Hoje, dia 7 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional da
Preguiça cujo intuito serve para lembrar o quanto o descanso é importante para
o nosso bem-estar.
Esta data torna-se particularmente
importante numa era em que muitas pessoas se queixam constantemente de não
terem tempo para nada, descurando a necessidade de parar, pelo menos algumas
vezes por dia, em prol da própria sanidade mental.
Vivemos num mundo no qual impera a pressão
constante por desempenhos excelentes e maximização de resultados e onde o fazer
nada passou a ser visto negativamente, induzindo sentimentos de culpa.
Muitas pessoas entram neste ritmo acelerado
e numa urgência constante em responder às expectativas pessoais e sociais
criadas, gerando-se as condições propícias para o desenvolvimento de quadros de
stress e em última instância de burnout. Quem se aproxima desse ponto deixa de
se sentir produtivo e podem emergir sensações desagradáveis tais como a
ansiedade, a raiva, o tédio, o desejo de procrastinar e até sintomas físicos
como dores de cabeça, dores de estômago ou insónias. Para este desgaste
extremo podem contribuir diferentes fatores tais como o perfeccionismo, o
elevado nível de ambição e de criticismo, a auto-exigência e a pressão por
parte do exterior. Neste contexto atual, parece não haver muito espaço para
desligar, desconectar e parar, até mesmo nos supostos momentos de pausa, a
propensão para continuar ligado, a consumir informação, através dos smartphones
parece levar a melhor.
No entanto, há muito que as neurociências evidenciaram a importância dos “tempos de nada”. O importante é acalmar a mente, parar de
analisar e afastar totalmente os pensamentos indutores de stress, na medida em
que esta paragem conduz à reorganização mental, que é a base para novos
insights e novas soluções, isto é para a criatividade. Ou seja, ao ativar no
cérebro um estado mais passivo e relaxado, são neutralizados os efeitos
negativos das hormonas do stress e produzidos neurotransmissores como
endorfinas e dopaminas que induzem a sensação geral de bem-estar e a criatividade.
Há várias alternativas para ativar um
estado de relaxamento, tais como um exercício de relaxamento, dar um
passeio a pé ou fazer uma corrida, ouvir música calma, fazer uma sesta ou
tomar um banho quente. Este estado permite assim romper com os padrões de
raciocínio anteriores e com as emoções negativas associadas, promovendo o
acesso a uma posição neurológica mais favorável a um raciocínio mais claro,
criativo e produtivo. Quantos momentos “eureka!”já tivemos no duche ou enquanto
conduzíamos ao ouvir música?
Tempos de nada são portanto essenciais para
aumentar a criatividade e a capacidade para resolver problemas e tomar
decisões, incrementando a qualidade do trabalho e a auto-confiança. Para além disso,
são nos tempos de nada que temos oportunidade para nos desligarmos do exterior
e do modo automático em que vivemos grande parte do tempo, para nos conectarmos
connosco, ou seja com os nossos sentimentos, desejos e aspirações e não nos
perdermos de nós próprios na correria do dia a dia. É neste parar que a mente e
o corpo reencontram a tranquilidade e o relaxamento que necessitam para a
manutenção da saúde física e mental. Como tal, é essencial incorporar estes
tempos de nada no nosso quotidiano, o que requer organização, estabelecimento
de prioridades e acima de tudo permissão por parte do próprio. Porque apesar
deste dia ser intitulado como o dia da preguiça, os tempos de nada em nada se
relacionam com negligência, displicência, ou aversão ao trabalho mas sim com
uma necessidade imperiosa de parar a que todos temos direito em prol da nossa
saúde, bem estar, criatividade e produtividade.
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