Por vezes
vezes, ao precisar tomar uma decisão, ou mesmo quando já a tomámos, ponderamos
os prós e os contras, procuramos olhar a situação de todas as perspectivas.
Detemo-nos de tal forma a analisar TODOS os cenários (os possíveis, os
improváveis, os óbvios...), que, muitas vezes, acabamos por não conseguir
decidir (seja porque ficamos sobrecarregados de informação, ou simplesmente
porque já não vamos a tempo de o fazer) ou parar de pensar na decisão que
tomámos.
Para além
disso, há o impacto que este tempo, esta pesquisa, esta preocupação, esta dança
de cadeiras interior, tem na nossa vida quotidiana. Naquela que está a
acontecer agora, no presente. Quantas vezes estamos a realizar uma determinada
actividade e a nossa mente foge para
qualquer outro lado? Frequentemente podemos estar (ou tentar estar) focados
numa tarefa e parecem surgir pop-ups
constantes na nossa cabeça...
E tudo
isto parece agravar quando, para mais, cometemos um erro no qual não deixamos
de pensar, há uma conversa em que ficámos calados quando achamos que nos
devíamos ter defendido, nos detemos a pensar no que o nosso chefe vai achar do
nosso desempenho, ou quando vamos encontrar o “verdadeiro amor” e como ele nos
vai tratar, se vamos casar ou não, se vamos ser promovidos e o que vamos fazer
com o dinheiro que poderemos vir a receber, etc , etc, etc.
É verdade
que, de vez em quando, todos pensamos
demais (overthinking, em inglês)... mas há momentos em que simplesmente
parece impossível fazer frente a esta ruminação e preocupação constantes. A
ruminação tem a ver com ficar a remoer naquilo que aconteceu ou
devia/poderia/desejávamos ter acontecido, no passado. Enquanto que a
preocupação está associada aos eventos futuros, percepcionados de uma forma essencialmente
negativa e muitas vezes, até mesmo, catastrófica.
Esta
angústia constante, não só é cansativa e desagradável, como coloca em risco a
nossa saúde mental. E, quando a saúde mental está comprometida, há uma maior
tendência para pensarmos demais,
gerando-se assim um ciclo vicioso do qual será mais difícil sair.
Assim,
hoje apresento-vos algumas estratégias que poderão ajudar a não entrar nesse
ciclo, ou mesmo a quebrá-lo.
Como em
muitas outras situações, o primeiro aspecto a ter em conta é a consciência do
problema. Dizermos a nós mesmos que não podemos pensar acerca de determinado
assunto, muito provavelmente irá fazer precisamente com que não consigamos
pensar acerca de mais nada nos minutos seguintes. Ou seja, tentar fugir destes
pensamentos quando eles surgem pode mesmo piorar a situação. Assim,
1. Repare
quando estiver a pensar demasiado
Quando a
sua mente parecer estar a passar o mesmo filme vezes sem conta (ou seja, a
repetir quase interminavelmente a memória do mesmo episódio) ou a preocupar-se
com coisas que não consegue controlar, tome consciência de que esses
pensamentos não são produtivos.
2. Aumente
a consciência acerca do pensamento negativo dando-lhe um nome
Designar o
tipo de pensamento que estamos a ter (catastrofização, ruminação...) não só
ajuda a aumentarmos a consciência acerca dele, como também cria uma maior
actividade da zona do cérebro relacionada com a regulação emocional.
3. Desafie os seus pensamentos
É fácil
cedermos perante alguns pensamentos negativos, ao imaginarmos quão mau vai ser
se tivermos determinada atitude. Mas antes de assumir que a sua relação vai
terminar porque se esqueceu do aniversário do seu companheiro, ou que vai ser
despedido se não for trabalhar no dia em que acordou com 40’ de febre, tome
consciência de que os seus pensamentos podem estar a ser exageradamente
negativos. Aprenda a reconhecer e a substituir os seus erros de pensamento
antes de se deixar afogar por eles.
4.
Foque-se numa Resolução Activa de Problemas
Não
podemos evitar ter problemas (às vezes eles parecem, simplesmente, aparecer do
nada), mas podemos procurar soluções para eles. Em vez de nos determos a
perguntarmos a nós mesmos por que é
que algo aconteceu, podemos antes perguntar-nos o que é que podemos fazer acerca disso, ou seja, quais os
passos a seguir para aprendermos com um erro que cometemos ou para evitarmos um
problema futuro.
5. Reserve
tempo para reflexão
Ainda que
determo-nos infinitamente nos problemas não seja saudável, não vamos conseguir
(nem seria saudável) não pensar neles de todo. Assim, podemos incluir 20
minutos de reflexão na nossa agenda diária! Neste período somos livres para
preocupações, ruminações e ponderações acerca daquilo que quisermos. Acabado
este tempo, redireccionemos o nosso foco para algo mais produtivo. Isto pode
ser particularmente útil uma vez que, se nos apercebermos de que estamos a pensar demasiado acerca de determinado
assunto, podemos lembrar-nos de que iremos ter oportunidade de pensar acerca
dele mais tarde, no tempo de reflexão.
6.
Pratique Mindfulness
Ao
comprometermo-nos com o momento presente, ou seja, ao tornarmo-nos mais
conscientes do aqui e agora, estamos a reduzir a possibilidade de nos determos
em arrependimentos de ontem ou em preocupações acerca do amanhã. O mindfullness
requer prática, mas é um óptimo aliado a combater os pensamentos automáticos.
Ana Luísa Oliveira escreve de acordo com a antiga ortografia.
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