Na nossa cultura, a morte é
ainda um tema muitas vezes evitado e considerado tabu, pelo que é comum as
pessoas referirem-se ao luto como uma situação que precisa de ser resolvida e
deixada para trás de forma relativamente breve.
Neste contexto, as
manifestações de desamparo e tristeza, como o choro sistemático e prolongado no
tempo por parte da pessoa enlutada, são muitas vezes encaradas como sinais de
perturbação emocional e não como reações normais que devem ser acolhidas e
compreendidas.
Importa evitar comentários tais como “não chore” , “não sofra”, “ele não ia
querer vê-lo assim”, “vai conseguir ultrapassar”, “vai ver que vai esquecer”.
Apesar de bem intencionados,
estes comentários, acabam por induzir na pessoa enlutada uma vivência de
incompreensão no que respeita ao seu sofrimento emocional, acrescendo ainda a
pressão para sair daquela situação o mais rapidamente possível, o que poderá
conduzir à repressão dos verdadeiros sentimentos e ao adiamento da resolução do
luto. Para ajudar a pessoa enlutada, importa proporcionar disponibilidade em
tempo e espaço, para que ela possa falar e chorar.
Nestas situações, a simples presença da família e amigos é por si só reconfortante,
bem como a capacidade de ouvir. Por vezes, não há nada mais reconfortante como
a partilha do silêncio, através do qual a pessoa enlutada sente o acolhimento e
a empatia genuína do outro.
O reconhecimento e a validação dos sentimentos que estão a ser vividos são
também formas de poder prestar apoio empaticamente, podendo ser transmitida da
seguinte forma “Isto é tão devastador que não tenho palavras, mas estou a teu
lado para o que precisares.”
Durante o luto, é natural que as pessoas se sintam frequentemente
sozinhas e isoladas, pelo que importa revelar interesse e disponibilidade para
estar presente, independentemente do que for preciso, mesmo que seja para
resolver questões burocráticas ou aspetos práticos do dia-a-dia. Demonstrar
esta sensibilidade e disponibilidade é bastante tranquilizador e securizante
para a pessoa enlutada.
O luto é vivido de uma forma tanto mais saudável, quanto maior for a
possibilidade para o enlutado falar da perda e dos sentimentos a ela associados
e quanto maior for a disponibilidade da rede de suporte para o acolhimento desses
sentimentos.
Uma angústia não negada e bem acolhida tende a gerar a possibilidade da
pessoa se refazer mais facilmente da situação de perda e sair mais fortalecida
deste processo para continuar a sua história.
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