Falei na semana passada da
questão da auto-determinação e da heterodeteriminação e da importância de termos
consciência dessa tendência, para melhor entendermos de que forma nos afecta a
nós e aos outros e de que forma lidamos com as consequências dessa nossa
atitude.
E hoje continuando na linha
desse mesmo tema, pergunto, sendo nós mais hetero determinados, ou quando
decidimos numa determinada situação sê-lo, quando tomamos determinadas opções,
tendo em conta a vontade e a necessidade do outro, ficamos à espera de retorno?
E caso esse retorno não chegue, o que fazemos a esse mal-estar que isso nos
cria?
Quando tomamos a opção de
escolher algo que coloca a nossa necessidade ou vontade em segundo plano
(porque é uma opção, podemos escolher colocar a nossa vontade em primeiro ou em
segundo plano), podemos ficar genuinamente satisfeitos e realizados por vermos
a outra pessoa satisfeita e feliz. Mas e se isso for sempre assim? E se nos apercebermos
que a nossa posição nas relações tem tendência de ser essa, a de colocarmos a
nossa vontade e as nossas necessidades em segundo plano? Mas e se as pessoas se
“habituarem” a esta nossa postura e nós aceitarmos o não retorno, porque
escolhemos simplesmente ser assim, sem esperar nada em troca... Aguentaremos
realmente não receber nada em troca? Ou estaremos no nosso íntimo à espera de que
esse retorno chegue entretanto? E se continuar sem chegar? O que fazemos a essa
tristeza, angústia, frustração, desilusão, às vezes até culpa...? E o que
fazemos se a nossa vontade e necessidades continuarem a não serem consideradas?
Todas as pessoas têm as suas“feridas", que podem provocar padrões de relacionamento mais complicados e
conflituosos, e cada pessoa, conforme a sua estrutura, experiências e
organização tem formas diferentes de dar e receber amor. E assim existem
pessoas que dão muito, pessoas que sentem que dão muito, outras que precisam de
receber e dar de forma igualitária, outras que precisam de receber de forma
intensa e constante, e muitas outras formas...
Sem
dúvida que podemos ter uma determinada tendência, o que é natural, e o primeiro
passo é conseguirmos tomar consciência desse padrão, para o conseguirmos "desconstruir”, para construirmos algo que nos seja mais funcional, mais
satisfatório, e que nos permita viver de forma mais harmoniosa connosco
próprios e com os outros.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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