O ser humano, é um ser fantástico! Tem uma enorme capacidade de adaptação, no entanto essa adaptação pode criar dificuldades de se avançar em determinados momentos da vida.
Uma criança nasce e entra em contacto com o Mundo através dos seus cuidadores, esses são os modelos e através destes a criança vai aprendendo e desenvolvendo-se. À medida que este desenvolvimento vai acontecendo, a criança / adolescente / jovem / adulto, vai-se apercebendo que o modelo parental (ou de outros cuidadores) pode não ter sido efectivamente o mais saudável e vai acabando por desenvolver estratégias para se adaptar ao meio onde está inserido.
O conceito de sobrevivente não tem que ser utilizado apenas para as situações de guerras ou de grandes traumas, uma criança que vive num meio onde existe negligência ou algum tipo de abuso (violência física, violência verbal...), não sabendo o que fazer, pode desenvolver várias estratégias para "sobreviver", com o objectivo de se cuidar e se equilibrar. Se pensarmos numa criança de 10 anos que não tem afecto, porque os pais são emocionalmente ausentes, esta criança vai naturalmente tentar proteger-se e apesar de se sentir sozinha e indefesa irá desenvolver formas para superar a dor / tristeza / revolta. Contudo, uma criança de 10 anos desenvolve as estratégias que é capaz nessa idade. Contudo o que vai acontencendo a essa estratégia à medida que vai crescendo?
Um adulto "sobrevivente" a experiências de vida emocionalmente duras, tende a ir evoluindo as estratégias que foi criando em criança, tende a adaptá-las... contudo, muitas vezes fica preso a estas, mesmo quando o contexto é diferente. Muitas vezes este adulto, pode activar as estratégias de defesa (protecção) quando sentir que existe algo idêntico às situações "difíceis" que viveu. O medo do abandono, o medo da indiferença, o medo da crítica são receios muito comuns em adultos que de alguma forma sentiram que viveram uma infância marcada por falta de afecto e atenção, ou até mesmo negligência e abuso.
Muitas vezes estes adultos conseguem ser perfeitamente funcionais e terem uma vida totalmente equilibrada, contudo nas relações mais intimas, de relacionamentos mais próximos, podem surgir as estratégias que se habituaram a usar naquele determinado contexto mais adverso... e é essencial, a consciência que o contexto sendo totalmente diferente, necessita de estratégias também elas totalmente renovadas. Não fará muito sentido (racionalmente falando), que uma pessoa não partilhe a responsabilidade de algo importante com o seu/sua companheiro/a, porque tem dificuldade em confiar, sendo que a estratégia que utilizou durante muito tempo foi simplesmente contar consigo próprio...
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
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