Para a maior parte dos adolescentes,
férias de verão são sinónimo de diversão, liberdade, descoberta e amigos.
Nesta fase do desenvolvimento, a
identificação e o sentimento de pertença ao grupo de pares assume um
papel central na vida do adolescente, bem como a conquista progressiva
pela autonomia.
Passar um período das férias,
longe dos pais, com o grupo de amigos é um desejo frequente dos jovens que nem
sempre é recebido de forma pacífica pelos pais. No entanto, apesar das
preocupações serem legítimas, importa não esquecer que esta pode ser uma
experiência fundamental no amadurecimento e no desenvolvimento da autonomia do
jovem, capacitando-o com recursos para se relacionar, resolver
problemas e superar adversidades.
Quando ponderam sobre a permissão face
este tipo de pedidos, os pais deverão atender às provas de responsabilidade e autonomia evidenciadas pelo jovem, ao longo do
tempo. As saídas à noite, poderão constituir-se
como um importante ensaio para testar como o jovem utiliza a sua liberdade e
como pode ser confiável, no que respeita ao cumprimento dos horários, gestão do
dinheiro, comportamentos evidenciados e na honestidade para com os pais. A
capacidade do jovem em dizer não de forma assertiva, independentemente da
pressão do grupo, é outro aspeto essencial que convém ter em conta, já que tal
se constitui como um fator protector face a situações de risco. O diálogo
aberto entre pais e filhos no que respeita à sexualidade constitui-se
igualmente como um fator de proteção, nomeadamente em períodos de férias sem os
pais em que podem ocorrer envolvimentos sexuais, já que veicula a transmissão
de informações e modos de proteção face a doenças sexualmente transmissíveis e
gravidezes indesejáveis.
Toda a educação que visa tornar os
filhos pessoas responsáveis, no que respeita às suas ações e ao cumprimento de
deveres, compromissos e horários e como tal pessoas confiáveis e merecedoras da
respetiva liberdade, constitui-se como o caminho para a
autonomia. Ao longo deste mesmo caminho, a supervisão dos pais é
fundamental para determinarem quando se justifica a sua intervenção e a adoção
de medidas mais firmes, que podem até implicar a retirada de alguma da
liberdade que já tinha sido concedida, caso esta não esteja a ser utilizada de
forma adequada e responsável.
O modo como os próprios pais vão
ensaiando e exercitando com os filhos comportamentos de autonomia ao longo da
vida, vão certamente determinar a preparação psicológica dos jovens para estes
períodos de férias por sua conta e risco.
Os pais deverão certificar-se que
conhecem os amigos com quem o filho vai, para onde ele vai, quais os
planos e em garantir a manutenção da comunicação telefónica dentro de um
horário acordado para saber se está tudo bem. Convém também ficar com
os contactos de outros amigos, caso a ligação com o filho não se
consiga estabelecer. O diálogo relativo aos eventuais perigos que poderão existir
e às estratégias protetoras que poderão ser adotadas é essencial.
As férias longe da família não só
respondem a uma necessidade dos jovens descobrirem os outros, o mundo
e dessa forma descobrirem-se a si próprios como também desenvolverem a
capacidade para cuidarem de si, o que, numa sociedade em que a transição
para a autonomia tem vindo a ser cada vez mais adiada, importa
estimular. A relação entre pais e filhos também pode sair beneficiada após
este período, na medida em que o jovem ganha maior consciência das suas ações e
das suas consequências e os pais podem ganhar maior confiança e segurança no
adolescente face a este amadurecimento.
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