Viver em sintonia com os nossos desejos
e com a nossa verdade é algo que todos nós almejamos e que nos permite viver em
satisfação e harmonia. No entanto, este exercício vital da liberdade individual
nem sempre é fácil, sobretudo quando as nossas escolhas não vão ao encontro
daquilo que os outros pretendem.
Quando o amor é libertador, existe o
respeito e a aceitação pelas decisões do outro em prol da sua satisfação e
realização pessoal, mesmo que essas escolhas não se coadunem com os interesses
da própria pessoa. Mas nem sempre isto acontece, prevalecendo ao invés a
tentativa egoísta de pressionar e obrigar o outro a abdicar da sua vontade em
prol das necessidades e interesses do próprio.
A esta forma de manipulação psicológica
através da qual uma pessoa tem por objetivo levar a outra a satisfazer os seus
desejos, através da indução de sentimentos de culpa, ameaça ou remorso chamamos
chantagem emocional e pode ocorrer em vários contextos relacionais tais como os
conjugais, familiares, sociais e profissionais.
As estratégias mais utilizadas para
manipular os sentimentos do outro e levá-lo a agir em oposição às próprias
convições são as seguintes:
- A auto-punição, caracterizada
pela ameaça de um comportamento auto-destrutivo. Exemplo: “Se me deixares, não
quero continuar a viver”
- A punição, que recorre à utilização de
ameaças de retaliação em relação ao outro. Exemplo: “Se fizeres isso, vou-me
embora” ; “Se não fizeres isso por mim nunca mais falo contigo”
- A vitimização, que faz uso da dor e da
angústia para manipular o outro. Exemplo: ” Se saíres com os teus
amigos vou ficar triste e sozinha”
- A
culpa, cujo objetivo é responsabilizar o outro pelo próprio comportamento.
Exemplo: “Se eu sou agressivo é porque me provocas”
Em
qualquer dos tipo de chantagem emocional, a indução da culpa no outro,
constitui-se como o núcleo principal e a mensagem latente é a seguinte: “Se não
fizeres o que eu quero vais sofrer muito”. O registo utilizado é muitas vezes o
apelativo e o teatral, que rapidamente se desvanece assim que as
necessidades ficam satisfeitas.
A manipulação
é frequentemente oriunda de pessoas inseguras, autocentradas e com
pouca capacidade para conseguirem a empatia dos outros, que recorrem
priviligiadamente a estas estratégias para obterem o que desejam, sem
levarem em consideração as necessidades dos outros, assim como o sofrimento que
lhes induzem.
As pessoas manipuladas são
frequentemente vulneráveis e propensas a desenvolverem sentimentos de culpa,
medo e de obrigação bem como a evitar situações de conflito, acabando por
ceder, sobretudo quando os laços afetivos são maiores como na relação entre
casais ou pais e filhos. No entanto, essa não é a melhor maneira de lidar com a
situação, na medida que reforça o comportamento manipulador e a sua repetição.
Romper com o padrão de chantagem
emocional não é fácil e pode induzir sofrimento para ambas as partes, mas é
essencial para que a pessoa manipulada possa restaurar a sua liberdade
individual e para que o sujeito manipulador possa desenvolver novos
comportamentos mais saudáveis na relação com os outros.
Importa não ceder ao jogo da
culpa, fazer uso da razão e ser firme na recusa.
A assertividade também transmite uma
imagem mais segura e menos vulnerável, inibindo a ação da pessoa manipuladora.
Em casos mais graves, em que a pessoa se
tornou refém emocional da outra, passando a viver numa situação de
exploração emocional e de acordo com os interesses daquela, em desrespeito
pelos próprios, poderá ser aconselhável a procura de ajuda psicológica
especializada.
Trabalhar a inteligência emocional,
promover a auto-estima, aumentar a conscencialização dos direitos e deveres e
reforçar os limites pessoais são fatores protetores que capacitam a pessoa para
lidar com estas situações de modo mais ajustado.
Muito bem exposto o problema e as estratégias das pessoas manipuladoras que poderemos dar outro nome também: obsessores, "vampiros energéticos" que sugam as boas energias dos outros e fazem disso uma estratégia de vida para sua própria sobrevivência, pois não sabem ou não querem usar outras formas mais honestas de lidar com os outros que não pensam exatamente como eles! Artigo muito bom e útil!
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário Lino José!Realmente é importante estarmos atentos à natureza das relações que estabelecemos de forma a nos salvaguardarmos destes comportamentos manipuladores e a respondermos da melhor maneira para os neutralizarmos...a bem da nossa saúde e liberdade individual! Tudo de bom para si!
Eliminar