quarta-feira, 8 de junho de 2016

Amor sem violência

Uma relação de namoro, uma relação conjugal, uma relação amorosa, é uma construção a dois, e por vezes é necessário muito trabalho de equipa, muita compreensão e muita tolerância. Uma construção de algo não é simplesmente estar em conjunto, é importante a partilha de valores, a aprendizagem mútua, a compreensão de cada forma de ser do outro, para que cada um se possa adaptar um pouco à outra pessoa. São necessários esforços, as coisas não encaixam simplesmente, não correm sempre bem e saber gerir as discussões é algo essencial num casal e conseguirem explicar um ao outro o que se está a sentir. Mas acima de tudo, tem de haver aceitação pela outra pessoa.

Contudo há limites para essa aceitação. O limite é o amor-próprio.

Existem diferentes formas de violência nas relações, não é apenas a física, mas também a sexual, a verbal, a psicológica e a social. No entanto, enquanto a violência física é óbvia, outros tipos de abuso são mais subtis e difíceis de detectar, mesmo para a pessoa que está a ser submetida.
VIOLÊNCIA FÍSICA: Quando surge o empurrar, agarrar ou prender, atirar objectos; dar bofetadas, pontapés e/ou murros; ameaçar em usar a força física ou a agressão.
VIOLÊNCIA SEXUAL: Quando há a obrigação de práticas sexuais mesmo quando o outro elemento do casal não queira; a carícia forçada.
VIOLÊNCIA VERBAL: Quando surgem insultos ou gritos; humilhação, através de críticas e comentários negativos (ex.: “Não vales nada.”); intimidações e ameaças.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: Quando a pessoa parte ou estraga os objectos ou roupa do parceiro; quando há o controlo da maneira de vestir; o controlo do que se faz nos tempos livres e ao longo do dia; quando há o controlo através de ligar constantemente ou enviar mensagens; quando há uma ameaça de terminar a relação como estratégia de manipulação; quando há manipulação por vezes muito subtil para que a pessoa faça o que o outro quer.
O silêncio também pode ser usado como uma táctica de abuso emocional. De facto, a indiferença associada, causa profundas feridas emocionais, não só porque aumenta o nível de ansiedade na pessoa, mas também causa danos na sua auto-estima e causa enorme insegurança. A pessoa que usa o silêncio tem o objectivo de punir a outra pessoa, não respondendo, mostrando-se frio e distante e assim, como a situação se torna insuportável para a outra pessoa, esta acaba por pedir desculpas por algo que não fez. O objectivo acaba por ser concretizado: dominar e manipular, jogar com as emoções, criar insegurança e incertezas.
VIOLÊNCIA SOCIAL: Quando há a humilhação em público, especialmente junto de familiares e amigos; quando se mexe, sem o consentimento, no telemóvel, nas contas de correio electrónico; quando há a proibição do convívio com os amigos e/ou com a família.

Todas as formas de violência têm um objectivo comum: magoar, humilhar, controlar e assustar. É importante reflectir sobre o que nos está a acontecer, ao mesmo tempo percebermos o que nos leva a manter esta relação. Poderá ser importante falarmos com algumas pessoas de confiança, que nos podem dar apoio, mas também para nos ajudar a perceber que o limite talvez tenha sido ultrapassado.
Por vezes, há momentos em que podemos achar que a pessoa não está bem, que houve uma complicação no trabalho, que a pessoa está alterada, e que será natural o outro elemento do casal apoiar nessas alturas também. Sim, claro! Mas há limites! E por mais desculpas que as pessoas possam apresentar, a violência não pode ser aceite.

Há micro agressões, que até por razões culturais não é dada a importância devida. Mas a partir do momento que algum comportamento do outro elemento da relação nos faça sentir mais pequenos, mais inseguros, com medo... é um sinal! Amor não é minimizar o outro, amor não é exigir que o outro mude, amor não é obrigar a outro a algo que não quer.

As pessoas que agridem fisicamente, sexualmente, verbalmente, psicologicamente e/ou socialmente a pessoa que supostamente dizem amar, têm problemas que precisam de resolver, mas não é aceitando a violência que a pessoa é ajudada.

Viver numa situação de violência e agressão numa relação amorosa tem graves consequências para a pessoa que está a ser submetida. Viver uma situação de violência numa relação prejudica a auto-estima, a visão que se tem de si próprio, sente-se que não se tem valor, pensa-se que se tem alguma característica negativa que justifique a violência.

O problema não está em quem sofre de violência. Não há desculpa aceitável para a violência.

Quando temos uma baixa auto-estima, temos pouca confiança em nós e desvalorizamo-nos. Temos uma tendência em nos focar nos aspectos mais negativos, nos erros que cometemos, culpamo-nos do que acontece, não nos sentimos amados e podemos até achar que não merecemos que alguém goste de nós e até merecemos um tratamento que não é aceitável. É importante procurar formas de aumentar a auto-estima, de se valorizar... e ao viver numa relação com violência não o irá conseguir fazer, porque é uma relação destrutiva.

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

2 comentários:

  1. Então e um artigo com o tema: A psicologia e o ambiente! Se preciso for, umas dicas posso delegar:) Perspetiva do paciente que sofre de inteligência emocional:)

    ResponderEliminar
  2. Obrigada pela sua visita ao nosso blogue e pelo seu comentário. Teremos todo o gosto de escrever em breve um artigo de opinião sobre o tema que sugere. Gratas pela sua sugestão.

    ResponderEliminar