Hoje, quarta-feira, dia 1 de Novembro, muitas pessoas aproveitam o
feriado para descansar. E a meio da semana, uma pausa no ritmo acelerado em
que muitos de nós vivemos, pode ser
realmente rivigorante e gerador de bem-estar.
Vivemos
numa era em que muitas pessoas se queixam constantemente de não terem tempo
para nada, descurando a necessidade de parar, pelo menos algumas vezes por dia,
em prol da própria sanidade mental.
Impera a
pressão constante por desempenhos excelentes e maximização de resultados e o
fazer nada passou a ser visto negativamente, induzindo sentimentos de
culpa.
Muitas
pessoas entram neste ritmo acelerado e numa urgência constante em responder às
expectativas pessoais e sociais criadas, gerando-se as condições propícias para
o desenvolvimento de quadros de stress e em última instância de burnout.
Quem se
aproxima desse ponto deixa de se sentir produtivo e podem emergir sensações
desagradáveis tais como a ansiedade, a raiva,
o tédio, o desejo de procrastinar e até sintomas físicos como dores de cabeça,
dores de estômago ou insónias.
Para este
desgaste extremo podem contribuir diferentes fatores tais como o
perfeccionismo, o elevado nível de ambição e de criticismo, a auto-exigência e
a pressão por parte do exterior. Neste contexto actual, parece não haver muito
espaço para desligar, desconectar e parar, até mesmo nos supostos momentos de
pausa, a propensão para continuar ligado, a consumir informação, através dos
smartphones parece levar a melhor.
No entanto, há muito que as neurociências já
evidenciaram a importância dos “tempos de nada”, indutores da sensação de bem
estar e da criatividade. O importante é acalmar a mente, parar de
analisar e afastar totalmente os pensamentos indutores de stress, na medida em
que esta paragem conduz à reorganização mental, que é a base para novos
insights e novas soluções, isto é para a criatividade. Ou seja, ao ativar no
cérebro um estado mais passivo e relaxado, são neutralizados os efeitos
negativos das hormonas do stress e produzidos neurotransmissores como
endorfinas e dopaminas que acentuam a sensação geral de bem-estar.
Há várias alternativas para ativar um estado de
relaxamento, tais como um exercício de relaxamento, dar um passeio a pé ou
fazer uma corrida, ouvir música calma, fazer uma sesta ou tomar um banho
quente. Este estado permite assim romper com os padrões de raciocínio
anteriores e com as emoções negativas associadas, promovendo o acesso a uma
posição neurológica mais favorável a um raciocínio mais claro, criativo e
produtivo. Quantos momentos “eureka!”já tivemos no duche ou enquanto
conduzíamos ao ouvir música?
Tempos de nada são portanto essenciais para aumentar a
criatividade e a capacidade para resolver problemas e tomar decisões,
incrementando a qualidade do trabalho e a auto-confiança. Para além disso, são
nos tempos de nada que temos oportunidade para nos desligarmos do exterior e do
modo automático em que vivemos grande parte do tempo, para nos conectarmos
connosco, ou seja com os nossos sentimentos, desejos e aspirações e não nos
perdermos de nós próprios na correria do dia a dia. É neste parar que a mente e
o corpo reencontram a tranquilidade e o relaxamento que necessitam para a
manutenção da saúde física e mental. Como tal, é essencial incorporar estes
tempos de nada no nosso quotidiano, o que requer organização, estabelecimento
de prioridades e acima de tudo permissão por parte do próprio. Importa ter
presente que os tempos de nada em nada se relacionam com negligência,
displicência, ou aversão ao trabalho mas sim com uma necessidade imperiosa de
parar a que todos temos direito em prol da nossa saúde, bem estar, criatividade
e produtividade.
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