Emoções como a tristeza,
depressão e ansiedade são universalmente conhecidas por todos os seres humanos
e respostas normais perante determinadas circunstâncias de vida.
Porém, quando as exigências do
meio se tornam demasiado intensas e prolongadas no tempo e se assiste a um
acumular de tensões internas, poderá experienciar-se uma saturação emocional
com maior duração e a persistência dos sintomas, comprometendo a funcionalidade
do indivíduo.
Nestas situações, é comum a
ocorrência de pensamentos negativos mais frequentes relacionados com medo,
falta de esperança e ameaça que condicionam a interpretação da realidade e que
poderão levar ao aparecimento de sintomas com uma expressão física e
psicológica mais penosa e desconfortável.
Quando o indivíduo de sente sobrecarregado
emocionalmente, poderá ter uma reação desproporcional a situações banais no
dia-a-dia, bem como uma menor tolerância e maior irritabilidade na relação com
os outros. É igualmente comum uma maior
sugestionabilidade, nomeadamente choro fácil, acessos de zanga e raiva,
ansiedade frequente, bem como dificuldade em se concentrar na realização de
tarefas, cansaço físico e dificuldades em dormir.
Perante emoções que são
desagradáveis e causam desconforto, a tendência é para o evitamento e negação
das mesmas. Porém, esta negação, que também reflete uma auto-punição por se
sentir algo supostamente inadequado, acaba por aumentar a sensação de mal-estar. Por outro lado, a esta negação
poderá também estar subjacente a preocupação do indivíduo em se tornar nos seus
próprios sintomas e da sua noção de identidade ficar abalada.
Este carácter crítico e
hiper-exigente não promove a aceitação das emoções, aceitação essa que se constitui como um passo
fundamental para compreender o seu significado e assim lidar com elas.
As emoções fazem parte do nosso
património biológico e têm uma finalidade adaptativa, chamando a nossa a
atenção para o que estamos a necessitar. A aceitação envolve não invalidar
qualquer emoção, pensamento ou sensação e aceitar as nossas realidades
internas, numa atitude de benevolência, compreensão e amor próprio.
É de suma importância que ao
longo do dia, tenhamos consciência das nossas emoções e as possamos
identificar, para que assim nos possamos conceder aquilo que precisamos,
nomeadamente concentração e foco no momento presente em momentos de angústia e
ansiedade.
Desta forma, o controlo não passa
por ignorar as emoções mas por uma questão de modulação e de redução do seu
efeito desconfortável, mesmo que tenhamos consciência da sua mensagem. O
importante é não ficarmos presos em
estados negativos, procurando observar as emoções, aceitá-las e libertá-las.
Essa libertação pode passar pelo suporte da rede familiar e social, exercícios
de relaxamento, mindfulness, meditação,
hobbies, atividade e exercício físico. A procura de acompanhamento
especializado, também poderá constituir-se como um recurso importante para a
recuperação do equilíbrio emocional.
Artigo publicado na Revista Psicologia na Actualidade, Psychology Now, nº
50 Jul-Ago-Set 2020.