Comemora-se hoje o
solstício de Inverno, o que significa que depois de uns dias que serão mais curtos, estes (com luz solar), e durante seis
meses, serão cada vez maiores. Estou grata por isso!
Estamos também a
poucos dias do Natal. Seja por motivos religiosos, por tradição cultural, ou
outra, esta é uma época em que geralmente se oferece e se recebe: presentes,
companhia, memórias, emoções.
O ano de 2016 está
quase a terminar, o que faz também, habitualmente, deste um tempo de balanço e de desejos para o novo ano.
Para muitos de nós
é mais fácil olharmos para aquilo que não queremos ver repetido no novo ano que
se avizinha, desejar coisas novas, diferentes, melhores, do que focarmo-nos no
que passou ou está ainda a passar-se. Como em muitos outros momentos,
depositamos o nosso tempo e energia a fazer algo enquanto prestamos atenção
noutra coisa qualquer, o que nos faz perder, por um lado, momentos
significativos das nossas vidas, e, por outro, a consciência dos julgamentos e
escolhas que vamos fazendo no nosso dia-a-dia. Mas, sem estarmos atentos ao
presente, como podemos no futuro não repetir os mesmos padrões do passado? Como
podemos questionar os julgamentos que vamos fazendo, a forma como agimos, ou
duvidar que as nossas crenças podem não corresponder a uma realidade factual e
imutável?
Por outro lado,
prendermo-nos aos erros do passado, faz com que a auto-critica, aquela vozinha
interior, consiga por estes dias um ambiente óptimo para florescer, minando a
nossa confiança em nós mesmos, e comprometendo fortemente o nosso bem-estar:
“devias ter feito isto e aquilo! Mais um natal em que andas a correr a comprar
presentes desinteressantes à última a hora! Muito bem… um ano passou e quantas
das tuas resoluções para 2016 concretizaste?”. Contudo, uma voz construtiva, de
aperfeiçoamento, que nos ajude a fazer ajustes, a corrigir o que precisa ser
corrigido, é muito bem-vinda.
Esquecemo-nos
muitas vezes que a vida é naturalmente imprevisível e imperfeita, e por isso
esquecemo-nos também de ficar gratos pelo que temos, ambicionando quase exclusivamente
mais e melhor. Experienciar gratidão pelo que temos, na simplicidade de um
pôr-do-sol, ou no sorriso de outra pessoa, não faz de nós pessoas ingénuas e/ou
pouco ambiciosas... As pessoas que estão gratas pelas e nas suas vidas já
passaram, muitas vezes, por momentos de profundo sofrimento e perceberam que,
para elas, são as simples mas significativas coisas da vida que fazem com que
tudo valha a pena, perceberam que não precisamos de ter medo de viver o momento
(pelo contrário), que isso não nos torna mais fracos e vulneráveis, e que nos
permite continuar a abraçar (até de forma mais completa e profunda) novos e
grandes desafios.
Estarmos gratos
não compromete o nosso esforço e empenho no nosso futuro, permite-nos contudo
aceitar que temos mais motivos para nos sentirmos satisfeitos e orgulhosos
acerca de quem somos e do que alcançámos, do que ousamos habitualmente reconhecer.
Hoje venho propor
que possamos olhar com gratidão para o ano que agora encerra: as aprendizagens
que fizemos, as pequenas (ou grandes) coisas boas que nos aconteceram, as menos
boas que conseguimos evitar ou com as quais soubemos lidar. Difícil?! É comum
olharmos para aquilo que esperamos ter ou ver realizado no próximo ano. Mas
hoje, ainda em 2016, desafio que nos foquemos no que este ano nos trouxe de
bom... E a ficarmos gratos por isso.
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