terça-feira, 12 de novembro de 2019

Tenho tudo o necessário para ser feliz... mas não me sinto!


Quase de certeza que já nos aconteceu em algum momento da vida pensarmos, ou já ouvimos alguém próximo a dizer: “-Não entendo... tenho tudo o que preciso para ser feliz, mas não me sinto feliz”.
O que dizemos quando ouvimos isso? O que fazer quando ouvimos isso? Felizmente muitas pessoas procuram apoio psicológico nestas situações, porque todos temos o direito de nos sentirmos bem, com a nossa vida.

Essa sensação de insatisfação pode derivar de inúmeras questões, nomeadamente o nosso nível de exigência, aborrecimento com a rotina ou ter um sonho mas não o fazer por receio.


Relativamente ao nosso nível de exigência, podemos colocar o seguinte exemplo de um pensamento recorrente: “a minha vida apenas será perfeita se casar e tiver 2 filhos, se tiver uma estabilidade profissional, se a minha família estiver bem e se sentir que tenho muitos amigos à minha volta”. E caso falte uma pequena parte desta ideia, a satisfação não será sentida, um pouco a ideia do 8 ou 80, subjacente à crença de “ou estarei feliz com o que desejo, ou estarei infeliz porque ainda não tenho tudo o que realmente preciso”. Por vezes o nosso grande desejo de atingirmos a dita felicidade, faz-nos quase aguardar por ela como se depois, no momento em que ela chegasse, tudo ficasse para sempre bem. Mas se por um lado, a espera desse futuro poderá não nos permitir viver o presente da melhor forma, por outro, é quase como se acreditássemos que essa felicidade ao chegar fosse para ficar. E ficará?

Quanto ao aborrecimento com a rotina, criar e manter uma rotina é importante, mas quebrá-la de vez em quando também é essencial. A zona de conforto é um conjunto de actividades e de comportamentos que fazem parte de uma rotina, um padrão que minimiza o stress e os riscos possíveis. A explicação mais científica para essa expressão é que a zona de conforto é qualquer tipo de comportamento que consegue manter um nível baixo de ansiedade. Assim, a zona de conforto dá-nos uma sensação de segurança. Todos nós, ao estarmos na zona de conforto beneficiamos de um bem-estar regular, baixa ansiedade e redução do stress. Estar na zona de conforto não é algo bom ou mau, é um estado natural onde a maioria das pessoas vivem. Ou seja, a zona de conforto é importante, mas se nos limitarmos a estar aí, pode-nos criar num determinado momento das nossas vidas uma sensação de vazio e insatisfação, seja na vida profissional, como na vida pessoal.

E quando temos um sonho, um objectivo, um projecto, mas por várias razões (receio de falhar, medo das críticas dos outros) não avançamos, podemos estar perante um dilema. Com certeza que ao longo da nossa vida já nos deparámos com dilemas de várias naturezas, uns mais complicados e que criam um maior mal-estar e outros menos intensos. Contudo, os dilemas criam por norma algum desconforto por termos que decidir pelo menos por duas opções contraditórias, mas que por diversos motivos, não nos é fácil avançar nessa escolha. Por vezes podemos ficar num mal-estar por um período longo. Cada pessoa necessitará do seu tempo para elaborar o dilema e colocar a hipótese de contrariar o que pensava que queria, os seus objectivos iniciais, os seus gostos antigos, e colocar verdadeiramente a hipótese de avançar para algo novo e desconhecido. Naturalmente, o desconhecido pode tornar-se assustador para algumas pessoas, no entanto se a decisão tomada for nesse sentido, será com certeza uma oportunidade de se avançar e evoluir, com novas aprendizagens. Por vezes perceber-se o que nos impede de nos sentirmos bem e felizes até pode demorar algum tempo... mas acabará por ser essencial para dar início a essa procura.


Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.




Artigo publicado na edição Abr/Maio/Jun, Nº 45 da Revista Psicologia Na Actualidade

sábado, 5 de outubro de 2019

Quando a exigência se torna nossa inimiga



Com alguma facilidade e de uma maneira geral, todos podemos entender o que significa ser exigente, na medida em que, em maior ou menor grau, todos possuímos padrões de exigência e de expectativa no que respeita ao comportamento e desempenho. Estes padrões poderão implicar algum nível de stress, mas desde que não sejam em excesso nem comprometam a adaptação e a funcionalidade, são de grande utilidade na orientação para a ação e para o crescimento pessoal.
No entanto, quando o nível de exigência e de cobrança é demasiado grande, o confronto com as obrigações poderá tornar-se angustiante e traduzir-se em cansaço persistente, perda de energia, tristeza, ansiedade, irritabilidade e até no desejo de procastinar.
Neste caso, é frequente as tarefas serem percecionadas como demasiado exigentes, dando lugar à instalação da dúvida quanto à capacidade para cumpri-las, à desvalorização do trabalho já realizado e à antecipação de resultados insuficientes. Esta urgência em responder às expectativas pessoais e sociais, poderá levar a um desempenho extenuante, sobressaindo a dificuldade na gestão do tempo, bem como em distinguir o essencial do acessório com prejuízo para a produtividade, qualidade do trabalho e cumprimento de prazos.
 Se por um lado, estas pessoas até reconhecem que têm competências, por outro, a possibilidade de errar e de não atingir o tal ideal de perfeição acaba por se sobrepor e gerar ansiedade e insatisfação. Se o resultado não corresponder ao que consideram aceitável ou for inferior mediante a comparação com os outros, é frequente emergirem acentuados sentimentos de insuficiência, desvalor e inferioridade,  prejudicando a auto-estima.
 É neste ponto que se pode dizer que o grau de exigência se tornou nosso inimigo.
Na realidade, por mais que possamos exigir, a nossa vida poderá ser muito diferente daquela que idealizámos, uma vez que também existem variáveis que fogem ao nosso controlo.
Importa sublinhar que, deixar de exercer este tipo de exigência feroz, não significa adotar uma postura resignada e conformista perante a vida, uma vez que é importante desejar, ter objetivos e lutar por eles. Significa porém, aceitar e abdicar dessa necessidade de controlo absoluto, assim como conseguir reaquacionar o nosso posicionamento quando a vida não corre como gostaríamos. Exemplo desse reposicionamento é pensarmos por exemplo: “Eu gostaria de ter resultados e ganhar uma bolsa para ir estudar fora de Portugal, mas se não conseguir, também posso encontrar realização em formações e experiências profissionais no meu país.” É neste reaquacionar que saímos da posição da frustração e de insatisfação porque as coisas não correm como seriam desejáveis, para uma posição de satisfação e de gratidão pelo que somos, pelo que temos e pelas possibilidades e recursos internos que estão à nossa disposição.
Esta aceitação que, como seres humanos, somos falíveis e que a par das nossas forças também temos limitações, promove uma maior tolerância ao erro e à falha que poderão ser percecionados como oportunidades de aprendizagem e de evolução em vez de ataques à auto-estima. A procura pelo auto-conhecimento, pelo que realmente se quer e deseja, estimula uma maior conexão com as nossas realizações e com o significado e sentido que lhe atribuímos. Deste modo, as comparações com os outros, o medo de sermos avaliados negativamente ou a necessidade de provarmos algo a terceiros, passam para segundo plano na medida em que o que realmente importa é a relação que estabelecemos com as nossas realizações e com aquilo que nos acontece. Assim sendo, o valor passa a estar situado no processo e no seu significado e não tanto nos resultados propriamente ditos, diminuindo a tal cobrança.
Por último, o respeito e o amor pela nossa pessoa, permite-nos também perceber quando é tempo de parar e de não ceder às pressões internas e externas, concedendo-nos o descanso necessário e merecido para a nossa saúde física e mental.

Artigo publicado na Revista Psicologia na Atualidade, Psychology Now, nº 46 Jul-Ago-Set 2019.


terça-feira, 11 de junho de 2019

Como reagir às birras


O que são as birras?



As birras são um comportamento normativo nas crianças entre os 2 e os 4 anos de idade e constituem um comportamento de oposição. Nesta idade as crianças são naturalmente egocêntricas e narcisistas, não conseguindo lidar com as negações e os limites.
As birras são um comportamento que é possível observar em momentos de frustração para a criança. Esta frustração advém da imposição de limites por parte dos adultos, mas também das limitações próprias da idade como a incapacidade de escolher e de tomar decisões sem ajuda dos pais. As birras são uma resposta emocional intensa a algo que a criança perceciona como frustrante e podem englobar vários comportamentos como o choro, grito, atirar-se para o chão, ficar paralisado, ficar mudo, agressões (a si ou a outros), morder, unhar, urinar, parar de comer, entre outros (espernear, puxar o cabelo, etc.).
Podem ainda ser utilizadas como uma forma de chantagem aos pais, uma vez que a criança compreende nesta fase que as suas ações provocam respostas nos outros. Tendem a desaparecer com o crescimento e as crianças entre os 5 e os 6 anos prescindem delas pois já adquiriram outras habilidades.

Porque ocorrem?

Vários são os fatores que favorecem as birras. Normalmente as birras ocorrem devido ao desejo da criança em ser independente mas deparar-se com limitações, havendo um choque entre a busca de autonomia e interesse em tudo que a rodeia com a interferência dos adultos e os limites próprios da idade. Este choque gera raiva e frustração. A limitação na linguagem é outro dos fatores que pode promover a ocorrência de birras, uma vez que as crianças com 2 ou 3 anos não conseguem ainda expressar claramente os seus desejos ou o desgosto produzido por não conseguirem estes desejos, conduzindo ao sentimento de impotência.
Na idade em que ocorrem as birras, as crianças não conseguem ainda distinguir o que está bem do que está mal, sendo que os conceitos de bem e mal se definem social e culturalmente, mas também segundo a família. As normas sociais reguladoras da comunicação e convivência são ainda imprecisas para as crianças e não lhes servem de moderadoras para os seus impulsos descontrolados.
Outro fator para a ocorrência de birras são os comportamentos inconsistentes dos pais. Quando é negado algo à criança, ela chora, grita, esperneia, e consequentemente muitos pais acabam por ceder aos pedidos dos filhos. Esta primeira negação e posterior cedência demonstra incoerência aos filhos, que por sua vez mantêm as birras pois sabem que com esse comportamento obterão o que pretendem.
A fome, sono, cansaço, idas ao supermercado, a falta de atenção por parte dos pais, ausência de normas, normas muito estritas ou o excesso são ainda outros fatores favorecedores das birras.

Como reagir a essa situação?

A ocorrência das birras em lugares públicos são um dos grandes incómodos para os pais, levando-os a reagirem à birra. Esta reação nem sempre é a mais adequada e leva à intensificação e prolongamento da birra. Existem alguns aspetos a ter em conta de forma a evitar que as birras ocorram, nomeadamente:
*        Devem ser respeitadas as necessidades de sono e fome da criança;
*       Definir regras e limites claros, precisos e adequados para a idade desenvolvimento da criança:
*     Os limites e regras devem ser consistentes e consensuais entre os pais e não serem alterados segundo o cansaço ou o humor dos pais.
*        Manter o “não” firme e irredutível apesar do aborrecimento.
*        Manter os objetos proibidos fora da vista da criança;
*     Os brinquedos devem ser adequados à idade da criança, com vista a não causarem frustração;
*     Dar algumas oportunidades para a criança fazer escolhas, como escolher a roupa ou os sapatos, ou qual de dois alimentos pretende comer.
*     Devem fazer-se avisos prévios à criança, como por exemplo avisar que após o almoço terá que lavar as mãos e os dentes.

Quando a birra acontece há também alguns comportamentos que podemos ter, nomeadamente:
*        Não se exaltar;
*        Não tentar chamar a criança à razão;
*        Não castigar a criança;
*        Não ceder ao pedido da criança;
*        Atuar de imediato para que a criança não perca o controlo total;
*        Desviar a atenção da criança para outro objeto, local, etc;
*        Levar a criança para outro local;
*        Conter a criança em caso de que possa magoar-se;
*        Em alguns casos ignorar a birra ou mostrar-se surpreso.

O que acontece se cedermos?

Quando negamos algo à criança e se desencadeia a birra, proporcionamos um momento para que ela lide com a frustração e com o confronto com uma negação. Ao cedermos após a criança iniciar a birra, estamos a ensinar à criança que esta é uma forma que tem para conseguir o que quer, levando-a a reproduzir este comportamento sempre que quiser manipular os pais para obter algo que deseja. Quando se cede umas vezes e outras não, a criança fica confusa e fica sem entender qual é a melhor forma de agir uma vez que não tem diretrizes claras.


Referências bibliográficas:
Pernas, P. & Luna, C. (2005). Las rabietas en la infancia: qué son y cómo aconsejar a los padres. Revista de Pediatría e Atención Primaria, 7, 67-74.
Gouveia, R. (2009). As birras na criança. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 25, 702-705.
Silva, A. (2013). Birras infantis, estilos educativos parentais e comportamentos de punição (Dissertação de mestrado não publicada). Universidade de Coimbra.
Duarte, A. (2011). As práticas educativas parentais e as birras das crianças (Dissertação de mestrado não publicada). Instituto Miguel Torga – Coimbra.



sábado, 4 de maio de 2019

Quando queremos dar resposta a tudo... e o que fica para trás é a nossa saúde

Quando a nossa responsabilidade profissional nos exige as horas de trabalho e as extra para conseguirmos dar resposta a tudo, quando a nossa responsabilidade familiar nos exige cuidar dos filhos, dos pais e da casa... quando sentimos que tentamos dar resposta, mas que constantemente nos apercebemos que não estamos a ser suficientemente bons em nenhuma das partes, quando ouvimos queixas no trabalho que temos prazos e que nos estamos a atrasar, quando ouvimos queixumes do companheiro / companheira, ou dos filhos que não passamos tempo de qualidade, ou que já não brincamos com eles... quando temos algum tempo e não nos apetece fazer absolutamente nada!

--- pausa—urgente!

Esta situação poderia ser a de muitas pessoas, e infelizmente são estas situações que também vão convergir em perturbações de ansiedade ou perturbações de humor. A super-mulher ou o super-homem é algo inatingível. Um estereótipo que até pode ter sido criado para inspirar e dizer: “Sim, você é capaz de tudo!”. Mas e seremos capazes realmente de tudo? Mas e se formos capazes de tudo, não acabará por surgir sempre mais? Afinal onde está o limite?

Um novo estudo (https://www.apa.org/pubs/journals/releases/bul-bul0000138.pdf) de Thomas Curran e Andrew Hill, publicado no Psychological Bulletin, concluiu que o perfeccionismo está em ascensão. Os autores, ambos psicólogos, concluem que "as recentes gerações consideram os outros mais exigentes, são mais exigentes com os outros e são mais exigentes consigo mesmos". E quando não concretizamos as exigências que vemos e lemos serem dos outros, ao mesmo tempo que são as nossas, é o caminho fácil para nos sentirmos frustrados, falhados, tristes, ansiosos...

Como contrariar esta situação? Naturalmente o primeiro passo é termos consciência do caminho que estamos a seguir... e naturalmente não podemos esperar que algo mude, quando continuamos a seguir o mesmo caminho. Depois talvez seja importante apercebermo-nos que o nível de exigência é irrealista e que talvez seja necessário fazer algo diferente... nomeadamente dividirmos as tarefas em casa (com companheiro/companheira, filhos), pedir apoio a avós ou a tios, negociar prazos ou delegar tarefas no trabalho, colocar também como prioridade tempo para nós próprios.

Vários estudos mostram que tempo dedicado e não estruturado de inactividade equilibrado com a gestão das actividades, promovem uma maior energia, clareza mental e capacidade de concentração ao longo do dia. No entanto, o vivermos tão focados e pressionados pela produtividade, pode-nos parecer até estranho... Isso porque o não fazer nada é muitas vezes associado a preguiça ou apatia, e vem acompanhado por pensamentos negativos, julgamentos e até mesmo uma sensação de culpa. 

Mas e se continuarmos por esse caminho... e cada dia nos sentimos mais cansados e com menos energia e vontade, como poderemos continuar a fazer bem as coisas, a dar de nós a quem nos é importante, e acima de tudo... como nos vamos sentir bem?
 
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.



Artigo publicado na edição Jan/Fev/Março, Nº 44 da Revista Psicologia Na Actualidade

domingo, 14 de abril de 2019

A Importância da Coerência entre as Palavras e os Comportamentos




A coerência associada à previsibilidade e à constância dos cuidados maternos é uma condição que desde cedo se coloca como fundamental para o desenvolvimento psico-emocional da criança. Uma vinculação segura só é possível se a criança usufruir de uma experiência de confiabilidade, a partir da qual pode depender da resposta ajustada da mãe às suas necessidades, o que  lhe vai promover a segurança necessária para explorar o mundo ao seu redor.
Ao longo da vida a perceção de coerência também é fundamental para o desenvolvimento das relações entre as pessoas, isto é, a segurança de se saber com o que se pode contar da parte do outro.
A perceção de falta de concordância entre o que é dito e os comportamentos adotados, levam muitas vezes a uma falência da credibilidade e da confiabilidade, com prejuízo para a relação. Um exemplo disso é o caso de pessoas que dizem gostar de outras e serem suas amigas mas nunca estão disponíveis para falar, ouvir, prestar suporte, estar presente ou cumprir com o combinado, pois existem sempre outras prioridades. Outros exemplos são as pessoas que defendem valores como solidariedade e generosidade mas que depois vivem de uma forma completamente egocêntrica ou situações de incoerência na educação parental quando por exemplo um pai ensina ao filho que deve pedir licença para se levantar da mesa mas ele próprio não o faz.
Lidar com alguém que transmite mensagens antagónicas, quer entre palavras e comportamentos, ou entre linguagem verbal e não verbal,  é gerador de desconforto, podendo levar a um estado de alerta, que tornando-se constante, gera stress e ansiedade.
Se em certas situações esta incoerência é consciente por parte do seu protagonista, outras vezes há em que o próprio nem sequer reconhece os sentimentos antagónicos que lhe estão a causar desconforto e incoerência nele próprio e consequentemente nos outros.
Por exemplo, mediante uma escolha afetiva relacionada com o ir ou não ir viver maritalmente com alguém, a pessoa em questão afirma que deseja essa união mas adia-a sistematicamente, alegando as mais diversas justificações para tal,  porque na realidade está a evitar reconhecer e lidar com eventuais sentimentos contraditórios.  
A disponibilidade para “ouvir” com sinceridade o que cada uma das partes internas do conflito tem para nos dizer é fundamental, só assim é possível reconhecermos e compreendermos as razões do “sim” e as do “não” e colocá-las a dialogar uma com a outra para chegarem a acordos.  
O não permitir esta escuta interna para evitar o desconforto de lidar com sentimentos antagónicos, acaba por se traduzir em reações de incoerência geradores de sofrimento não só para o próprio mas também para o outro. 

Artigo publicado na Revista Psicologia da Atualidade, Psychology Now, n.º43 Out-Nov-Dez 2018

terça-feira, 12 de março de 2019

As incertezas dos 30

Hoje vamos falar sobre o elefante numa sala de jovens com 30 anos. Enquanto crianças, estes jovens foram sendo incentivados a estudar, ter boas notas e escolher um bom curso universitário que lhes permitisse um futuro de sucesso. Foi-lhes dito que aos 30 anos teriam uma carreira de sucesso, um emprego para a vida, um bom ordenado, carro, casa própria e uma família construída. Mas será essa a realidade com que nos deparamos?

Com a crise económica mundial de 2008, que teve repercussões nefastas para Portugal tendo originado um resgate financeiro, temos vindo a verificar uma grande disparidade entre as expectativas criadas para estes jovens e a realidade que vivem atualmente.


Quando chegam ao mercado de trabalho em plena crise económica, e em moldes que se têm mantido desde então, as suas expectativas de um emprego para a vida são defraudadas logo à partida. Com contratos de estágio temporários que quase nunca passam a contrato de trabalho efetivo, contratos de trabalho a 6 meses renováveis por três vezes e no fim a fila do Centro de Emprego mais próximo, ou os famosos recibos-verdes e os seus mais de 40% de contribuições, sem 13º nem 14º mês, sem subsídio de desemprego, doença, parentalidade, etc., etc. Logo aqui caem por terra as primeiras expectativas do emprego para a vida, quando de contrato em contrato, de empresa em empresa, flutuam aflitivamente para se manter à superfície e conseguir a sua (pouca) independência e liberdade financeira.

Depois vem o bom ordenado…. Ora caso estes contratos temporários oferecessem um ordenado chorudo, qualquer jovem iria sentir-se grato por ter uma experiência de trabalho onde pudesse adquirir conhecimentos e aplicar os que adquiriu durante a sua formação académica. Contudo não foi/não é isso que se tem verificado. Abundam ofertas onde são solicitados requisitos obrigatórios por vezes não essenciais à função, com uma enorme exigência, e no fim a oferta fica-se pelo ordenado mínimo nacional (485€ à época, 600€ atualmente), para alguém que estudou cerca de 16 anos e com formação superior. Em 2019 continuamos a assistir a ofertas que oferecem o Salário Mínimo Nacional a trabalhadores com experiência, com formação superior (Licenciados e Mestres), para trabalho altamente especializado, com grande responsabilidade e essencial para a vida das empresas. Mais uma expectativa criada pela sociedade e que não se concretiza.

Sem estas duas premissas, a primeira de um emprego estável e a segunda de um bom ordenado, onde fica a carreira de sucesso? Fica inevitavelmente relegada para o recanto dos sonhos que parecem impossíveis de realizar. Atrás da carreira de sucesso desmoronam-se as expectativas da aquisição de carro (por mais barato e antigo que possa ser, comporta imensos custos anuais), as de comprar casa às prestações (porque o mercado imobiliário entrou numa bolha especulativa, em que qualquer pardieiro serve como habitação mesmo sem as mínimas condições e a preços exorbitantes), e sem estas duas condições torna-se impossível formar uma família.

Ouvem-se muitas vezes comentários de gerações anteriores de que estes  jovens são preguiçosos, pouco ambiciosos e acomodados. Que não lutam, que se queixam demasiado, mas será que assim é? Será que este impasse geracional que encontramos atualmente pode ser comparado ao que se tem verificado nas décadas anteriores? Estes jovens têm hoje menos poder de compra do que a geração que lhes criou estas expectativas, tem hoje menos filhos do que as gerações anteriores, mas pelo contrário tem hoje mais estudos e mais qualificação do que alguma vez na história. Tivemos durante este resgate económico níveis de emigração muito próximos aos da década de 1960, época de enormes dificuldades económicas para as famílias Portuguesas e de dificuldades políticas e sociais devido à Ditadura que se vivia. 

Qual o impacto psicológico deste choque entre expectativas e realidade? Será que estão os nossos jovens a conseguir adequar as suas expectativas anteriores à realidade atual? Não podemos afirmar com certezas, mas temos uma prevalência cada vez mais acentuada de doença mental em Portugal, percentagens de utilização de medicamentos psiquiátricos em valores considerados muito acima do aceitável, depressões, ansiedades, stress, esgotamentos, burnouts….

É necessário olhar para esta situação de um ponto de vista crítico, científico e interventivo, para que se possa apoiar estes jovens, permitir-lhes criar expectativas realistas e adaptadas à realidade económica e social em que vivem. Não como uma forma de os tornar resignados, menos ambiciosos ou pouco lutadores, mas para lhes permitir lidar com a frustração enorme que sentem por não cumprirem com o que seria esperado de si, permitindo uma restruturação dessas expectativas desajustadas e da visão com que encaram esta mesma realidade.

Escrito por: Nuno Gago

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Síndrome do Impostor



A Revista Vogue Portugal na sua edição de Novembro 2018 publicou um artigo sobre o Síndrome do Impostor, que faz a compilação de diversas fontes, para o qual fui convidada.

"What a feeling...
Como os outros me veem: confiante e relaxada.
Como me vejo: uma autêntica desgraça ambulante que não faz ideia do que está a fazer e todos os dias acha que é o dia em que o seu patrão vai olhar para si e dizer. põe-te na rua és uma autêntica fraude"

Aqui seguem as respostas que dei a algumas perguntas colocadas pela Revista Vogue:

1.    Como se pode definir o síndrome do impostor e como se manifesta? Quais as suas piores consequências?

O síndrome do impostor não é uma doença, é um sentimento que muitas pessoas sentem e que nem sempre conseguem identificar.
O termo foi inventado em 1978 por duas psicólogas, Pauline Rose Clance e Suzanne Imes. Contudo, estas duas profissionais nunca mencionaram directamente um “síndrome” mas sim uma experiência à qual todos poderiam ser confrontados um dia, um mecanismo psicológico de defesa.

A ideia central deste mecanismo envolve a forma como os outros nos veem e a maneira como cada um se vê a si próprio, principalmente em relação às conquistas profissionais (mas não só). Quem é impostor de si próprio não acredita nas evidências visíveis de que é competente, porque considera-se inferior relativamente aos outros e incapaz. Baseia-se principalmente em não sentir que se merece um reconhecimento ou elogio por algo que se tenha feito (não acreditam que estão onde estão por mérito próprio), que o sucesso que se alcançou não lhe pertence e que a única coisa que pode explicar o feedback positivo é a sorte, vive perturbada pelo medo de que, um dia, descubram que ela é uma fraude.

As pessoas que sofrem do síndrome do impostor geralmente apresentam algumas das seguintes características:

1. Necessidade de se esforçar sempre mais
A pessoa acredita que sabe menos que os outros, por isso sente que precisa de se esforçar muito mais, para justificar as suas concretizações. O perfeccionismo é utilizado como justificação do desempenho, mas causa muita ansiedade, cansaço, e desgaste.

2. Procrastinar
A pessoa como acha que ao apresentar uma tarefa será avaliada e criticada de forma negativa, pode levar a que se adie compromissos e tarefas e levar o máximo do tempo para cumprir estas obrigações de forma a evitar o momento da avaliação e crítica. 

3. Auto-sabotagem
A pessoa acredita que o fracasso é inevitável, e que a qualquer momento alguém a irá desmascarar à frente dos outros. Desta forma, pode não se esforçar tanto, evitando gastar energia para algo que acredita que não irá correr bem.

4. Medo da exposição
É comum que a pessoa esteja constantemente a evitar os possíveis momentos de avaliação e por isso a escolha de tarefas e até mesmo da própria profissão são, muitas vezes, baseadas naquelas em que serão menos perceptíveis, evitando ser alvo de avaliações e críticas.

5. Comparação com os outros
Ser perfeccionista, exigente consigo e comparar-se com os outros apercebendo-se que é inferior ou sabe menos que os outros, são algumas das principais características desta síndrome. Podendo mesmo haver a sensação de que nunca se é boa o suficiente em relação aos outros, o que gera muita angústia, tristeza, frustração e insatisfação.

6. Querer agradar a todos
Para compensar o que a pessoa acha que não tem e procurar alcançar aprovação pelos outros, pode adoptar uma atitude de tentar causar boa impressão e tentar agradar a todos, podendo até, sujeitar-se a situações humilhantes.

Além disso, a pessoa com síndrome do impostor passa por momentos de muito stress e ansiedade, por achar que, a qualquer momento, pessoas mais capacitadas irão substituí-la ou desmascará-la. Assim, é muito comum que essas pessoas desenvolvam sintomas de ansiedade e depressão.

Apesar do síndrome do impostor estar muito associado ao contexto profissional, este sentimento pode ser sentido também na área pessoal, familiar ou sentimental. A dúvida permanente sobre si próprio faz com que se negue a qualquer recompensa positiva, e isso pode traduzir-se no trabalho, mas também por elogios à nossa aparência física, a relações amorosas e sentimentais, etc.


2.    Como se desenvolve? 

O síndrome do impostor é um mecanismo psicológico caracterizado pela dificuldade / incapacidade de assimilar os próprios méritos e conquistas e pelo sentimento constante de inadequação. Não importa o quão perfeccionista e exigente a pessoa é, nem o reconhecimento apresentado pelos outros. Se ela sofre da síndrome do impostor, vai acreditar que tudo foi mera sorte ou que de alguma maneira conseguiu enganar as pessoas para chegar onde está.

A origem desta crença é a comparação e a elevada exigência
Olha-se para as pessoas competentes do lado e acha-se que elas são fantásticas e que também gostaríamos de ser assim… e começamos a questionar-nos da razão de não sermos tão bons. E vamo-nos sentindo menos capazes. Ao nos sentirmos inferiores, procuramos compensar com muito, muito esforço. Porém, mesmo com todo o sucesso, nunca sentimos que é o suficiente, porque nem com toda a dedicação e esforço se consegue ter uma vida exactamente igual à das pessoas com quem nos comparamos. Ao olharmos para as conquistas dos outros e nos estarmos a comparar constantemente, o resultado é a incapacidade de reconhecermos as nossas próprias conquistas. E a ideia de que não conquistámos nada e que não merecemos o reconhecimento das pessoas, ao ser repetida na nossa cabeça, vai cada vez mais ganhando força e espaço, convencendo-nos que
somos um impostor. E geralmente, esta pessoa acredita que está sozinho nesta forma de ver, levando a esconder mais tudo isto e cada vez isolando-se mais e acreditando e forma mais convicta nestes seus pensamentos.


3.    O síndrome do impostor manifesta-se mais nas mulheres do que nos homens? Se sim, quais as razões principais?

As pesquisadoras Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, da Universidade do Estado da Geórgia, publicaram, em 1978, o primeiro artigo com a nomenclatura “impostor” usada para designar quem demonstrava sinais de auto-sabotagem. Esse artigo era direccionado a mulheres que se lançavam aos negócios, numa época onde o mercado profissional tinha um grande preconceito e eram vistas como mão de obra inferior ao do sexo masculino. O estudo que deu origem ao artigo examinou cerca de 150 mulheres bem-sucedidas (com títulos académicos, profissionais nas suas áreas ou estudantes do ensino superior com excelente histórico escolar), e o resultado foi claro: todas se consideravam impostoras. “Contrariando as suas realizações académicas e profissionais, mulheres que apresentam o fenómeno do impostor insistem em acreditar que elas não são boas o suficiente e que apenas enganam quem pensa o contrário”, diz o artigo.

Na década de 80, a psicóloga Gail Matthewsjuntou-se a Clance para novas pesquisas. Dessa vez, descobriram que 80% das pessoas bem-sucedidas (tanto mulheres quanto homens) já tiveram episódios de Síndrome do Impostor durante o seu percurso profissional. Com o tempo, a síndrome foi ampliando para ambos os sexos, em proporção maior para as mulheres.

. Por que afecta tanto as mulheres?

Esta é também uma condição mais associada às mulheres, especialmente aquelas que trabalham em áreas marcadamente masculinas. O problema parece estar associado à dificuldade maior que as mulheres sentem em se valorizar e admitir o próprio sucesso, características que mais facilmente se veem nos homens.
As mulheres naturalmente acabam por ter que provar que são eficientes, inteligentes, provar o seu valor nos meios em que estão inseridas (ainda mais quando se tratam de meios sobretudo masculinos). Culturalmente, de uma forma geral até aos últimos tempos,  as meninas eram direccionadas para brincadeiras relacionadas com os afazeres domésticos, cuidados com bonecas que representam bebés, cuidados com estética, tal como uma maior dedicação para as áreas das ciências humanas ao invés das ciências exactas.


4.    Como podemos aprender a contorná-lo ou a lidar com ele? O que fazer quando surge aquela 'vozinha' na cabeça a duvidar do nosso valor?

Ao termos consciência que sofremos deste síndrome (identificar o síndrome do Impostor nos pensamentos e nas acções) é importante tentar encontrar estratégias para redireccionar esse nosso enviesamento cognitivo, que nos leva apenas a ver um lado.
O primeiro passo para lidar com o síndrome do impostor é aceitar que não vai passar de um dia para o outro, é um processo. Mas mudar certos hábitos irão ajudar nessa mudança:
- Aceitar elogios, ver e admitir os nossos pontos fortes, avaliar o trabalho usando os feedbacks dos outros (fazer uma lista dos comentários positivos), combater a exigência da perfeição e aceitar que todos temos dúvidas e partilhar (vai-se descobrir que há muitas outras pessoas que têm as mesmas ou outras dúvidas), evitar as comparações constantes com os outros, falar sobre as realizações com os amigos e familiares e dar uma pausa nas preocupações fazendo coisas que não têm nada a ver com o seu trabalho e que o relaxam.


Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Sobre a Intolerância



Num mundo marcado cada vez mais pela diversidade, o desenvolvimento da tolerância torna-se um imperativo fundamental para uma vida equilibrada em sociedade.
Podemos entender a tolerância como a aceitação e o respeito pela diferença, bem como o entendimento de que todos os indivíduos são livres para se expressar e viver de acordo com suas crenças e convicções. Neste sentido, a tolerância implica também um compromisso ativo de luta pelos direitos fundamentais dos seres humanos.
Do ponto de vista da sociedade, o exercício da tolerância contribuí para a abolição de atitudes de descriminação de ordem cultural, racial, religiosa, política ou sexual, que muitas vezes estão na origem de situações de guerra, violência, isolamento e exclusão. Sociedades tolerantes promovem a inclusão porque entendem que a diversidade e o intercâmbio cultural são uma força que enriquece ao nível da criatividade e reforça a resiliência dos seus membros.

Do ponto de vista individual, o exercício da tolerância relaciona-se com a maturidade psicológica cuja principal característica é precisamente a boa tolerância à frustração e aos aspetos mais vulneráveis e dolorosos da personalidade. Este auto-conhecimento, que permite ao indivíduo possuir uma imagem íntegra e coesa de si próprio, incrementa definitivamente a qualidade dos seus relacionamentos interpessoais que serão sustentados sobretudo na compreensão em vez de ser no julgamento e na crítica.
Para além de aceitarem a diferença com tranquilidade e sem julgamento, as pessoas emocionalmente maduras e tolerantes demonstram competência no trato, nomeadamente respeito, delicadeza e preocupação em não ferir e suscetibilizar o outro. Para além de empáticas, são capazes de comunicar assertivamente sem adotar uma postura auto-centrada e egocêntrica, sendo por isso mais competentes do ponto de vista emocional, pessoal e social.
De uma maneira geral, as pessoas com fraca tolerância ao que é diferente apresentam uma marcada rigidez mental, isto é têm dificuldade em aceitar perspetivas diferentes da sua, já que estas poderão ser vividas como ameaçadoras à sua identidade e geradoras de ansiedade. Neste sentido, poderão apresentar uma maior dificuldade em lidar com situações de frustração e contrariedade, adotando comportamentos mais reativos e reivindicativos, pois acreditam que a sua visão é a única válida, desvalorizando e desprezando a do outro. A carência de empatia, acaba por comprometer as suas relações interpessoais e esta inflexibilidade psicológica dificulta o acesso ao pensamento criativo e a resolução eficaz de problemas perante situações imprevistas de stress. O apego obstinado a determinadas crenças, hábitos e rotinas acabam por se constituírem como defesas para garantir uma vivência subjetiva de segurança, ordem e tranquilidade sem a qual se desiquilibram. Contudo, a rigidez e o medo de errar colocam o indivíduo numa posição de estagnação, o que dificulta a conceção de um futuro mais interessante, surgindo então o pessimismo.
Para desenvolver a tolerância é importante:
O auto-conhecimento: um conhecimento mais profundo das forças e limitações do próprio a par da capacidade para tolerar os aspetos mais frágeis e dolorosos da personalidade irá promover o estabelecimento de relacionamentos interpessoais assentes sobretudo na tolerância e na aceitação do outro em vez de ser no julgamento e crítica.
A consciência da limitação do sabera humildade para ter consciência que o nosso saber é limitado, promove uma disponibilidade maior  para aprender, com todas as pessoas, independentemente do seu grau de instrução, idade, profissão ou extrato social/cultural, respeitando diferentes pontos de vista.
A aceitação da falha: A aceitação que o erro e a falha fazem parte da condição humana facilita  ousar a arriscar novos desafios, porque as eventuais dores que possam surgir dos fracassos são suportáveis. As pessoas que exibem capacidade para tolerar os erros e  aprender com eles, estão em constante evolução, o que lhes permite atingir graus cada vez mais sofisticados de auto-conhecimento e de domínio sobre si, construindo uma perspetiva otimista e de esperança em relação ao futuro.
A consciência da finitude: a consciência de como tudo é efémero e transitório, traz-nos a noção de que as conquistas e os sucessos não passam de situações momentâneas e as condições de superioridade (instrução, conhecimento, extrato social) não devem ser usadas com arrogância para rebaixar o outro ou para gerar uma atitude de autoengrandecimento.
O controlo das emoções: o reconhecimento  de todas as suas emoções permite ao indivíduo não ser escravizado por elas, ou seja, não viver em reatividade às suas emoções mas gerindo-as com ponderação e bom senso.  A pessoa pode sentir-se alegre, triste, aborrecida ou irritada mas em controle e em função dos acontecimentos da sua vida.
A empatia: a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e de imaginarmos a sua dor e entendermos a sua perspetiva, é a base fundamental da tolerância. 

Artigo publicado na revista "Saber Viver" do mês de Dezembro 2018