Não fazendo uma continuação do
artigo que escrevi na semana, mas acabando por fazer, em O grande momento antes do grande momento – A Antecipação,
referi que existem alguns estudos que indicam que imaginar uma situação do
futuro, activa partes do cérebro ligadas à felicidade. Também referi que no
momento da antecipação de um momento agradável por que se espera, os níveis de
dopamina elevam-se. A dopamina é o neurotransmissor responsável pela motivação,
impulso e foco, ela permite-nos ter sentimentos de prazer, felicidade e de
euforia.
Assim, a minha proposta com este
artigo é tentarmos pensar de que forma nós próprios podemos “induzir” mais
dopamina no nosso organismo.
Sabem aquela sensação que quanto
menos faço, menos vontade tenho de fazer? Ou quanto mais faço, parece que mais
energia tenho e mais vontade tenho de fazer? Pois bem... Podemos tentar começar
por aí! Por exemplo, acordo e sinto-me sem energia, cansada ou um pouco
triste... Naturalmente com essa pouca energia, se pensar em fazer uma
actividade mais complexa e que exija muito de mim, a probabilidade de o fazer é
muito pequena... Mas e se pensar em fazer um café? Ou um chá? E sentir o cheiro
do café ou do chá? E se puser a tocar uma das minhas músicas favoritas? E se
pensar numa actividade para fazer a seguir que não me custe tanto, mas que me
pode até ajudar a superar esta fase? E se ligar a uma amiga para vir almoçar a
minha casa? E se pensar em ir apenas dar uma pequena volta ao jardim mais
próximo de casa? Como me sinto ao imaginar-me a passear, a ouvir os
passarinhos, até mesmo levar um livro ou o jornal e ler num banco de jardim ou
numa esplanada? Como me sinto ao imaginar essa possibilidade? E ao fazer, como
me sinto a seguir? Muito provavelmente já me poderei sentir com mais energia e
até a actividade que exige mais de mim, já poderá ser mais suportável ou pelo
menos mais próxima de se imaginar a ser concretizada...
Sugiro que tentemos ver não uma
escadaria, onde queríamos estar, mas cada degrau. E a verdade é que ao irmos
subindo cada degrau aprendemos muito sobre nós e dá-nos uma sensação de
concretização, e torna-se menos difícil olhar para os degraus que se seguem,
porque se acredita um pouco mais... Porque nos sentimos mais confiantes, porque
na verdade estamos a ir aumentando, de forma gradual também os níveis de
dopamina no nosso organismo... Esse acreditar, essa sensação boa que surge
quando penso “eu estou a ser capaz...”é essencial de ser alimentada, dia após
dia.
Então na prática o que posso fazer para aumentar a dopamina?
- O exercício físico é uma das
melhores coisas que podemos fazer para o nosso cérebro, porque para além de
aumentar os níveis de dopamina, aumenta a produção de novas células cerebrais,
retarda o seu envelhecimento e melhora o fluxo de nutrientes para o cérebro. E
aqui mais uma vez, não necessitamos de sair a correr cada dia. Para quem não
faz actividade física, fazer caminhadas ou exercícios suaves, sem impacto como
yoga ou tai chi, que produzem poderosos benefícios para a mente e corpo, podem
ser uma boa solução. É essencial encontrarmos algo que gostamos de fazer e que
seja adaptado à nossa condição física.
- Os benefícios da meditação têm
sido comprovados em inúmeros estudos. As pessoas que meditam com regularidade
aumentam: a capacidade de aprender, a capacidade de se relaxarem profundamente
e os níveis de criatividade. Tem sido demonstrado que a meditação aumenta a
dopamina, melhorando o foco e a concentração.
- Manualidades de todo o tipo –
pintura, tricô, costura, desenho, fotografia e bricolage, ajudam na concentração e no foco, de forma semelhante à
meditação. Essas actividades aumentam a dopamina, afastam a depressão e protegem
contra o envelhecimento do cérebro.
- Ouvir música pode causar
libertação de dopamina. E tal como referi no artigo da Antecipação, não temos que ouvir a música para obter
este neurotransmissor, a dopamina flui apenas pela antecipação da escuta.
- Culinária – para quem gosta de
cozinhar, esta actividade também pode ser muito prazenteira e assim elevar o
nível de dopamina. Podemos até definir diferentes fases para estarmos atentos:
a fase de imaginarmos um novo prato saboroso, a fase de procurarmos receitas
com determinados ingredientes, a fase da preparação e a fase da degustação, que
pode ser partilhado com a família ou amigos. Cada uma destas fases de
antecipação permitem-nos elevar os níveis de dopamina.
O acto de explorar, procurar e posteriormente
encontrar, activa os nossos circuitos de recompensa. Criar metas de curto e longo
prazo e transformar as metas de longo prazo em pequenas metas de curto prazo é
essencial para nos darmos um aumento de dopamina ao longo do caminho. A
dopamina desempenha um papel muito importante na forma como vivemos as nossas
vidas, não sendo nenhuma surpresa, que quando o sistema de dopamina não está
equilibrado pode contribuir para problemas de saúde.
Vamos aproveitar a busca e a
exploração, definir objectivos tanto de longo quanto de curto prazo e aceitar
novos desafios? Com certeza que nos vamos sentir mais vivos, focados, produtivos
e motivados!
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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