terça-feira, 19 de setembro de 2017

Morre Lentamente - Pablo Neruda



“Morre Lentamente” é um poema de Pablo Neruda, prémio Nobel da Literatura em 1971, que nos remete para a importância de estarmos atentos ao melhor que a vida tem para nos oferecer e de sabermos aproveitá-la da melhor maneira possível. 
Este é um exercício que exige esforço, já que muitas vezes somos empurrados para uma rotina e para uma monotonia em já não encontramos paixão e motivação. 
E é justamente aqui que “começamos a morrer lentamente” e onde no lugar de vivermos passamos somente a existir e a respirar. 
Redescobri o que nos move e nos apaixona, arriscar, sair da nossa zona de conforto, fazer novas aprendizagens, conhecer pessoas novas e fazer coisas diferentes, podem ser formas de despertarmos do marasmo e da apatia em que muitas vezes caímos e de nos voltarmos a sentir vivos e apaixonados pela vida. 

Morre lentamente 
quem se transforma em escravo do hábito, 
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca 
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. 
Morre lentamente 
quem faz da televisão o seu guru. 
Morre lentamente 
quem evita uma paixão, 
quem prefere o negro sobre o branco 
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, 
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, 
sorrisos dos bocejos, 
corações aos tropeços e sentimentos. 
Morre lentamente 
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, 
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, 
quem não se permite pelo menos uma vez na vida, 
fugir dos conselhos sensatos. 
Morre lentamente 
quem não viaja, 
quem não lê, 
quem não ouve música, 
quem não encontra graça em si mesmo. 
Morre lentamente 
quem destrói o seu amor-próprio, 
quem não se deixa ajudar. 
Morre lentamente, 
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte 
ou da chuva incessante. 
Morre lentamente, 
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, 
não pergunta sobre um assunto que desconhece 
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior 
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos 
um estágio esplêndido de felicidade

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