Dia 21 de Maio é o dia Nacional e Europeu de Obesidade, que visa
sensibilizar a população para os perigos da obesidade e doenças associadas.
Assim, aproveito este dia, não para sensibilizar apenas para os perigos da
obesidade, mas para uma reflexão mais geral dos perigos das perturbações
alimentares. Mais especificamente, sobre a importância que damos ao corpo e de
que forma nos importamos realmente com o nosso bem-estar.
Se por um lado, temos uma
sociedade que cada vez dá mais importância à imagem, e por isso nesta altura do
ano começam as publicidades de todas e mais algumas marcas de comprimidos que
nos fazem emagrecer, anúncios aos ginásios que tendem a encher a partir destes
meses, tal como a saírem livros com as 1001 formas de fazermos dieta, por outro
lado, temos a Organização Mundial de Saúde a revelar níveis preocupantes de
excesso de peso resultantes de uma má alimentação e inactividade física, visto Portugal
ter uma das maiores taxas de obesidade da União Europeia (quer a taxa infantil
como a dos adultos).
Simplesmente, é preocupante!
Estaremos a tentar encontrar formas fáceis e rápidas para chegarmos à imagem
ideal, sem contudo alterar os nossos hábitos? Estaremos nestes meses a tentar
“compensar” a falta de investimento no nosso bem-estar que tivemos ao longo do
ano? Será esta preocupação real, apesar de sazonal? Podemos reflectir e sugerir
várias possibilidades para tentar explicar estas situações, contudo o que mais
me interessa é fomentar uma reflexão consciente sobre a relação que temos com o
nosso corpo e que relação criamos com a comida.
Todos nós temos hábitos e
costumes alimentares diferentes e é natural que a forma como nos alimentamos
seja afectada por vivências e acontecimentos na nossa vida que nos fazem sentir
mais ansiosos, mais tensos, irritados ou tristes. É comum o desejo de comer
mais, ou comer alimentos específicos como por exemplo o chocolate, ou perdermos
o apetite quando nos sentimos mais tristes. E, naturalmente quando as situações
são ultrapassadas o nosso padrão alimentar regressa ao usual. Contudo, caso
essa alteração (de comer muito mais ou de comer muito menos) se prolongue no
tempo, podemos desenvolver uma perturbação alimentar. A forma como encaramos a
comida pode-se alterar e o nosso dia-a-dia pode até ser gerido com a comida
como tema central. Os nossos pensamentos podem começar a ser constantes e
relacionados com a comida (ou com o nosso peso) e podemos não comer apesar de
termos fome, ou comer constantemente ou compulsivamente, mesmo sem termos fome.
Apesar de termos aqui o conceito de
comida como tema central, visto muitas das vezes os hábitos e costumes
alimentares serem uma fonte de dificuldade no encontro com uma alimentação
saudável e equilibrada, as perturbações alimentares também estão relacionadas
com outras dificuldades e problemáticas, e muitas vezes a comida é uma forma de
fuga / compensação, para desviarmos a atenção de outros problemas emocionais e
afectivos. Existem várias perturbações alimentares: a anorexia, a bulimia e as
compulsões alimentares (que muitas vezes estão na base da obesidade). Todas
elas se caracterizam por uma preocupação exagerada com a alimentação, o
exercício físico, o peso ou a forma do corpo.
Como podemos ter uma mente sã em corpo são? Naturalmente, todos nós
gostaríamos de ter acesso à fórmula mágica, de preferência que não desse muito
trabalho. Se calhar a grande maioria de nós gostaria de poder comer tudo o que
gosta sem restrições e se calhar não praticar muito desporto... Não vale a pena
iludirmo-nos, porque sim, requer trabalho. Muito? Pouco? Depende... Mas se
tentarmos retirar prazer nisso, esse trabalho será sem dúvida bem mais fácil. É
importante olharmos para esse trabalho como um processo de toda a vida, uma
construção diária, em que damos atenção ao que estamos a sentir, aos sinais que
o nosso corpo nos vai transmitindo e vamos criando o nosso caminho, cuidando-nos.
À medida que nos vamos nutrindo emocionalmente, melhor será a nossa saúde
física, não só pelos problemas físicos associados à falta de nutrição
emocional, mas pela disponibilidade mental que nos permite cuidarmo-nos,
mimarmo-nos, estarmos connosco e querer-nos bem. Relativamente à alimentação,
acredito que possamos encontrar alimentos e pratos muito saborosos com
alimentos mais saudáveis; e na questão da actividade física, também acredito
que haja algo que nos divirta e que ajude a gastar calorias. Dançar? Correr?
Nadar? Andar de bicicleta? Fazer caminhadas? Saltar à corda? Jogos de equipa –
futebol, andebol, basquetebol, voleibol? Surf? Escalada? Remo? Artes
marciais?...
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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