O impacto negativo da pandemia entre os
jovens portugueses foi precisamente a conclusão a que chegaram os autores de um
estudo realizado por uma equipa da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
(FPCE) da Universidade de Coimbra (UC). Os resultados preliminares mostram que
14% dos adolescentes, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos de
idade, apresentam sintomatologia depressiva elevada (acima do percentil 90).
As alterações na rotina diária associadas
à pandemia, bem como as restrições nas interações sociais e o medo associado à
infeção e à possibilidade de infetar pessoas próximas, consubstanciaram fatores
de stress muito significativos que tiveram impacto acentuado na saúde mental
dos jovens.
Se em alguns casos, houve alguns benefícios da
diminuição à exposição de fatores de stress social, para a maioria dos jovens, o isolamento a que se viram (ou se veem) forçados levou ao
adiar e mesmo à perda de muitas experiências - as festas, os encontros, as
viagens, os concertos, os namoros - comprometendo igualmente o desenvolvimento
de competências sociais como a comunicação, negociação, empatia, resolução de
conflitos e tomada de decisões. É este
património inestimável de memórias e da descoberta de si no encontro com o
outro, que está em causa em tempos de pandemia, ficando comprometidas as
experiências de exploração, autonomia, partilha, reconhecimento, descoberta,
amizade, cumplicidade, validação, pertença, intimidade e amor romântico, com
implicações na construção da identidade e na valorização pessoal.
No que respeita ao processo ensino-aprendizagem, muitos alunos
ficaram prejudicados no ensino à distância no que respeita à aquisição e
consolidação de aprendizagens. As lacunas que daqui advém, poderão comprometer
a transição para os níveis seguintes, o que se traduz em preocupação e
incerteza quanto ao seu sucesso escolar e projeto vocacional.
Pais e professores podem e devem estar atentos a sinais de alerta
de mal-estar, nomeadamente alterações no sono e na alimentação, diminuição da
motivação e rendimento escolar, uso abusivo de jogos online e de redes sociais,
isolamento social e sintomas de ansiedade, depressão e irritabilidade.
A melhor forma dos pais ajudarem os filhos, passa por revelarem uma
verdadeira disponibilidade emocional para escutarem empaticamente e acolherem as
suas dores, transmitindo tranquilidade e segurança. Importa também apoiar na regulação das emoções
e na flexibilidade mental, o que facilita a adaptação e a aprendizagem perante
condições adversas.
Nos casos em que existe um maior risco, os pais têm um papel importante para incentivar o jovem a aderir a um acompanhamento especializado. A deteção precoce de sinais de alerta, poderá contribuir para uma intervenção atempada e para a prevenção do desenvolvimento de transtornos mentais mais graves a médio e longo prazo.
Se tem dúvidas quanto à gravidade da situação e procura um acompanhamento psicológico especializado, poderá contactar a ClaraMente e marcar uma consulta para avaliação da sintomatologia e estabelecimento de um plano terapêutico. Na ClaraMente, podemos apoiar o jovem, proporcionando um espaço de escuta e compreensão que visa promover o auto-conhecimento, e o desenvolvimento de recursos internos mais eficazes para conseguir ultrapassar as suas dificuldades e seguir em frente, na construção do seu caminho, com mais confiança, bem-estar e satisfação.