os pais são emocionalmente ausentes, esta criança vai naturalmente tentar proteger-se e apesar de se sentir sozinha e indefesa irá desenvolver formas para superar a dor / tristeza / revolta. Contudo, uma criança de 10 anos desenvolve as estratégias que é capaz nessa idade. Contudo o que vai acontencendo a essa estratégia à medida que vai crescendo?

Um adulto "sobrevivente" a experiências de vida emocionalmente duras, tende a ir evoluindo as estratégias que foi criando em criança, tende a adaptá-las... contudo, muitas vezes fica preso a estas, mesmo quando o contexto é diferente. Muitas vezes este adulto, pode activar as estratégias de defesa (protecção) quando sentir que existe algo idêntico às situações "difíceis" que viveu. O medo do abandono, o medo da indiferença, o medo da crítica são receios muito comuns em adultos que de alguma forma sentiram que viveram uma infância marcada por falta de afecto e atenção, ou até mesmo negligência e abuso.

Muitas vezes estes adultos conseguem ser perfeitamente funcionais e terem uma vida totalmente equilibrada, contudo nas relações mais intimas, de relacionamentos mais próximos, podem surgir as estratégias que se habituaram a usar naquele determinado contexto mais adverso... e é essencial, a consciência que o contexto sendo totalmente diferente, necessita de estratégias também elas totalmente renovadas. Não fará muito sentido (racionalmente falando), que uma pessoa não partilhe a responsabilidade de algo importante com o seu/sua companheiro/a, porque tem dificuldade em confiar, sendo que a estratégia que utilizou durante muito tempo foi simplesmente contar consigo próprio...

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico


domingo, 27 de maio de 2018

Que Brinquedo oferecer ao meu Filho?



Escolher o brinquedo mais adequado para cada fase do desenvolvimento da criança é fundamental para estimular a sua curiosidade e as suas habilidades motoras e intelectuais, contribuindo para o seu crescimento.
O brinquedo ideal é aquele que representa um desafio para a criança que o recebe e que se encontra um pouco à frente do seu grau maturativo, sem no entanto ser demasiado avançado ao ponto de a poder desmotivar.  
A tabela seguinte dá a conhecer as aquisições e as aprendizagens inerentes a cada etapa do desenvolvimento infantil e os brinquedos mais indicados para cada faixa etária que contribuem para o desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social da criança.


DO NASCIMENTO AOS 2 ANOS

DOS 3 AOS 5 ANOS


DOS 6 AOS 8 ANOS

DOS 9 AOS 12 ANOS



Os brinquedos devem promover a estimulação dos sentidos, permitindo a experimentação por meio do tato, da audição, do olhar, do paladar ou do olfato. Os mobilies coloridos, colocados por exemplo sob o berço, estimulem  os sentidos através das suas formas, texturas e  sons.
Os brinquedos devem ser macios, coloridos, com diferentes texturas e produzir algum som, sem ser em exagero. Não devem ter peças pequenas e perigosas que se possam soltar e ser engolidas ou aspiradas, nem bordas afiadas que possam magoar.


Os brinquedos devem estimular o conhecimento, o raciocínio, a memória, a coordenação motora e também a imaginação.  As brincadeiras de faz de conta ajudam a simular a vida familiar e social das crianças, a representação de vários papeis, a encenação de conflitos e a elaboração dos mesmos
Podem ser inseridos jogos com regras fáceis, que permitam trabalhar o raciocínio e as emoções, e em que através do perder e do ganhar a criança possa começar a trabalhar a resistência à frustração.
Os brinquedos que estimulem brincadeiras ao ar livre e em grupo são igualmente importantes ao nível da socialização.


São indicados jogos de regras mais complexas e brinquedos que estimulem o espírito inventivo, a imaginação, o raciocínio lógico e conceitos matemáticos. As crianças devem ser estimuladas a ler e a realizarem atividades que envolvam habilidades físicas e que promovam a convivência em grupo e a aprendizagem social.

As crianças e pré-adolescentes começam a desenvolver habilidade específicas e a definir os seus gostos e os seus interesses, pelo que é conveniente indagar sobre isso. No entanto, importa continuar a estimular a sua capacidade de raciocínio e a sua criatividade.

Brinquedos Indicados

* mobilies coloridos
* brinquedos de berço
* chocalhos
* mordedores (aliviam o desconforto do nascimento dos dentes)
* chaves coloridas, rocas e  bolas com guizos
* brinquedos de borracha para apertar
 * brinquedos flutuantes, eletrónicos, de empilhar, blocos para encaixar e alinhar  que incentivam o sentar e o gatinhar
* bonecos e carrinhos 
* livros apelativos com imagens coloridas
* brinquedos que emitam som quando se pressiona um botão (relação de causa-efeito)

Brinquedos Indicados

* bonecas, casinhas, carrinhos
* animais de plástico (domésticos ou selvagens)
* cozinhas, quintas, meios de transporte
* conjuntos de pintura
* instrumentos musicais
* triciclos
* puzzles
* plasticina
* quadro negro com giz.
* jogos didáticos
* livros de contos infantis
* livros de atividades.
* legos e construções


Brinquedos Indicados

* jogos de tabuleiro
* jogos eletrónicos
* quebra-cabeças
* argila para moldar
* puzzles
* legos
* construções
* bicicletas
* bolas
* artigos de desporto
* conjuntos de pinturas      
* livros de contos infantis
* livros de atividades

Brinquedos Indicados

* livros
* instrumentos musicais
* jogos de mágica
* kits de química
* jogos eletrónicos
* música
* jogos de tabuleiro
* jogos de mesa
* artigos desportivos
.

Antes de comprarem um brinquedo para as crianças é importante os pais refletirem sobre as seguintes questões.
1 – O brinquedo incentiva o desenvolvimento de habilidades físicas ou intelectuais no meu filho?
2 - O brinquedo/jogo é adequado para uma interação com outras crianças ou jovens?
3 – O brinquedo permite-me brincar/jogar com os meus filhos?
4 - O retorno é proporcional ao investimento?
5 - O brinquedo é oferecido para promover o desenvolvimento dos meus filhos ou como uma forma de compensar a minha ausência?

Mais importante que os brinquedos em si são as próprias brincadeiras que podem ser feitas com poucos recursos, o essencial é usar a imaginação e meios que possibilitem a exploração de diferentes linguagens como a musical, corporal, gestual, escrita.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Quase Normal

Da Broadway para Lisboa, Quase Normal é a mais recente produção da Artfeist

Cantado em português, retratada o quotidiano de uma família que vive o problema de uma mãe bipolar.  À primeira vista, é uma família normal. Diana (Lúcia Moniz), a mãe, espera Gabe (Valter Mira), filho que já chega de madrugada. Dan (Henrique Feist), o pai, das escadas pergunta o que se passa. Afinal são 3h da manhã. A música que se começa a cantar indica que é apenas mais um dia na vida daquela família. Aparece a filha, que parece querer sair daquela “normalidade”. Natalie (Mariana Pacheco), a filha, prepara o recital. É nos ensaios que conhece Henry (André Lourenço). Parecem também ser diferentes, mas acabam por começar a namorar. A mãe vê pela janela o primeiro beijo. Mas algo volta a aparentar não estar bem, quando Diana deita para o lixo comprimidos. Parece estar com uma depressão.Também para o pai, parece estar tudo bem. Assim o canta. A sua mulher não lhe telefona constantemente e parece estar animada. Até o namorado da filha vai jantar lá a casa. Mas as aparências iludem. Afinal a mãe não está bem e não esqueceu o filho que morreu há 16 anos com oito meses.

Quase Normal é uma adaptação do musical rock "Next to Normal" escrito por Brian Yorkey e com música de Tom Kitt, estreou Off Broadway em 2008 e venceu o prémio dos Outer Critics’ Circle Award para Best Score (Melhor Partitura) e duas nomeações para os Drama Desk Awards nas categorias de Melhor Actriz e Melhor Partitura. Em 2009 chega à Broadway.

Uma mãe bipolar. Uma filha metida nas drogas. Não é fácil levar temas destes para musicais. Quase Normal fá-lo. Não é ligeiro, nem cai na monotonia em que muitas vezes se aborda estas temáticas. A perda de um filho pode deixar marcas para toda a vida. No caso de Diana chegou ao transtorno bipolar. É uma vida que já não vive, uma carreira de arquitecta que deixou para trás, irritações constantes, mudanças de humor, um filho morto que viu crescer e uma filha que nunca abraçou. A sua doença leva a que Natalie procure ajuda nas drogas. Um tema delicado que nunca é abordado de forma negligente. Um bom exemplo para iniciar uma discussão sobre estes assuntos.

https://espalhafactos.com/2016/10/30/quase-normal/


Quase Normal é a historia de uma família que pretende levar uma vida normal, e enfrenta a adversidade, passando por uma numerosa gama de emoções que afectam o público com intensidade, diverte com seu humor e o deixa, renovado e comovido pelas semelhanças que encontra entre o que ocorre em cena e o que passa no interior de suas próprias vidas.

Recomenda-se este musical que se encontra em cena no Teatro Trindade, em Lisboa, até dia 3 de Junho.

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

domingo, 13 de maio de 2018

Eu tinha um cão preto, o seu nome era depressão





A OMS (Organização Mundial da Saúde), em parceria com o escritor e ilustrador Matthew Johnstone, produziu uma animação que mostra de forma simples e direta o que é a depressão e, o mais importante, como é possível lidar com ela.
A figura de um cão preto foi usada pelo escritor inglês Samuel Johnson, em 1780, para descrever sua própria depressão e popularizada pelo primeiro-ministro britânico Sir Winston Churchill, que também enfrentou o problema.
Usando a metáfora do “grande cão preto” o vídeo explica alguns dos sintomas e como a depressão prejudica a vida de uma pessoa, numa abordagem sensível, delicada, às vezes poética e extremamente didática.
 O diálogo, a aceitação, o tratamento e até mesmo o exercício físico são grandes aliados na missão de transformar "o cão assustador" num "cão domesticado", por mais impossível que isso, às vezes, possa parecer.
O projeto foi realizado com o intuito de ajudar pessoas que sofrem ou conhecem alguém próximo que sofre de depressão.
Atualmente, a depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo e projeções da OMS estimam que no ano de 2030, entre todas as doenças, a depressão será a mais comum.

terça-feira, 8 de maio de 2018

Felicidade por Eduardo Galeano


Eduardo Hughes Galeano foi um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. As suas obras  combinam ficção, jornalismo, análise política e História.

Hoje deixamos no nosso blogue um pequeno excerto do livro "O teatro do bem e do mal", em que Galeano aborda o tema da Felicidade.

"Já se sabe que o dinheiro não produz a felicidade, mas também se sabe que produz algo tão parecido que a diferencia é assunto para especialistas. Contudo, a peste da tristeza está fazendo estragos nos países mais ricos. As estatísticas da Organização Mundial de Saúde informam que, agora, a depressão nervosa é dez vezes mais frequente do que há cinquenta anos nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. As estatística revelam as vertiginosas mudanças ocorridas, no último meio século, nos prósperos países que todos querem imitar. A ansiedade de comprar e ser comprado, angústia de perder e ser descartado: nos centros do privilégio, as pessoas duram mais, ganham mais e têm mais, mas se deprimem mais, enlouquecem mais, embriagam-se mais, drogam-se mais, suicidam-se mais e matam mais".

Eduardo Galeano - O teatro do bem e do mal

terça-feira, 1 de maio de 2018

Perfeccionismo: um motor para a acção ou uma forma de paralisação?




O perfeccionismo pode ser definido, de uma forma geral, como a necessidade de ser ou parecer perfeito.
Nos vários domínios das artes e do saber muitas foram as personalidades que se destacaram pela busca da excelência e cujas características perfeccionistas contribuíram para a inovação que alcançaram e para o legado que deixaram.
Neste tipo de funcionamento é expectável a existência de padrões exigentes de comportamento e de realização, o que implica algum nível de stress mas também de motivação orientada para a ação e para fazer cada vez melhor.  Podemos caracterizar este perfeccionismo como útil e adaptativo que não compromete a funcionalidade e a adaptação do indivíduo.
Já um perfeccionismo excessivo, cujo grau e intensidade provocam sofrimento e disfuncionalidade, acaba por conduzir a uma atitude de paralisação e levar o indivíduo à procrastinação, dado o medo de falhar e de ser criticado pelos outros.
Nestes pessoas, o nível de exigência é tão grande no sentido de serem perfeitas, infalíveis e admiráveis, que o confronto com as suas obrigações se torna extremamente doloroso e angustiante, levando ao adiamento das mesmas.
Se por um lado, estas pessoas até reconhecem que têm competências, por outro lado, a possibilidade de errar e de não atingir o tal ideal de perfeição acaba por se sobrepor e gerar ansiedade, o que compromete a produtividade e a qualidade do trabalho.
 A comparação com os outros, que produzem mais porque não são tão exigentes e têm maior tolerância ao erro, acaba por levar igualmente à emergência de sentimentos de inferioridade e insuficiência, com  prejuízo ao nível da auto-estima.
No contexto de psicoterapia, esta é uma problemática bastante comum e que poderá estar presente em perturbações como a depressão, ansiedade ou perturbações alimentares, relacionando-se com um constante sentimento de insuficiência e de cobrança assente na lógica “eu tenho de ser, eu deveria ser, mas não consigo”.
Os eventuais erros ou falhas são hipervalorizados, contaminando toda a avaliação, nomeadamente os aspetos positivos do desempenho.
A psicoterapia nestas situações visa diminuir a culpa e a cobrança excessiva, de modo a que seja possível alcançar-se uma maior estabilidade emocional, satisfação pessoal e produtividade.