Liniers ou Ricardo Liniers Siri (nascido em Buenos Aires em 15 de Novembro de 1973), é um cartoonista reconhecido na Argentina, como também a nível mundial.
Hoje decidi partilhar o seu cartoon mais recente, e podermos reflectir nesta relação tão simples entre Enriqueta - uma miúda curiosa sobre a vida e o que a rodeia, e o seu amigo Fellini - o seu gato. Pequenos diálogos, simples, com poucas palavras, mas tão ricos, proporcionando reflexões importantes.
Hoje sugiro a reflexão sobre o tempo... sobre esse tempo que não se perde, mesmo que não se esteja a fazer nenhuma actividade ou tarefa. O tempo que não se perde, tal como Enriqueta refere, "é o tempo que os meus pensamentos usam para viajar livres pelo meu cérebro".
Numa sociedade onde o fazer, fazer, fazer, impera! Onde há uma pressão constante por desempenhos excelentes e uma rentabilidade máxima. Onde o fazer nada passou a ser visto negativamente; numa urgência constante em responder às expectativas pessoais e sociais, gerando-se assim as condições óptimas para o desenvolvimento de quadros de stress, mal estar e insatisfação...
Por isso, hoje sugiro ouvirmos a Enriqueta...
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
Serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia (Consultórios em Lisboa e Caldas da Rainha)
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
Recordando Dolores O´Riordan
Dolores
O´Riordan, vocalista da banda irlandesa The Cranberries, morreu no passado dia 15 de Janeiro, aos 46 anos, por
motivos ainda desconhecidos. A sua voz e sonoridade inconfundível, onde parecia
coexistir em simultâneo uma expressão profunda de dor e força, fazem parte
da memória afetiva de muitos de nós.
Dolores O´Riordan tornou publico, em vários momentos, a sua luta contra a depressão e a perturbação
bipolar que lhe foi diagnosticada em 2015, abrindo com isso espaço para o
diálogo sobre a saúde mental.
Segundo a artista, o transtorno era a causa de seus surtos de
agressividade.
"Há
dois extremos na escala: você pode se sentir extremamente deprimida (...) e
perder o interesse nas coisas que ama fazer, e logo se sentir
supereufórica", disse ao jornal Metro.
"Mas você só fica nesses
extremos por cerca de três meses, até que vai ao fundo do poço e cai na
depressão. Quando você está transtornado, não dorme e se torna muito
paranóico."
E a depressão, segundo O'Riordan,
"é uma das piores coisas que podem acontecer com você".
Durante vários anos, a anorexia foi acompanhada de abuso de
álcool e pensamentos suicidas, tendo revelado que em 2013, tentou o suicídio
com uma overdose.
Na sua recuperação, referiu que o apoio dos seus três filhos
teve um papel fundamental.
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Desconstruir para reconstruir
Quando damos início à construção de uma
casa preocupamo-nos com os fortes alicerces, com um bom material, com uma
construção com medidas fidedignas, porque sabemos que caso algum destes
aspectos não for tido em conta, podemos estar a colocar em causa toda a
construção. E se por acaso quando estivermos já no momento das pinturas nos
apercebermos que a parede está torta, temos que a deitar abaixo para fazer uma
nova parede direita. Mas algumas vezes só nos podemos aperceber que ela está
torta quando a vamos pintar ou apenas quando vamos colocar um quadro e ele ficar
também torto...
Por vezes há momentos em que a nossa
vida vai seguindo, vamos fazendo coisas e parece que está tudo bem, até que
tentamos fazer algo e nos apercebemos que não conseguimos, apesar de até tentarmos
de muitas formas diferentes. Mas e se esse insucesso não estiver relacionado
com as nossas competências? Ou quando as nossas próprias competências poderem
ter sido desenvolvidas segundo uma parede sempre torta? E quando nos
apercebermos que sempre acreditámos em algo que nos fez sentido toda a vida,
até este preciso momento?
Há situações em que parece que, por
maior que investimento que fizermos ou mais tentemos avançar, algo está
estagnado sem permitir o seguir em frente, nem permitindo a nossa concretização
quer pessoal e relacional, como a profissional. E quantas vezes nessa altura
nos podemos sentir confusos sem perceber a razão... E, na verdade, muitas vezes
a razão pode estar mesmo em nós, nas nossas crenças.
São as nossas crenças que criam a
construção da nossa realidade, e a realidade é única para cada um de nós: a
nossa forma de olhar, de perspectivar, de pensar, de sentir, de interpretar, de
agir... Somos nós que criamos a nossa própria realidade.
As crenças são adquiridas a partir de
muito cedo da nossa existência, desenvolvidas e mantidas através de toda a
nossa experiência de vida. Tudo o que somos no presente é a soma das nossas
experiências, a forma como nos tratamos a nós próprios e como nos vemos, tem
muito a ver com a forma como fomos tratados e olhados quando crianças e jovens.
Isto significa que podemos chegar a um momento em que nos apercebemos que não
acreditamos que tenhamos a capacidade de, por exemplo, criar o nosso negócio, ou
que não somos merecedores de alguém que nos trate bem, e que é essa crença que
nos está a boicotar de seguir em frente com esse projecto profissional ou
relacional. Mas e essas crenças que nos direcionaram até agora têm que ser necessariamente
verdadeiras? Mas e se essas crenças nos estiverem a boicotar a possibilidade de
atingir o que realmente é importante no presente?
Para podermos avançar com novas formas
de nos vermos, temos que desconstruir a base, para reconstruirmos essa imagem
de uma maneira mais funcional e saudável, que nos permita avançar para o que
nos faz sentido no presente, para o nosso bem-estar, sem amarras do passado.
Quando essas amarras perduram temos a tendência de procurar e de dar uma maior
atenção às ideias e situações que confirmam as nossas crenças, fortalecendo-as e
solidificando-as assim cada vez mais, e ignoramos ou damos menor importância às
evidências que vão contra a nossa crença, comprometendo a nossa capacidade de
avaliar e interpretar as situações.
É a consciência das nossas crenças que nos
pode fazer decidir desconstruí-las (pondo à prova a sua funcionalidade, a sua
verdade, a sua adequação) para conseguirmos criar em nós uma maior harmonia e
bem-estar connosco e com os outros.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
Artigo escrito para a Revista Psicologia da Actualidade - encontra-se na edição nº 40, Janeiro- Fevereiro 2018
Etiquetas:
Aceitação,
Autoconhecimento,
Autoestima,
Bem Estar,
Desenvolvimento pessoal,
Joana de São João Rodrigues,
Maturidade,
Mudança
domingo, 7 de janeiro de 2018
Viver bem no Novo Ano
Nestes primeiros dias do novo ano,
em que muitos procuram descobrir novas formas de aumentar a sua qualidade de
vida e bem estar, seria interessante, antes de mais, compreender o que
significa afinal viver bem.
Vivemos numa era em que somos
inundados, através das redes sociais, por publicações que projetam imagens de
felicidade associadas a festas, viagens, aos melhores amigos, aos melhores
namorados. A exposição a estas mensagens poderá, de certa maneira, gerar a
crença que viver bem é experienciar esta
constante diversão e que, por conseguinte, a vida rotineira do quotidiano seria
maçadora e desinteressante.
Esta ilusão que é vendida é
suscetível de produzir, por um lado, uma sensação de admiração e de desejo em
frequentar os mesmos lugares, fazer as mesmas viagens, conhecer aquelas
pessoas, ou fazer aquelas atividades e por outro lado, gerar uma sensação de
frustração e de fracasso por não se conseguir ter uma vida assim.
Na realidade, para vivermos bem, é
importante a existência de uma rotina e a aceitação de que essa rotina tem
inevitavelmente um caráter de repetição que pode ser organizador e gratificante
desde que esteja em sintonia com as nossas características pessoais e
aspirações.
Os períodos de pausa e de férias
são importantes para relaxar, descansar e para uma libertação temporária das
responsabilidades, horários e obrigações laborais. No entanto, se este tempo
para não fazer nada ou de festa passasse a ser a rotina do quotidiano, acabaria
igualmente por se tornar monótono e conduzir a uma sensação de enfraquecimento e
de empobrecimento do eu.
A robustez da auto-estima é, sem
dúvida, um fator determinante para se
viver bem e relaciona-se com o orgulho que temos em relação aos nossos valores
e à forma como os refletimos na nossa conduta e na relação com os outros. Viver
bem associa-se à existência desta congruência interna, sendo igualmente
importante uma rotina na qual nos ocupamos com coisas que gostamos e das quais temos
um retorno gratificante e compensador.
Quando estamos ocupados e
envolvidos a fazer algo que nos interessa e entusiasma, ficamos totalmente
conectados no momento presente e o tempo flui de forma rápida. Estas sensações
agradáveis podem advir de trocas relacionais significativas, de atividades de
lazer ou intelectuais (leitura, cinema, arte, música) e de atividade físicas
como o desporto ou a dança, que aumentam a
produção de endorfinas, hormona responsável pela sensação de bem-estar.
Podemos concluir que viver bem se
relaciona sobretudo com a construção de uma rotina congruente e harmoniosa com
a nossa natureza humana, que transparece a nossa autenticidade e não com a
superficialidade associada à imitação de um estilo de vida projetado e alheio.
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
Novo Ano e muita coisa se mantém...
No ano passado, aqui (https://claramente-psi.blogspot.pt/2016/12/recomecos-com-sabedoria.html) falei
sobre esta altura do ano ser inevitável não se pensar ou não se falar em
finais e retrospectivas, mas também em recomeços, novos objectivos e metas. Inevitável,
nem que seja pelas notícias da televisão e jornais ou pelas 12 passas que
alguns obrigatoriamente têm que comer à meia-noite na passagem de ano.
No entanto, essa necessidade de
criação de objectivos muitas das vezes mais influenciada por alguns factores
externos do que propriamente internos, facilmente nos leva à não concretização
dessas mesmas metas.
Quando criamos objectivos para o
Novo Ano, não nos podemos esquecer antes que tudo, que somos a mesma pessoa do
ano anterior e de todos os outros anos, e que caso não tenhamos conseguido
mudar algo em nós, é porque pode ser que não estejamos tão motivados (ainda)
para essa mudança e podem existir realmente algumas dificuldades nesse processo.
Assim, sem pensarmos em estratégias para nos motivar ou em estratégias específicas
para ultrapassar as dificuldades, o objectivo ficará apenas no ar, e provavelmente
sem ser concretizado.
Um Novo Ano com consciência das
nossas dificuldades, das nossas limitações, do nosso passado, das nossas
feridas, das nossas aprendizagens... É essa consciência que nos faz ser capaz
de criar objectivos e metas realistas, sem chegarmos a Fevereiro frustrados,
pelas resoluções do novo ano já terem ido por água abaixo... Porque será que em
Fevereiro isso acontece?
Talvez uma óptima resolução de
Ano Novo será permitirmo-nos ter tempo para pensar, reflectir, e estar em
contacto connosco mesmos. A consciência sobre nós próprios permite-nos
conhecermo-nos melhor, e por isso também saber o que queremos verdadeiramente
para nós e o que estamos dispostos a fazer, facilitando a escolha do caminho a
seguir.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o
novo Acordo Ortográfico.
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