Já nos aconteceu a todos, com
certeza, o receio de fazer algo que não sabemos muito bem se vamos fazer bem,
porque é a primeira vez. Por exemplo, a primeira vez que apanhámos um avião
estávamos em pânico, (eu pelo menos estava!) não só pela viagem de avião em si,
mas pelas malas, pelo bilhete e check in, pelos líquidos que se pode levar na
mala de mão... Tem-se receio de se esquecer de alguma coisa e então está-se num
estado de alerta bastante elevado. Não, esse estado de alerta e de stress não é
agradável, e pode passar pela cabeça por breves segundos que seria preferível
estarmos quietos em casa, seguros e não nos colocarmos naquela situação de
desconforto. O estado de alerta é importante, porque faz-nos estar atentos a
tudo, mas essa vozinha pode ainda intensificar mais essas sensações...
Numa segunda viagem, como já
sabemos mais ou menos como as coisas funcionam, já estamos mais tranquilos,
relaxados e já temos disponibilidade para reparar mais nas coisas que nos
envolvem. Este é um bom exemplo de como saímos da nossa zona de conforto e como
esta aumenta. Mas e se tivéssemos escutado aquela voz que nos dizia que o
desconforto não era bom e que devíamos ter ficado em casa?
Já aqui falei da zona de conforto e hoje, ainda em rescaldo de férias,
decidi voltar a esta temática, mas também tocando no tema do meu último artigo
“O medo”.
O exemplo que dei em cima do
avião pode ser substituído por qualquer outra situação que nos coloque numa
posição em que nos sentimos mais vulneráveis. E aquele pensamento, aquela vozinha
que nos diz que esse desconforto é demasiado e que mais vale não experimentar
nem arriscar, e que o melhor é ficar... quem é? A quem identificamos essa
vozinha? Há alguém que nos poderia dizer isso? Essa vozinha o que pretende? Se
falássemos com ela o que nos iria dizer?
Cada um de nós é feito de várias
pequenas partes distintas, às vezes muito distintas mesmo! Por vezes podemos
nem conseguir perceber de onde poderá vir esta vozinha. E se eu for uma pessoa
muito aventureira e corajosa... como pode surgir então esta voz, que quase me
bloqueia? Que quase me faz parar? É importante conseguirmos aceitar que essa
voz é uma parte de nós. Isso não significa que a vamos seguir, mas é importante
perceber que há uma parte de nós que tem esse medo, esse receio de avançar à
descoberta, mas o essencial é conseguirmos distanciarmo-nos dela, aceitando que ela vai consnoco e avançar, se
é isso que realmente sentimos que queremos.
Nem sempre é fácil conseguirmos
estar em contacto com o nosso verdadeiro “eu”, o genuíno, mas é possível e é
essencial. Se conseguirmos perceber o que o “eu” realmente quer fazer e tem
vontade, vamos ser também capazes de entender que estamos a ter dificuldades
porque a voz nos pode estar a bloquear e assim podemos procurar ajuda e ultrapassar
essa dificuldade. Se não conseguirmos identificar esse “eu” genuíno e nos
misturarmos com os nossos medos, vamos ter mais dificuldades em conseguir
avançar sobre o que realmente pretendemos para nós.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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