Nem sempre o caminho que tomamos nos conduz
ao lugar desejado. E, por mais tentativas levadas a cabo, repete-se o resultado
de insucesso.
Provavelmente os acontecimentos de vida,
as circunstâncias, a interferência de terceiros, ou mesmo decisões pouco
ponderadas, poderão ter contribuído para a instalação da situação atual.
Mas também as nossas condutas, inconscientes, ou seja, os nossos
padrões comportamentais repetitivos, poderão igualmente estar
a condicionar o nosso sucesso. A isto chamamos auto-sabotagem,
enquanto um processo sustentado em crenças internas limitadoras construídas ao
longo da vida e enraizadas na estrutura mental, que levam a pessoa a adotar
comportamentos repetitivos que lhe são prejudiciais. Geralmente, este é um
processo inconsciente, sendo frequente a projeção da responsabilidade ou da
culpa no exterior.
A existência destas crenças negativas e
limitantes em relação ao próprio estão associadas a uma auto-imagem e a uma
auto-estima negativas. Esta voz interna negativa pode ter várias traduções,
nomeadamente: “eu não consigo fazer nada bem” “eu não mereço ser feliz”, “acabo
por perder todas as pessoas que amo”, entre muitas outras. Independentemente da
crença limitante, ela pode acabar por condicionar a ação, dada a necessidade do
sujeito em confirmar e reafirmar a sua crença a partir do resultado daquele
acontecimento. E se é verdade que o resultado do auto-boicote vem reforçar os
sentimentos de tristeza e desesperança, por outro lado permite a permanência
numa zona de conforto que é familiar e previsível, apesar de limitante e
desagradável. Poderão ser exemplos de auto-sabotagem, aquela pessoa que já
reprovou várias vezes no exame de condução, ou a outra que já tentou por várias
vezes fazer dieta mas a meio do processo, desiste e retoma os hábitos
alimentares antigos e pouco saudáveis. Estas e outras situações, podem
representar desafios que colocam em causa a identidade do próprio (a perceção
que tem de si) e as sua crenças, pelo que inúmeras resistências são levantadas.
Conduzir para alguém com um funcionamento muito dependente, pode representar o
medo de tomar as rédeas da sua vida e decidir o caminho que quer seguir. A
reprovação repetida no exame de condução pode representar uma forma de fuga e
de evitamento a uma situação nova e desconhecida, de maior autonomia, que
desperta medo e desconforto.
Auscultar e observar os padrões
comportamentais que se repetem e as emoções associadas a situações
desconfortáveis, são procedimentos essenciais para começar a proceder a
pequenas mudanças.
Tomar consciência destes processos inconscientes é um
dos primeiros caminhos para romper com a auto sabotagem e assumir a direção por
uma vida mais harmoniosa. No sentido de promover o auto-conhecimento e a orientação
da vida de acordo com o que é desejável,
importa saber responder às seguintes perguntas.
“O que é que eu quero
para mim?”
“Como é que me quero
sentir no futuro?”
“Quais são os meus objetivos? (Os sentimentais,
profissionais, de relacionamento, financeiros, e outros…)
Desfazer crenças negativas que
levam à auto-sabotagem, ter um auto-conhecimento profundo, tolerar a frustração
e ser persistente perante as adversidades, são aspetos que contribuem para o
desenvolvimento do potencial e das habilidade de cada um.
As nossas experiências de vida não nos definem e muito
menos nos rotulam. Muitas vezes vivemos colados a esses rótulos que acreditamos
definirem a nossa identidade, consubstanciados nessas “falsas verdades”, quando
a verdade é que a nossa plasticidade, capacidade de readaptação e potencial
criativo são enormes e possibilitam estar em constante aprendizagem e
transformação.
Ousemos
então aceitar esse desafio constante chamado vida!
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