Falar de luto, nem sempre é
fácil, na medida em que nos remete de imediato para a ideia de morte e é
inegável, que a grande maioria de nós, tem dificuldade em aceitar a perda e em
lidar com a finitude, o efémero e transitório.
No entanto, o luto é vivenciado
não apenas perante a morte física de alguém, mas também sempre que ocorre uma
perda significativa, nomeadamente uma separação, perda de emprego, mudança de
casa, instalação de uma doença grave ou de uma condição física incapacitante
como resultado de um acidente. Neste sentido, a determinada altura da vida, todas
as pessoas têm de lidar com o luto – e podem fazê-lo de uma forma mais ou menos
equilibrada.
Ao contrário do que muitos acreditam, o luto não
é um transtorno ou uma doença, mas um processo normal e adaptativo, que é
necessário ser vivido para que a dor da perda seja ultrapassada, possibilitando novamente o reinvestimento na
realidade.
O processo do luto e a sua duração, variam consoante as características
da pessoa enlutada, no que respeita à sua idade, personalidade, fase da vida em
que se encontra, bem como consoante a idade da pessoa falecida, a qualidade da
relação que existia, a causa de morte (doença prolongada, doença súbita, acidente,
suicídio ou outro) e a rede familiar e social existente.
No luto são comuns os estados emocionais de negação, raiva, revolta,
tristeza, desespero, confusão e até culpa. Cada pessoa pode, em momentos
diferentes, experimentar todos estes estados ou apenas alguns, bem como
manifestações físicas nomeadamente alterações do sono e do apetite, perda de
energia, dores do corpo ou enfraquecimento do sistema imunitário.
Para um processo de luto ser bem sucedido é importante serem
experimentadas todas as emoções
associadas à dor do luto, para que posteriormente, exista espaço para novas
emoções como o amor, a saudade, a alegria. Quando o luto é finalizado, é
possível aceitar a perda e recordar sem haver um sofrimento intenso e
constante, o que possibilita o reinvestimento na realidade pela criação de
novos laços com a vida.
De uma maneira geral, é esperado que ao longo do primeiro ano após a
perda, a pessoa comece a experimentar
uma redução gradual da intensidade do desespero e da tristeza, retomando as
suas rotinas. No entanto, algumas pessoas, mesmo ao fim de um ano, permanecem
fixadas no sofrimento e na tristeza, incapazes de retomar os seus hábitos e
compromissos. Nestes casos, poderá ocorrer a instalação de quadros de depressão
mais graves e marcados por ideação suicida e pela crença irracional de que o
suicídio é a forma de voltar a estar com a pessoa que partiu.
A intensidade disfuncional dos sintomas é merecedora de atenção e estas
pessoas poderão beneficiar ClaraMente de acompanhamento psicológico. A
psicoterapia poderá ser encarada como uma mais-valia, pois constitui-se como o
espaço no qual a pessoa poderá sentir-se acompanhada e acolhida para expressar e
elaborar as suas emoções, organizar os seus pensamentos, enfrentar memórias e
desenvolver mecanismos internos que lhe permitam evoluir no processo de luto.
A dor da despedida terá inevitavelmente de ser vivida durante o processo
de luto para que, depois do adeus, a
pessoa se reencontre novamente consigo, com os outros, com a vida e retome a
sua história.
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