domingo, 5 de junho de 2016

E Depois do Adeus – O Processo de Luto


Falar de luto, nem sempre é fácil, na medida em que nos remete de imediato para a ideia de morte e é inegável, que a grande maioria de nós, tem dificuldade em aceitar a perda e em lidar com a finitude, o efémero e transitório.
No entanto, o luto é vivenciado não apenas perante a morte física de alguém, mas também sempre que ocorre uma perda significativa, nomeadamente uma separação, perda de emprego, mudança de casa, instalação de uma doença grave ou de uma condição física incapacitante como resultado de um acidente. Neste sentido, a determinada altura da vida, todas as pessoas têm de lidar com o luto – e podem fazê-lo de uma forma mais ou menos equilibrada.
Ao contrário do que muitos acreditam, o luto não é um transtorno ou uma doença, mas um processo normal e adaptativo, que é necessário ser vivido para que a dor da perda seja ultrapassada,  possibilitando novamente o reinvestimento na realidade.
O processo do luto e a sua duração, variam consoante as características da pessoa enlutada, no que respeita à sua idade, personalidade, fase da vida em que se encontra, bem como consoante a idade da pessoa falecida, a qualidade da relação que existia, a causa de morte (doença prolongada, doença súbita, acidente, suicídio ou outro) e a rede familiar e social existente.
No luto são comuns os estados emocionais de negação, raiva, revolta, tristeza, desespero, confusão e até culpa. Cada pessoa pode, em momentos diferentes, experimentar todos estes estados ou apenas alguns, bem como manifestações físicas nomeadamente alterações do sono e do apetite, perda de energia, dores do corpo ou enfraquecimento do sistema imunitário.
Para um processo de luto ser bem sucedido é importante serem experimentadas  todas as emoções associadas à dor do luto, para que posteriormente, exista espaço para novas emoções como o amor, a saudade, a alegria. Quando o luto é finalizado, é possível aceitar a perda e recordar sem haver um sofrimento intenso e constante, o que possibilita o reinvestimento na realidade pela criação de novos laços com a vida.
De uma maneira geral, é esperado que ao longo do primeiro ano após a perda,  a pessoa comece a experimentar uma redução gradual da intensidade do desespero e da tristeza, retomando as suas rotinas. No entanto, algumas pessoas, mesmo ao fim de um ano, permanecem fixadas no sofrimento e na tristeza, incapazes de retomar os seus hábitos e compromissos. Nestes casos, poderá ocorrer a instalação de quadros de depressão mais graves e marcados por ideação suicida e pela crença irracional de que o suicídio é a forma de voltar a estar com a pessoa que partiu.
A intensidade disfuncional dos sintomas é merecedora de atenção e estas pessoas poderão beneficiar ClaraMente de acompanhamento psicológico. A psicoterapia poderá ser encarada como uma mais-valia, pois constitui-se como o espaço no qual a pessoa poderá sentir-se acompanhada e acolhida para expressar e elaborar as suas emoções, organizar os seus pensamentos, enfrentar memórias e desenvolver mecanismos internos que lhe permitam evoluir no processo de luto.
A dor da despedida terá inevitavelmente de ser vivida durante o processo de luto para que, depois do adeus, a pessoa se reencontre novamente consigo, com os outros, com a vida e retome a sua história.



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