domingo, 3 de julho de 2016

Chantagem Emocional – como reconhecê-la e lidar com ela?


Viver em sintonia com os nossos desejos e com a nossa verdade é algo que todos nós almejamos e que nos permite viver em satisfação e harmonia. No entanto, este exercício vital da liberdade individual nem sempre é fácil, sobretudo quando as nossas escolhas não vão ao encontro daquilo que os outros pretendem.
Quando o amor é libertador, existe o respeito e a aceitação pelas decisões do outro em prol da sua satisfação e realização pessoal, mesmo que essas escolhas não se coadunem com os interesses da própria pessoa. Mas nem sempre isto acontece, prevalecendo ao invés a tentativa egoísta de pressionar e obrigar o outro a abdicar da sua vontade em prol das necessidades e interesses do próprio.
A esta forma de manipulação psicológica através da qual uma pessoa tem por objetivo levar a outra a satisfazer os seus desejos, através da indução de sentimentos de culpa, ameaça ou remorso chamamos chantagem emocional e pode ocorrer em vários contextos relacionais tais como os conjugais, familiares, sociais e profissionais.
As estratégias mais utilizadas para manipular os sentimentos do outro e levá-lo a agir em oposição às próprias convições são as seguintes:
 - A auto-punição, caracterizada pela ameaça de um comportamento auto-destrutivo. Exemplo: “Se me deixares, não quero continuar a viver”
- A punição, que recorre à utilização de ameaças de retaliação em relação ao outro. Exemplo: “Se fizeres isso, vou-me embora” ; “Se não fizeres isso por mim nunca mais falo contigo”
- A vitimização, que faz uso da dor e da angústia para manipular o outro. Exemplo: ” Se saíres com os teus amigos vou ficar triste e sozinha”
            - A culpa, cujo objetivo é responsabilizar o outro pelo próprio comportamento. Exemplo: “Se eu sou agressivo é porque me provocas”
            Em qualquer dos tipo de chantagem emocional, a indução da culpa no outro, constitui-se como o núcleo principal e a mensagem latente é a seguinte: “Se não fizeres o que eu quero vais sofrer muito”. O registo utilizado é muitas vezes o apelativo e o teatral, que rapidamente se desvanece assim que as necessidades ficam satisfeitas.
A manipulação é frequentemente oriunda de pessoas inseguras, autocentradas e com pouca capacidade para conseguirem a empatia dos outros, que recorrem priviligiadamente a estas estratégias para obterem o que desejam, sem levarem em consideração as necessidades dos outros, assim como o sofrimento que lhes induzem. 
As pessoas manipuladas são frequentemente vulneráveis e propensas a desenvolverem sentimentos de culpa, medo e de obrigação bem como a evitar situações de conflito, acabando por ceder, sobretudo quando os laços afetivos são maiores como na relação entre casais ou pais e filhos. No entanto, essa não é a melhor maneira de lidar com a situação, na medida que reforça o comportamento manipulador e a sua repetição.
Romper com o padrão de chantagem emocional não é fácil e pode induzir sofrimento para ambas as partes, mas é essencial para que a pessoa manipulada possa restaurar a sua liberdade individual e para que o sujeito manipulador possa desenvolver novos comportamentos mais saudáveis na relação com os outros.
 Importa não ceder ao jogo da culpa, fazer uso da razão e ser firme na recusa.
A assertividade também transmite uma imagem mais segura e menos vulnerável, inibindo a ação da pessoa manipuladora.
Em casos mais graves, em que a pessoa se tornou refém emocional da outra, passando a viver numa situação de exploração emocional e de acordo com os interesses daquela, em desrespeito pelos próprios, poderá ser aconselhável a procura de ajuda psicológica especializada.
Trabalhar a inteligência emocional, promover a auto-estima, aumentar a conscencialização dos direitos e deveres e reforçar os limites pessoais são fatores protetores que capacitam a pessoa para lidar com estas situações de modo mais ajustado. 


2 comentários:

  1. Muito bem exposto o problema e as estratégias das pessoas manipuladoras que poderemos dar outro nome também: obsessores, "vampiros energéticos" que sugam as boas energias dos outros e fazem disso uma estratégia de vida para sua própria sobrevivência, pois não sabem ou não querem usar outras formas mais honestas de lidar com os outros que não pensam exatamente como eles! Artigo muito bom e útil!

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    1. Obrigada pelo seu comentário Lino José!Realmente é importante estarmos atentos à natureza das relações que estabelecemos de forma a nos salvaguardarmos destes comportamentos manipuladores e a respondermos da melhor maneira para os neutralizarmos...a bem da nossa saúde e liberdade individual! Tudo de bom para si!

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