Nesta primeira semana do novo ano,
em que muitos procuram descobrir novas formas de aumentar a sua qualidade de
vida e bem estar, seria interessante, antes de mais, compreender o que
significa afinal viver bem.
Vivemos numa era em que somos
inundados, através das redes sociais, por publicações que projetam imagens de
felicidade associadas a festas, viagens, aos melhores amigos, aos melhores
namorados. A exposição a estas mensagens poderá, de certa maneira, gerar a
crença que viver bem é experienciar esta
constante diversão e que, por conseguinte, a vida rotineira do quotidiano seria
maçadora e desinteressante.
Esta ilusão que é vendida é
suscetível de produzir, por um lado, uma sensação de admiração e de desejo em
frequentar os mesmos lugares, fazer as mesmas viagens, conhecer aquelas
pessoas, ou fazer aquelas atividades e por outro lado, gerar uma sensação de
frustração e de fracasso por não se conseguir ter uma vida assim.
Na realidade, para vivermos bem, é
importante a existência de uma rotina e a aceitação de que essa rotina tem
inevitavelmente um caráter de repetição que pode ser organizador e gratificante
desde que esteja em sintonia com as nossas características pessoais e
aspirações.
Os períodos de pausa e de férias
são importantes para relaxar, descansar e para uma libertação temporária das
responsabilidades, horários e obrigações laborais. No entanto, se este tempo
para não fazer nada ou de festa passasse a ser a rotina do quotidiano, acabaria
igualmente por se tornar monótono e conduzir a uma sensação de enfraquecimento e
de empobrecimento do eu.
A robustez da auto-estima é, sem
dúvida, um fator determinante para se
viver bem e relaciona-se com o orgulho que temos em relação aos nossos valores
e à forma como os refletimos na nossa conduta e na relação com os outros. Viver
bem associa-se à existência desta congruência interna, sendo igualmente
importante uma rotina na qual nos ocupamos com coisas que gostamos e das quais temos
um retorno gratificante e compensador.
Quando estamos ocupados e
envolvidos a fazer algo que nos interessa e entusiasma, ficamos totalmente
conectados no momento presente e o tempo flui de forma rápida. Estas sensações
agradáveis podem advir de trocas relacionais significativas, de atividades de
lazer ou intelectuais (leitura, cinema, arte, música) e de atividade físicas
como o desporto ou a dança, que aumentam a
produção de endorfinas, hormona responsável pela sensação de bem-estar.
Podemos concluir que viver bem se
relaciona sobretudo com a construção de uma rotina congruente e harmoniosa com
a nossa natureza humana, que transparece a nossa autenticidade e não com a
superficialidade associada à imitação de um estilo de vida projetado e alheio.
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