Algum tempo atrás escrevi aqui
no blogue o artigo “A importância de
nos fazermos entender”, onde coloco que no meio profissional, mas também no ambiente
familiar, conjugal e social, é essencial uma boa comunicação, para facilitar o
desenvolvimento de relações saudáveis e evitar desentendimentos. Hoje vou-me
focar apenas num aspecto da comunicação, mas aspecto esse essencial para a
construção de qualquer relação saudável: a
assertividade.
Muitas pessoas confundem o ser assertivo
com o ser simpático, amável e dizer tudo o que pensa. Há outras pessoas que
acham que o ser assertivo é ser um pouco arrogante. Então e se eu disser que a
assertividade é um equilíbrio? A
assertividade é a capacidade de defendermos os nossos próprios direitos e
exprimir pensamentos, sentimentos e convicções de forma apropriada, directa e
honesta, sem nos deixarmos manipular, sem manipular e sem violar os direitos
dos outros. É um estilo de comunicação que nos permite ser mais constructivos
na relação com os outros, proporcionando uma maior proximidade entre as pessoas
e uma maior satisfação na comunicação das nossas emoções. Não é uma característica inata
ou um traço de personalidade, o que acontece é que as aprendizagens que fazemos
ao longo da nossa vida nos conduzem a que, num determinado momento, tenhamos ou
não a capacidade de nos comportarmos de forma assertiva. A assertividade é uma
aptidão que pode ser aprendida, que cada um pode desenvolver através de treino.
Embora seja difícil dizer quais
os motivos específicos que fazem com que em determinados momentos e com
determinadas pessoas, tenhamos dificuldade em nos comportarmos de forma
assertiva, existem alguns factores que podem ser considerados, tais como:
punição (se no passado existiram punições físicas ou verbais pelo comportamento
assertivo em momentos semelhantes), reforço (se em situações anteriores
existiram recompensas pelo comportamento não assertivo em momentos
semelhantes), modelagem (por observação e imitação do comportamento não assertivo
de pessoas próximas e significativas, como por exemplo os pais), falta de oportunidade
(se no passado não existiram oportunidades para se aprender formas de
comportamento mais adequadas e assim, quando ocorre uma situação nova, não se
sabe como gerir e surge a sensação de desconforto por essa falta de
conhecimento), padrões culturais e crenças pessoais (por exemplo “é falta de
educação recusar a pedidos”, ou “quero que todas as pessoas gostem de mim”, que
se aprende ao longo da vida, podem ser determinantes contra a assertividade,
resultando em respostas não assertivas), incerteza relativamente aos próprios
direitos (por não se saber os direitos em determinadas situações sociais).
Assim, e voltando ao que disse
acima, a assertividade é uma aptidão que pode ser aprendida, que cada um pode
desenvolver através de treino, ou seja,
a assertividade acaba por ser uma escolha e da mesma forma que aprendemos a
comportarmo-nos de uma maneira não assertiva, podemos aprender um conjunto de
competências que nos permita comportarmo-nos de forma mais assertiva.
E já agora, quais as vantagens de sermos assertivos? Ao
sermos assertivos temos respeito por nós próprios e valorizamos a nossa opinião
ao mesmo tempo que respeitamos que o outro tem uma opinião diferente, reduzimos
a sensação de insegurança e vulnerabilidade, aumentamos a nossa autoconfiança e
a autoconfiança no relacionamento com os outros, e diminuímos a necessidade de
aprovação daquilo que fazemos. A assertividade permite defendermos os nossos
direitos, que as nossas preferências sejam respeitadas e as nossas necessidades
satisfeitas. Agir de forma assertiva não tem como objetivo ganhar, mas sim de
considerar os interesses de ambas as partes envolvidas e de os negociar para
que se chegue a um acordo.
Então... como nos podemos tornar mais assertivos? A
primeira mudança é interna, porque podemos dizer que queremos ser mais
assertivos, mas determinados pensamentos bloqueadores estarem a criar
resistência na nossa acção. É importante percebermos o que realmente está na
base desses pensamentos, porque muitas vezes reflectem uma crença nossa,
importante a ser explorada.
E por fim, deixo aqui uma
sugestão, porque não escrever uma lista dos seus direitos? Por exemplo:
- Tenho o direito de ser
respeitado e tratado de igual para igual, independente da situação, das minhas
funções ou do meu estatuto social,
- Tenho o direito de manter os
meus valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros,
- Tenho o direito de pensar
antes de agir ou de tomar uma decisão,
- Tenho o direito de expressar
os meus sentimentos e opiniões,
- Tenho o direito de mudar de
opinião,
- Tenho o direito de expressar
as minhas necessidades e de pedir o que quero,
- Tenho o direito de dizer NÂO
sem sentir culpa por isso,
- Tenho o direito de pedir
ajuda e de escolher se quero ajudar alguém,
- Tenho o direito de cometer erros,
sem sentir culpa,
- Tenho o direito de ter os
meus objectivos e de lutar para os atingir, respeitando os direitos dos outros.
- Tenho direito de ...
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