Atualmente é inegável a importância do
brincar no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança.
No entanto, e apesar do contrassenso que
é, as crianças têm cada vez menos tempo para brincar, em prol de
agendas assoberbadas em atividades extracurriculares e deveres escolares.
O brincar fica relegado para segundo plano
e a preocupação dos pais recaí sobretudo em saber se os filhos estudaram ou
não, sem perceberem que nenhuma criança desenvolverá todo o seu potencial se a
brincadeira não fizer parte da sua vida.
É importante frisar que o brincar e o
jogar não se resumem apenas a formas de divertimento e de prazer para
a criança, mas são meios privilegiados dela expressar
os seus sentimentos e aprender.
Por intermédio da brincadeira, a criança
explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida,
interiorizando-a. A experimentação de diferentes papéis sociais (o papel de
mãe, pai, bombeiro, super-homem) através do faz-de-conta, permite
à criança compreender o papel do adulto e aprender
a comportar-se e a sentir como ele, constituindo-se como uma preparação
para a entrada no mundo dos adultos. A criança procura
assim conhecer o mundo e conhecer-se a si mesma.
Por outro lado, através da brincadeira, a
criança tem oportunidade de simular situações e conflitos da
sua vida familiar e social, o que lhe lhe permite a expressão das suas
emoções. Brincar é uma forma segura das crianças encenarem os seus medos, as
suas angústias e a sua agressividade e de tentarem elaborar e resolver os seus conflitos
internos. Os jogos, nos quais está implícito o perder e o ganhar,
permitem que a criança possa começar a trabalhar a sua resistência à
frustração. Aprender a lidar com esse sentimento é essencial para o seu
equilíbrio emocional e para o desenvolvimento da personalidade.
Outro aspeto importante do brincar é o
desenvolvimento do raciocínio, da atenção, da imaginação e da criatividade, na
medida em que as brincadeiras trazem novas linguagem e ajudam a criança a
pensar, se quisermos, a pensar a realidade de forma criativa.
O brincar desempenha um papel igualmente
importante na socialização da criança, permitindo-lhe aprender a partilhar, a
cooperar, a comunicar e a relacionar-se, desenvolvendo a noção de respeito por
si e pelo outro, bem como sua auto-imagem e auto-estima.
Os benefícios do brincar são inesgotáveis
e como tal é muito importante que os pais não se esqueçam de definir na agenda
da criança um espaço diário para não fazer nada – é aí que surge o espaço para
brincar.
Os pais têm um papel fundamental
no que respeita à preparação dos espaços, à seleção dos
brinquedos e dos contextos a serem explorados, proporcionando à criança um
ambiente de qualidade e enriquecedor da imaginação infantil, que estimule as
interações sociais com outras crianças, familiares e amigos. Importa lembrar
que enriquecedor não significa proporcionar brinquedos caros, mas meios que
permitem a exploração de diferentes linguagens como a musical, corporal,
gestual, escrita.
O adulto pode e deve participar na
brincadeira, uma vez que o seu envolvimento não só estreita os laços afetivos
com a criança como também aumenta o seu nível de interesse e
motivação. Na interação, o adulto tem oportunidade de conter e ajudar a criança
na elaboração das inquietações que surgirem durante a brincadeira, bem como enriquecer
e estimular a imaginação da criança, despertando-lhe ideias e questionando-a
para a descoberta de soluções.
Citando
Winnicott (1975) "a brincadeira é universal e é própria da saúde: o
brincar facilita o crescer, logo a saúde".
Por
isso, sempre que lhe seja possível, brinque muito com o seu filho e conceda-lhe
uma boa parte do dia para ele brincar! Dessa forma, estará a promover o seu
crescimento feliz e saudável!
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