As emoções fazem
parte do nosso dia-a-dia, durante toda a nossa vida, e podem ser, desde muito
agradáveis a muito dolorosas. Para nos ajudar a lidar e a gerir essas emoções,
utilizamos determinadas estratégias de regulação emocional, que vão sendo
desenvolvidas ao longo da nossa vida. Quanto maior for o leque de
possibilidades (de estratégias), mais facilmente conseguimos optar pela que se
adequa mais a cada momento. E esse leque está mais aberto, quanto maior as
nossas competências emocionais, que são o que descrevem a capacidade que cada
um de nós tem em expressar as suas emoções, e deriva da inteligência emocional
- capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de
nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos
relacionamentos. (Ver artigo sobre inteligência emocional).
A falta de
competência emocional pode conduzir ao evitamento ou afastamento de pensamentos
que criam uma activação emocional que nos transmitem mal-estar: supressão das
emoções. Alguns dos sinais mais habituais de supressão emocional são: disfarçar
ou evitar as emoções, evitar situações, lugares ou pessoas que criam uma emoção
difícil de ser gerida, fingir que está tudo bem. Contudo, ao suprimir as
emoções, podem-se estar a criar alguns outros problemas que levam a uma
deterioração da saúde física e mental tais como stress, pressão alta, risco de
diabetes, ansiedade, depressão, problemas de memória e as relações
interpessoais facilmente podem ser afectadas. Por outro lado, diversos estudos
demonstram que, quanto maior for o leque de estratégias e a diferenciação
emocional, menor é a utilização da supressão emocional.
Um bom exemplo é
a chamada “cara de poker”, em que por um lado estamos satisfeitos por nos ter
saído um bom jogo mas inibimos a expressão emocional para os adversários não se
aperceberem. Contudo, ao inibirmos a expressão emocional, não conseguimos
evitar que a emoção seja experienciada, assim a emoção que é sentida como negativa
ou desagradável, mantém-se por resolver. Determinados estudos demonstram que supressão
emocional está relacionada com a perda de autenticidade, que acaba por
“fingir”, o que exige mais da própria pessoa criando um maior desgaste. Este
exemplo de “cara de poker” ou o exemplo de estar numa conferência e inibir a
minha expressão emocional associada ao receio da minha prestação, são situações
em que efectivamente o resultado é positivo (conseguir enganar os meus
adversários no jogo de poker e não me mostrar muito ansioso perante a plateia).
Contudo, é essencial a consciência de que em outros momentos, este “fingimento”
pode estar a dificultar-nos a aprendizagem de uma gestão emocional mais
adaptativa.
Para conseguirmos
regular as nossas emoções e desenvolver as competências emocionais é importante
aceitarmos que as emoções desagradáveis fazem parte da vida e que são tão válidas
como as agradáveis e, que não vamos conseguir não sentir as sensações desconfortáveis,
incómodas e dolorosas no nosso corpo. Em vez de lutarmos contra as emoções desagradáveis,
fingir que não as sentimos ou escondê-las com máscaras, é essencial que as
consigamos aceitar, o que está longe de significar que nos resignamos. Mas
aceitar que as emoções estão lá, permite-nos procurar em nós diferentes formas
para as gerir e só assim crescemos emocionalmente.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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