“Se tu vens, por exemplo, às
quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for
chegando, mais eu me sentirei feliz.” (em “O Principezinho”, de Antoine de
Saint-Exupéry)
Já a raposa dizia ao
Principezinho, que uma hora antes do grande momento, do seu encontro (que lhe
iria fazer feliz), ela estaria muito feliz. O que nos leva para uma ideia de
uma preparação psicológica, ou de uma expectativa positiva antecipatória de um bom
momento que vai chegar em breve.
Podemos efectivamente pensar em
várias situações em que isso acontece: vemos o trailer de um filme e ficamos
empolgados até vermos a sua estreia; acordamos muito bem-dispostos porque
sabemos que logo mais à noite vamos ter um jantar entre grandes amigos;
passamos uma semana com uma boa sensação porque antecipamos a viagem de
férias... Ou seja, situações que imaginamos serem boas, dão-nos uma boa
sensação quando estão a chegar.
Alguns estudos indicam que
imaginar uma situação do futuro, activa partes do cérebro ligadas à felicidade.
E isso acontece, provavelmente porque sabemos que o futuro é incerto e com esse
pensamento agradável, de boas perspectivas, sentimo-nos confortáveis, mais
seguros e confiantes.
As esperas de situações
agradáveis dão-nos prazer. A expectativa de que vai acontecer algo que
desejamos gera no nosso organismo um prazer antecipado. Dias, semanas ou meses
antes de o evento acontecer já estamos a imaginar com satisfação o dia a chegar
e já nos conseguimos sentir satisfeitos. Esperar por uma festa que ansiamos,
pelas férias desejadas ou pelo filme tão esperado é possuir expectativas
agradáveis quanto a um evento futuro. Quando se espera esse momento, tendemos a
ter afectos positivos. Este estado corporal é sentido com entusiasmo,
esperança, excitação, alegria, felicidade e bem-estar. Por outro lado, quando
temos expectativas desfavoráveis (doença grave de algum amigo, situação difícil
de exame), temos sentimentos negativos: ansiedade, desespero, sofrimento com
pensamentos mais negativos.
Existem cerca de 100 biliões de
neurónios no cérebro humano, e estas células comunicam entre si através de
substâncias químicas do cérebro chamadas neurotransmissores. A dopamina é o
neurotransmissor responsável pela motivação, impulso e foco, permite-nos planear
com antecedência e resistir aos impulsos, para que possamos alcançar os nossos
objectivos. É ela que dá aquela sensação boa quando dizemos “Eu consegui fazer
isto! Eu fui capaz!”, quando realizamos a tarefa que nos propusemos a fazer.
Faz-nos ser competitivos e é responsável pelo nosso sistema de prazer e
recompensa. Ela permite-nos ter sentimentos de prazer, felicidade e de euforia.
Pelo lado oposto, pouca dopamina dificulta-nos a ter um foco, faz-nos sentir desmotivados,
apáticos e até mesmo deprimidos.
Assim, ao esperarmos por um
momento agradável ou ao nos prepararmos para uma festa desejada, o nosso
organismo produz e liberta dopamina e noradrenalina para que possamos agir e
fazer algumas actividades de preparação, e nos adaptarmos para esse momento.
A libertação da dopamina e
noradrenalina acontecerá muito tempo antes do grande momento se realizar. Tempo
antes do evento imaginamos, comentamos, sonhamos e nos preparamos para o dia.
Vários estudos demonstram que o nível de dopamina é mais elevado no momento da
antecipação desse evento agradável, do que até mesmo no momento tão desejado e
esperado.
Por isso, quando sabemos que
vamos ter algo agradável e desejado, que tal experienciar ao máximo esse
momento da antecipação? Como o podemos maximizar? E após a situação tão
esperada, como podemos prolongar ao máximo e ficar com aquela boa sensação...?
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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