O Dia Nacional de
Prevenção do Cancro da Mama celebrou-se ontem a 30 de Outubro, visando-se
neste dia um apelo à mudança de comportamentos perante a doença e a divulgação
de informação sobre o tratamento, o rastreio, o diagnóstico e a prevenção do
cancro da mama.
O diagnóstico de cancro da mama é um dos mais receados
pelas mulheres, por ser uma doença estigmatizante, potencialmente mortal e, habitualmente,
com consequências ao nível do seu funcionamento biológico, psicológico e
social.
Sendo a mama um símbolo da sexualidade e
feminilidade, a perda deste órgão pode comprometer diretamente a auto-estima e
auto-imagem da mulher, reativando sentimentos de desvalorização e
inferioridade que podem comprometer os relacionamentos sociais e
particularmente, a relação conjugal e a sexualidade.
A mama, para além de estar ligada à estética
feminina, exerce uma função fisiológica de amamentação, sendo um símbolo de
maternidade. Perder esta parte do corpo, representa, simbolicamente uma
diminuição destas capacidades maternas e um comprometimento na imagem sexuada,
uma vez que a mama é também das partes do corpo mais associadas ao prazer na
relação sexual.
Apesar de toda a evolução da medicina, o momento do
diagnóstico é ainda sentido como uma sentença de morte, dando lugar a angústia
e sofrimento, bem como a sentimentos de incerteza e ansiedade quanto ao futuro
e a pensamentos recorrentes sobre a morte, o que também é vivido por parte da
família que acompanha este processo.
Os impactos emocionais mais
comuns após o diagnóstico são a sensação de perda do controle sobre a vida, mudanças na
auto-imagem, medo da dependência, do abandono, do isolamento e da morte, sendo
as comorbidades mais frequentes a ansiedade e depressão.
Vários estudos referem que a
forma da mulher se posicionar e lidar com a doença, do ponto de vista
emocional, é de extrema importância para o sucesso do tratamento. As
perturbações emocionais prejudicam o bom funcionamento do sistema imunológico causando
alterações bioquímicas, pelo que as pessoas mais combativas e que adotam uma
atitude positiva, têm maior esperança de vida do que as que reagem com uma
perceção de baixa auto-eficácia e sentimentos de desesperança. O peso emocional de uma
doença varia de pessoa para pessoa e é influenciado por vários fatores tais
como as vivências passadas, a personalidade, o grupo de familiares e amigos.
O acompanhamento psicológico nestes
casos é de extrema importância para a adaptação emocional e funcional inerente
a todo este processo, promovendo ainda a participação mais ativa e positiva da
mulher durante o tratamento e a sua qualidade de vida.
Mas para além dos profissionais
que podem ajudar, é muito importante o suporte social e familiar. A perceção
por parte da mulher da disponibilidade daqueles que lhe são chegados e o sentir
que não está sozinha nesta luta, é sem dúvida determinante para a promoção do
seu bem-estar emocional.
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