quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Psicoterapia na Infância e na Adolescência

 


A infância e a adolescência constituem etapas da vida fundamentais para a estruturação da personalidade e do funcionamento psíquico do futuro adulto. O aparecimento de perturbações emocionais e comportamentais requer por parte dos pais e educadores uma atenção especial, uma vez que a deteção e a intervenção atempadas, poderão evitar sequelas futuras.

Nas crianças poderão surgir dificuldades no contexto escolar, nomeadamente dificuldades de aprendizagem e/ou no relacionamento interpessoal, bem como comportamentos de oposição e de desafio, birras, medos e ansiedades, hiperatividade e défice de atenção, tristeza, apatia e isolamento, perturbações de sono e na alimentação, entre outros. Importa a atenção por parte dos pais e prestadores de cuidados a este tipo de sinais que devem ser avaliados por um especialista, uma vez que podem estar a comprometer um desenvolvimento saudável e harmonioso.  

Na ClaraMente, os pais e familiares que levam a criança à consulta, encontrarão um espaço psicoterapêutico de escuta, compreensão e partilha, no qual a intervenção se fundamenta numa estreita aliança terapêutica colaborativa. Nas sessões com a criança, através de uma abordagem especializada com recurso ao desenho, a histórias e ao brincar, ela é ajudada a identificar as suas emoções e necessidades e a comunicá-las de forma mais ajustada, visando-se o reequilíbrio do seu funcionamento e a adaptação ao seu contexto familiar e escolar.

Com os adolescentes trata-se de ajudá-los a lidar com os problemas emocionais que frequentemente surgem nesta fase de transição da infância para a vida adulta, marcada por importantes mudanças biológicas, psicológicas e sociais. As dificuldades em responder adequadamente aos conflitos internos, bem como às exigências externas (pais, escola, família), podem levar o jovem a um estado de inquietação constante, angústia e preocupação. As necessidades de afirmação pessoal, reconhecimento e integração social estão na ordem do dia e muitos pais sentem dificuldade em lidar com os comportamentos e atitudes dos seus filhos, sendo necessário, em determinados momentos, um apoio especializado. 

Na ClaraMente podemos apoiar o jovem no desenvolvimento de estratégias mais adequadas na gestão emocional e resolução de problemas, por forma a conseguir ultrapassar as suas dificuldades e seguir em frente, na construção do seu caminho, com maior maturidade, confiança e bem-estar. 

                   Claramente, ao encontro do seu bem-estar emocional

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

A Urgência de se estar Sempre a fazer alguma coisa leva-nos Aonde?

Numa sociedade onde o fazer, fazer, fazer, impera; onde há uma pressão constante por desempenhos excelentes e uma rentabilidade máxima e onde o fazer nada, passou a ser visto negativamente, numa urgência constante em responder às expectativas pessoais e sociais, estão criadas as condições ótimas para o desenvolvimento de quadros de stresse, mal-estar, depressão e insatisfação... É nesta sociedade em que vivemos atualmente!

Parece que foi criada uma ideia geral, que assumimos totalmente, que o valor enquanto pessoa está diretamente ligado ao que fazemos. Mas e como é procurar sentirmo-nos com valor enquanto pessoas, simplesmente pelo que somos? Não pelo que fazemos, nem pelo que temos. Apenas ser! Como seria eu procurar o bem-estar geral enquanto pessoa apenas? O que isso significa? Como é sentir isso? E se imaginarmos fazer tudo o que desejamos fazer, como nos iríamos sentir? Totalmente realizados? E depois disso? A ambição de atingir algo mais continua? Essa exigência de se querer ter mais tem limites? Talvez possam parecer perguntas estranhas... Talvez sejam. Mas tentar perceber o que estas questões fazem sentir pode ser interessante, fica a sugestão!

A forma como as pessoa se julgam, se comparam e se sentem julgadas pelos outros (mesmo que não o sejam), leva a um sentimento de culpa, que vai incutindo na maioria das pessoas a crença - ou estamos a produzir, a criar, a investir no nosso tempo de forma clara, ou somos preguiçosos. Parece que o descanso deixou de ser bem aceite, parece que cada vez mais as pessoas sentem que o não fazer nada é um desperdício de tempo. Às vezes, até quando nos apercebemos que precisamos de descanso e que um momento de não fazer nada seria tão bom, há aquela voz crítica que nos diz que não podemos, não é suposto... Tanto que essa ideia nos é passada, que vai sendo incorporada em nós! É passada por quem? Chefes, empresas, media, sociedade de forma geral... Ninguém quer ser visto como preguiçoso.

No entanto, uma pausa durante o dia, o descanso ao final da tarde, um fim-de-semana sem olhar para o correio eletrónico, momentos para apenas contemplar o que está à nossa volta (que muitas vezes nem reparámos bem, mesmo ao estarem ali todos os dias), ouvir uma música relaxante, tomar um banho quente, brincar com os gatos, dar um passeio, fazer uma sesta, beber um chá... Cortar com o ritmo acelerado em que muitos de nós vivemos, pode ser realmente vitalizador, reconstrutivo, gerador de bem-estar e até mesmo produtivo!

Vários estudos mostram que um tempo destinado e não organizado de inatividade, equilibrado com a gestão das atividades, promove uma maior energia, foco, concentração e clareza mental. Há a tendência de se valorizar demasiado o tempo em que estamos ativos, mas é essencial reconhecermos a importância da inatividade também! Pela nossa Saúde! As neurociências já demonstraram a importância dos “tempos de nada”, indutores da sensação de bem-estar. É essencial acalmar a mente, parar de examinar e afastar totalmente os pensamentos criadores de stresse, essas paragens permitem uma reorganização mental, que é a base para novos insights e novas soluções. Quantas vezes estamos a tentar encontrar uma solução há horas...e é quando decidimos que fica para o dia seguinte e estamos relaxados que surge a ideia, a solução? É isso! Ao conseguirmos estar mais relaxados, são anulados os efeitos negativos das hormonas do stresse e produzidos neurotransmissores que acentuam a sensação geral de bem-estar.



É essencial incutirmos em nós a ideia da Necessidade de Autocuidado, do cuidarmos de nós, cada dia.
Se nos sentimos exaustos, sem energia, deprimidos, com elevados níveis de ansiedade, não vamos produzir! Então não podemos colocar o objetivo prioritário de estar sempre a fazer algo e de sermos produtivos. Iremos ser, se conseguimos equilibrar as nossas necessidades. É urgente criar estes tempos de nada nos nossos dias, o que requer permissão por parte do próprio, para aceitarmos que esse tempo do nada não faz de nós pessoas preguiçosas, e assim organizarmos o nosso dia com esse tempo destinado.

Artigo publicado na Revista Psicologia na Actualidade - Psychology Now, nº 55 Out/Nov/Dez 2021