Maturidade emocional é uma expressão com a
qual nos cruzamos recorrentemente, não só na literatura, como também na
conversação quotidiana.
Expressões tais como “Ele é muito
imaturo!” ou “Ela é uma pessoa bastante madura!” são de certa forma familiares,
que todos nos já ouvimos e até já usámos, mas o entendimento e o significado do
conceito pode não ser assim tão claro. Sabemos realmente do que se trata?
Antes de mais importa frisar que não
existe uma relação direta entre maturidade emocional e idade cronológica, ou
seja podem existir pessoas idosas imaturas e jovens
emocionalmente maduros. A maturidade emocional não acompanha necessariamente o
envelhecimento.
Posto isto, podemos
definir maturidade emocional como algo semelhante à inteligência emocional
e cuja principal característica é a boa tolerância à frustração e à contrariedade.
Na estruturação da personalidade, é
essencial o conflito entre o que se quer e o que se pode, assim como o quando
se quer e o quando se pode. As pessoas emocionalmente imaturas, não aprenderam
a gerir este conflito adequadamente nos estádios mais precoces do seu
desenvolvimento. Não aprenderam a transformar este tempo de espera que medeia o
sentir o desejo e a sua satisfação num espaço de criatividade e de
desenvolvimento das suas faculdades pessoais sustentado numa vivência de
confiança. Deste modo, são pessoas emocionalmente mais reativas e
reivindicativas, exigindo de forma obstinada a satisfação imediata das suas
necessidades. O seu funcionamento é mais auto-centrado e egocêntrico, levando
em pouca linha de conta a perspectiva e o ponto de vista do outro.
Por outro lado, as pessoas emocionalmente
maduras, apesar de também não gostarem da frustração, conseguem tolerar esse
desconforto e libertarem-se dele sem envolverem ou prejudicarem outras pessoas.
Esta tolerância à dor permite assim o desenvolvimento de outra capacidade
importante - a empatia, definida como a capacidade de nos colocarmos no lugar
do outro e de imaginarmos a sua dor. As pessoas emocionalmente
imaturas, como têm dificuldade em tolerar a frustração e principalmente o
sofrimento, terão inevitavelmente dificuldade em desenvolver esta capacidade.
A consciência e o controlo das emoções são
também inerentes à maturidade emocional, existindo por parte do indivíduo o
reconhecimento de todas as suas emoções que lhe permite não ser
escravizado por elas, ou seja, não viver em reatividade às suas emoções mas
gerindo-as com ponderação e bom senso. A pessoa pode sentir-se
alegre, triste, aborrecida ou irritada mas em controle e em função dos acontecimentos
da sua vida. As variações de humor oscilam essencialmente em função das
circunstâncias, prevalecendo um humor razoavelmente estável e constante.
As pessoas maduras sabem ser humildes na
medida em que têm consciência que o seu saber será sempre limitado e que o erro
e a falha fazem parte da condição humana. Esta sabedoria permite-lhes entrar no
jogo da vida e ousar a arriscar novos desafios, porque as eventuais dores que
possam surgir dos fracassos são suportáveis. Como aceitam os erros e aprendem
com eles, estão em constante evolução, o que lhes permite atingir graus cada
vez mais sofisticados de auto-conhecimento e de domínio sobre si, construindo
uma perspetiva otimista e de esperança em relação ao futuro. A rigidez e o medo
de errar colocam o indivíduo numa posição de estagnação, o que dificulta
conceber um futuro mais interessante, surgindo então o pessimismo.
Nos seus relacionamentos interpessoais, as
pessoas emocionalmente maduras aceitam os diferentes com atenção e
tranquilidade, sem julgamento, demonstrando competência no trato, nomeadamente
respeito, delicadeza e preocupação em não ferir e suscetibilizar o outro. São
capazes de comunicar de forma firme e assertiva, defendendo os seus interesses e dizendo
que não, sobretudo com quem reivindica injustamente, sem adotar uma postura auto-centrada e egocêntrica.
As pessoas emocionalmente maduras são
capazes de tolerar as dúvidas, o não saber, a ineficiência e as incertezas em
relação ao seu futuro, assim como de se questionarem e de serem autocríticas de
uma forma construtiva. Têm sentido de humor, são curiosas e sabem que
a maturidade emocional viverá sempre a braços com a capacidade
criativa e de transformação: do bom em mau, das adversidades em oportunidades
de aprendizagem e do inevitável/irreversível em fontes de sabedoria e de
enriquecimento pessoal.
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