quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Aquela vozinha...

Já nos aconteceu a todos, com certeza, o receio de fazer algo que não sabemos muito bem se vamos fazer bem, porque é a primeira vez. Por exemplo, a primeira vez que apanhámos um avião estávamos em pânico, (eu pelo menos estava!) não só pela viagem de avião em si, mas pelas malas, pelo bilhete e check in, pelos líquidos que se pode levar na mala de mão... Tem-se receio de se esquecer de alguma coisa e então está-se num estado de alerta bastante elevado. Não, esse estado de alerta e de stress não é agradável, e pode passar pela cabeça por breves segundos que seria preferível estarmos quietos em casa, seguros e não nos colocarmos naquela situação de desconforto. O estado de alerta é importante, porque faz-nos estar atentos a tudo, mas essa vozinha pode ainda intensificar mais essas sensações...

Numa segunda viagem, como já sabemos mais ou menos como as coisas funcionam, já estamos mais tranquilos, relaxados e já temos disponibilidade para reparar mais nas coisas que nos envolvem. Este é um bom exemplo de como saímos da nossa zona de conforto e como esta aumenta. Mas e se tivéssemos escutado aquela voz que nos dizia que o desconforto não era bom e que devíamos ter ficado em casa?

aqui falei da zona de conforto e hoje, ainda em rescaldo de férias, decidi voltar a esta temática, mas também tocando no tema do meu último artigo “O medo”.

O exemplo que dei em cima do avião pode ser substituído por qualquer outra situação que nos coloque numa posição em que nos sentimos mais vulneráveis. E aquele pensamento, aquela vozinha que nos diz que esse desconforto é demasiado e que mais vale não experimentar nem arriscar, e que o melhor é ficar... quem é? A quem identificamos essa vozinha? Há alguém que nos poderia dizer isso? Essa vozinha o que pretende? Se falássemos com ela o que nos iria dizer?

Cada um de nós é feito de várias pequenas partes distintas, às vezes muito distintas mesmo! Por vezes podemos nem conseguir perceber de onde poderá vir esta vozinha. E se eu for uma pessoa muito aventureira e corajosa... como pode surgir então esta voz, que quase me bloqueia? Que quase me faz parar? É importante conseguirmos aceitar que essa voz é uma parte de nós. Isso não significa que a vamos seguir, mas é importante perceber que há uma parte de nós que tem esse medo, esse receio de avançar à descoberta, mas o essencial é conseguirmos distanciarmo-nos dela, aceitando que ela vai consnoco e avançar, se é isso que realmente sentimos que queremos.
Nem sempre é fácil conseguirmos estar em contacto com o nosso verdadeiro “eu”, o genuíno, mas é possível e é essencial. Se conseguirmos perceber o que o “eu” realmente quer fazer e tem vontade, vamos ser também capazes de entender que estamos a ter dificuldades porque a voz nos pode estar a bloquear e assim podemos procurar ajuda e ultrapassar essa dificuldade. Se não conseguirmos identificar esse “eu” genuíno e nos misturarmos com os nossos medos, vamos ter mais dificuldades em conseguir avançar sobre o que realmente pretendemos para nós.

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.


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