quarta-feira, 29 de março de 2017

Síndrome de Peter Pan: Adultos que não querem crescer

A Síndrome de Peter Pan foi um conceito que se começou a utilizar em Psicologia desde a publicação de um livro escrito em 1983 “The Peter Pan Syndrome: Men Who Have Never Grown Up” (A Síndrome do homem que nunca cresce), escrito pelo Dr. Dan Kiley, psicólogo norte americano.

Apesar de não existirem evidências claras que esta síndrome seja uma doença psicológica real, e por isso não está referenciada nos manuais de transtornos mentais, esta síndrome que bloqueia a maturidade emocional da criança, caracteriza-se por um conjunto de características imaturas em aspectos comportamentais, psicológicos, sexuais ou sociais, podendo causar dificuldades de adaptação nos adultos que desenvolveram esta problemática.  

Segundo Kiley, a pessoa tende a manifestar seis sintomas centrais: irresponsabilidade, ansiedade, solidão, conflito relativo ao papel sexual masculino, narcisismo e machismo. Referia-se a este termo como um atraso na tomada de decisões fundamentais como forma de evitar as responsabilidades associados ao adulto. Segundo Kiley, existem outros sinais, tais como a maior sedução pela juventude passada do que pelo momento presente, inseguranças (apesar de demonstrarem o contrário), viver centrado em si mesmo, estar sempre insatisfeito com o que tem (embora não tome iniciativas para alterar a situação), sentimento de que a vida nunca será como gostaria, vivendo sempre uma completa desilusão. São pessoas que se recusam a crescer, demonstram uma forte imaturidade emocional e têm um grande medo de não serem amadas e acabarem por serem rejeitadas. São pessoas que preferem afastar-se das exigências do mundo real e esconderem-se num mundo de fantasias e ilusões. E desta forma podem não conseguir desempenhar as suas tarefas e responsabilidades com sucesso nas áreas profissionais e também na vida pessoal. Tendencialmente estas pessoas têm dificuldade em cortar a ligação de dependência com os pais e, geralmente, têm apenas relações superficiais com os outros. Precisam de ter ao seu lado alguém que atenda as suas necessidades, que as cuide e que as façam sentir-se protegidas.

As consequências da Síndrome de Peter Pan podem levar a alterações emocionais graves, como elevados níveis de ansiedade e de tristeza que podem levar à depressão. Estas pessoas sentem-se insatisfeitas com as suas próprias vidas, uma vez que não assumem a responsabilidade pelas suas acções, o que faz com que não tenham realizações próprias, afectando directamente a auto-estima.

Essa resistência em crescer, associada a esta Síndrome é mais comum em homens do que em mulheres. A Síndrome de Peter Pan é causada por múltiplos factores, tais como traços de personalidade dependente, o estilo de lidar com problemas e padrões educacionais. Tendencialmente as crianças super protegidas podem mais facilmente desenvolver este distúrbio.

Amadurecer não significa perder a criança que há dentro de nós, pois é essencial que essa criança se mantenha, e às vezes, para que a vida não seja tão rígida, saia também a brincar. Contudo é importante não permitir que essa criança domine e dificulte a nossa vida adulta, como no caso de Peter Pan. É crucial conseguirmos criar uma relação harmoniosa entre o adulto e a criança interior e alcançar um equilíbrio entre estas duas partes de nós.

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

domingo, 12 de março de 2017

Dia do Pai


No próximo domingo, dia 19 de Março, assinala-se o Dia do Pai e se esta figura assumiu durante várias décadas um papel secundário e menos relevante para a psicologia no que respeita ao desenvolvimento das crianças, atualmente essa perspetiva está completamente ultrapassada, sendo reconhecida de forma cabal a importância da relação entre pai e filhos.
Desde a gestação que o pai tem um papel fundamental no acompanhamento e suporte emocional à mãe no que respeita à transmissão de segurança e tranquilidade, garantindo assim que a criança receba esses estímulos na barriga da mãe.
A presença de uma figura paterna - que não precisa de ser necessariamente o pai biológico mas alguém que exerça esta função no seio da família - é importante para a estruturação do psiquismo da criança, uma vez que a presença paterna é diferente e complementar à materna, na qual os dois assumem o papel de autoridade e dos afetos, contribuindo para uma maior flexibilidade mental e adaptativa da criança.
O envolvimento da figura paterna, a sua participação ativa na vida da criança e a proximidade emocional com ela, condicionam o seu desenvolvimento intelectual, emocional e social, promovendo a segurança,  auto-estima, resistência às frustrações e autonomia.

Apesar das estruturas familiares terem vindo a sofrer modificações ao longo do tempo, a importância da figura paterna na vida de uma criança mantém-se, pelo que importa alimentar os laços de afinidade, cumplicidade e confiança e dispôr do tempo necessário para que isso seja possível. 

terça-feira, 7 de março de 2017

Da tranquilidade e da calma à raiva

Provavelmente já passámos por esta situação ou conhecemos algumas pessoas que já possam ter passado. Aquela pessoa calma, tranquila, sempre de bem com os outros, dedicada e prestável... De repente há um dia em que grita e diz palavras agressivas a alguém... O que poderá levar a uma pessoa que está bem a ter um acesso de fúria? Até podemos compreender quando é uma situação isolada, estava num mau dia... Mas, e quando isso começa a acontecer com frequência? Por norma as pessoas à sua volta não percebem, e a própria pessoa sente-se culpada... Mas sente que não se consegue controlar. O que poderá estar por detrás disto?

Muitos de nós engolimos sapos para não nos chatearmos, para evitar conflitos e discussões ou porque temos receio que as relações se alterem e as pessoas fiquem aborrecidas e zangadas. Contudo, ao não exteriorizarmos as nossas opiniões, sensações, emoções e pensamentos, muitas vezes criamos uma tensão interna, porque vão ficando demasiadas questões acumuladas. E mesmo que digamos para nós próprios que é o melhor, o não dizer nada, não deixamos de ficar com essa acumulação só porque não queremos, e por mais que tentemos não pensar nisso... esse mal estar, essa frustração, essa tristeza acaba por sair de alguma forma. E muitas vezes de forma imprevisível...

Contudo, é um indicador de que alguma coisa não está a correr bem e que é preciso mudá-la, podem ser problemas nos relacionamentos pessoais, sejam familiares, amorosos ou amizades, ou profissionais. Ao percebermos o que nos está a acontecer, permite-nos parar e reflectir sobre o que não está bem e aprender mais sobre as nossas próprias emoções. Identificar os primeiros sinais do aparecimento da fúria e raiva, possibilita detê-la antes que cresça.

O primeiro passo é percebermos o que nos está a acontecer e querer mudar o que nos cria esse mal-estar e frustração. Contudo, essa tarefa pode ser a mais difícil, porque algumas das vezes podem ser situações que estão a ser vividas há muito tempo e mudá-las requer realmente uma atitude decidida. Depois se assumirmos que queremos essa mudança é possível aprender a gerir a raiva e melhorar a própria vida e a dos que nos rodeiam. 

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

quarta-feira, 1 de março de 2017

1º Aniversário da ClaraMente!

Deste nosso primeiro ano de existência, recordamos com satisfação os workshops que fizemos no Greenfest, a convite da Revista Progredir, e na Universidade Sénior da Portela, mas também as várias publicações da nossa autoria em revistas como a "Saber Viver", "Psicologia na Actualidade", "Progredir", "Saúde Actual" e no Portal dos Psicólogos. O nosso mais recente mas grande passo foi a expansão dos nossos serviços em consultório para as Caldas da Rainha. Esperamos que o nosso trabalho e o compromisso que nos pauta continue a ser merecedor do vosso acolhimento, para que convosco possamos crescer por muitos anos e fazer cada vez melhor.


E hoje a ClaraMente faz um ano!!!