terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Metas para o Ano Novo?! E porque não Caminhos com Significado?

 


Janeiro é por excelência o mês que representa a renovação de um ciclo e o traçar de objetivos para os próximos 12 meses.

No entanto, este é um processo que muitas vezes se faz acompanhar de frustração e ansiedade porque inevitavelmente nos confronta com os objetivos e os planos defraudados do ano anterior e que, com frequência, transitam para o ano seguinte.

Esta autocritica em relação ao que não foi alcançado, banalizando até as pequenas conquistas conseguidas, acaba por fomentar a culpabilização e a comparação com aqueles que nos rodeiam, minando a nossa autoconfiança e sentido de competência.

Por outro lado, a pressão e a exigência severa, colocada na concretização dessas metas durante o ano que agora começa, poderão igualmente gerar ansiedade e mal-estar psicológico.

Se não podemos negar a importância de fazer planos de forma realista, com consciência de quem somos e do que nos move, bem como das nossas forças e limitações, também não nos podemos esquecer que a vida é naturalmente imprevisível e que muitos fatores envolvidos não dependem de nós.

Transitar de um diálogo interno punitivo para um outro de gentileza e autocompaixão pelas nossas dores e dificuldades, é o primeiro passo para retomar o caminho. E aqui a palavra caminho, como processo, no fundo como vida, poderá ganhar uma nova dimensão, tão ou mais importante que a palavra meta.

 Independentemente da meta ser alcançada ou não, é no caminho, com todas as suas curvas e contracurvas, retas e rampas de lançamento, que crescemos e nos construímos como pessoa e é nessa construção que muitas vezes as próprias metas se transformam.

A valorização de quem somos e do nosso caminho implica um exercício importante de gratidão, muitas vezes esquecido, mas que nos permite ficar gratos por quem temos e pelo que temos na nossa vida. É nos momentos de profundo sofrimento, como a morte, a perda ou a doença, que valorizamos a alegria sentida nas coisas mais simples mas significativas da vida. Honrar o ordinário e deixar de lado a apologia do extraordinário e a cultura de escassez é o que nos permite transitar da insuficiência e da vergonha para uma maior tolerância à vulnerabilidade, com a qual poderemos abraçar, de forma ainda mais plena, os desafios do novo ano.