sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Saúde Mental e(m) Crise... Os Primeiros Socorros Psicológicos

Segunda-feira, dia 10 de Outubro, celebrou-se uma vez mais o Dia Mundial da Saúde Mental, pela primeira vez dedicado aos Primeiros Socorros Psicológicos. Na mesma semana, António Guterres, antigo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, é designado Secretário Geral da ONU, reforçando a necessidade e urgência na protecção e apoio à população refugiada. Em menos de um mês, completa-se um ano sobre os atentados terroristas em Paris.
Há uns meses falei aqui acerca de quando coisas terríveis acontecem... Todos nós, todas as comunidades, estamos sujeitos a momentos de crise, a eventos potencialmente traumáticos. As consequências são bem conhecidas, e passam pelo aparecimento ou acentuado agravamento de perturbações do humor e ansiedade, abuso de substâncias, sofrimento psicológico generalizado, necessidades sociais e desigualdades no funcionamento social.
Num momento em que mais de 65 milhões de pessoas  em todo o mundo estão deslocadas devido a conflitos e/ou perseguições ( quase 7 vezes mais do que a população de Portugal; 1 em cada 113 pessoas no mundo; a cada minuto, 24 pessoas recebem o estatuto de deslocadas ou refugiadas), em que mesmo os países “seguros” se revelam tão inesperadamente vulneráveis (seja por atentados terroristas, catástrofes naturais, ou simples acidentes), urge falar-se de saúde mental, importa perceber como, no imediato, se pode ajudar as pessoas a prevenir o agravamento do seu estado emocional, permitindo-lhes vivenciar e superar da forma mais adequada e saudável possível as maiores adversidades das suas vidas. Ainda que muitas pessoas lidem de uma forma adequada e adaptativa em situações de crise, outras sentem-se sobrecarregadas, confusas, receosas, tristes, zangadas, entorpecidas.
Os Primeiros Socorros Psicológicos correspondem a uma resposta humana, solidária e prática a pessoas expostas a diversos factores stressores e que possam necessitar de apoio, sendo uma abordagem que visa ajudar as pessoas a recuperarem dando resposta às suas necessidades básicas e demonstrando-lhes preocupação e cuidado, de uma forma que respeite as suas vontades, cultura, dignidade e capacidade. Os Primeiros Socorros Psicológicos envolvem a prestação não intrusiva e prática de cuidados e apoio; a avaliação das necessidades e preocupações das pessoas; o auxílio a pessoas em sofrimento a acederem a necessidades básicas (como água e comida); ouvir, sem pressionar, o que as pessoas têm para nos dizer; confortar as pessoas e ajudá-las a sentirem-se calmas; ajudar as pessoas a obter informações, serviços e apoio sociais; proteger as pessoas de danos adicionais.
Noções básicas de Primeiros Socorros Psicológicos, permitem que qualquer pessoa, perante um evento de crise potencialmente traumático, possa intervir junto de outros, prestando apoio a pessoas em intenso sofrimento psicológico e, muito importante, a saber o que não dizer.

Intervém-se com mulheres, com crianças (meninos e meninas), homens, jovens e idosos. Todos podem beneficiar de Primeiros Socorros Psicológicos, ainda que alguns possam precisar de ajuda mais especializada

Ana Luísa Oliveira escreve de acordo com a antiga ortografia.

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