« Se
quiséssemos ser apenas felizes, isso seria fácil de alcançar. Mas desejamos ser
mais felizes do que os outros, e isso é sempre difícil, já que achamos os outros
mais felizes do que realmente são.»
(Montesquieu)
“Nem sabes o que
perdeste!” (vem, geralmente, acompanhado de uma mistura de entusiasmado, vaidade, de uma quase acusação e até mesmo pena). Às vezes não
sabemos mesmo, não chegamos sequer a
saber, e, provavelmente, até aí nem queríamos ter sabido. Contudo, esta é uma
frase que nos dias de hoje parece ter uma elevada probabilidade de deixar quem
a ouve ansioso, ou mesmo angustiado: O
que é que terei perdido? O que é que não ouvi, comi, experimentei? Do que é que
fiquei de fora? Onde é que não fui? Este
sentir já tem até um nome: FoMO (do
inglês Fear of Missing Out – medo de
ficar de fora).
Três em cada
quatro jovens adultos refere já ter vivenciado momentos de ansiedade mais ou
menos evidente com a possibilidade de perder alguma coisa, de ficar de fora de
algum acontecimento e/ou informação.
De acordo com
Darlem McLaughlin, quando se está tão focado no(s) outro(s), no “melhor” (nas
nossas cabeças), olhando quase (ou mesmo) exclusivamente para fora, sem nos
determos muito (ou sequer) a olhar para dentro de nós mesmos, perdemos o
sentido autêntico do nosso Eu. Como
se este medo constante de ficarmos de fora nos mostrasse que não estamos a participar
no nosso próprio mundo como pessoas reais. Esta preocupação constante acerca do
que está a acontecer, daquilo que “outros” estão a fazer, afasta-nos
gradualmente das nossas próprias vidas, e de nós mesmos.
É verdade que o
mundo contemporâneo garante que saibamos sempre o quanto estamos a perder.
Somos permanentemente bombardeados com sugestões (indicações?!?) do que devemos
fazer, comprar, desejar, de quais as viagens que “precisamos” fazer, dos
empregos que devemos escolher, das bebidas que devemos apreciar... ouvimos
frequentemente as pessoas que nos rodeiam falarem acerca das coisas incríveis
que fizeram ou dos lugares inacreditáveis que vão visitar...
Mas será este medo de ficar de fora apenas um sinal
dos tempos modernos? Uma inofensiva consequência da possibilidade de estarmos
permanentemente ligados ao mundo? Ou,
por outro lado, será que nos diz algo acerca de nós próprios que precisamos
saber?
A investigação
mostra que este medo de ficar de fora
parece estar associado a baixos níveis de humor e de satisfação com a vida em
geral e relativamente às necessidades de competência, autonomia e afinidade.
O que não encontramos cá dentro, que procuramos incessantemente lá fora?
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