Todas as emoções têm um propósito e são fundamentais para a nossa
sobrevivência, bem como para o desenvolvimento psicológico e social.
O medo, a raiva, a alegria e a tristeza são as quatro emoções básicas
do ser humano que correspondem a padrões inatos e não requerem de
aprendizagem.
Apesar da tendência para categorizarmos as emoções em positivas e
negativas, o que existe são emoções mais ou menos agradáveis, mas todas são
necessárias e têm uma função específica. Contudo, do ponto de vista social e
cultural, está implícito que sentir algumas destas emoções pode ser algo
nocivo. Muitos de nós fomos educados com a ideia de que a manifestação da
tristeza ou do medo são sinais de fraqueza a serem evitados e que a expressão
da raiva é altamente condenável, imperando a necessidade de agradar aos outros.
A falta de permissão para expressar as emoções e a desvalorização das mesmas,
leva a que muitas pessoas entrem em processos de negação, repressão ou
distorção dessas emoções, em vez de as regularem e expressarem adequadamente.
Em relação ao medo, podemos dizer que é uma emoção cuja função
é nos advertir e preparar para uma situação de perigo, por exemplo uma ameaça
no meio, um conflito entre objetivos ou a falta de recursos. O medo,
através das modificações fisiológicas que comporta (aumento da tensão muscular,
aceleração respiratória e cardíaca) mobiliza o organismo, multiplica por dez as
nossas forças físicas e psíquicas e aumenta o nosso estado de alerta para
detetar o perigo, enfrentá-lo, eliminá-lo ou fugir. Quando o medo provoca
uma reação de bloqueio ou até de negação, impossibilitando a mobilização de uma
ação adequada, acaba por ter um efeito desorganizador, podendo levar ao
desenvolvimento de quadros graves de ansiedade.
Relativamente à tristeza, é a emoção gerada pela experiência de
perda que pode ser de alguém significativo, de uma esperança, da saúde ou de um
lugar. Normalmente, depois de um período de tristeza, segue-se uma sensação de
alivio pela libertação da tensão através do choro e a aceitação da realidade pelo desprendimento que abre a possibilidade para o investimento em novas coisas e pessoas. A
tristeza efetua assim um trabalho importante de integração e de reparação.
Por sua vez, a raiva é uma emoção cuja função é permitir a
reparação perante a frustração, a injustiça e a ofensa, possibilitando a
restauração do sentimento de integridade do indivíduo. A raiva, pela tensão
muscular que provoca, aumenta a nossa força e energia e cria em nós um impulso
para a ação que visa defender os nossos direitos e impor limites face à
invasão do espaço pessoal. O silenciar da raiva impede que o outro tome
conhecimento do dano que está a causar e que tenha possibilidade de o reparar.
Nestes casos, a internalização da raiva acaba por dar lugar a quadros de
depressão e ansiedade.
As emoções, mesmo que sentidas como desagradáveis, têm como vimos
um propósito específico e devem ser experienciadas adequadamente
para que sejam potencialmente reparadoras, prevenindo o aparecimento de
perturbações psicológicas.
A psicoterapia, pode ajudar o paciente a entrar em contacto com as suas
verdadeiras emoções, a reconhecê-las, aceitá-las e a geri-las de forma mais
adequada, possibilitando uma maior satisfação na relação consigo e com os
outros.
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