O tema de hoje surge porque nem sempre precisamos viver
determinada situação para que ela faça parte da nossa vida, e soframos com ela.
Porque a exposição indirecta a situações traumáticas pode ser efectivamente
traumatizante. E porque acredito que podemos escolher fazer de todos os
momentos, momentos de aprendizagem... Mesmo (principalmente?) estes momentos que vivemos actualmente. Partilho, então, convosco algumas sugestões da Associação Americana de Psicologia que procuram ajudar a
criar resiliência para lidar com a exposição indirecta a situações de terror.
Os actos de terrorismo são
propositadamente concebidos para assustar as pessoas e fazê-las temer pela
segurança das suas comunidades e dos seus entes queridos. Os incidentes são
aleatórios, imprevisíveis, intencionais e têm frequentemente como alvo
indivíduos indefesos. Quando estes eventos ocorrem, é habitual poder sentir-se
ansioso e preocupado com o futuro.
Tomar medidas para desenvolver a
resiliência – a capacidade de nos adaptarmos adequadamente a mudanças e
situações inesperadas – pode ajudar as pessoas a gerir a angústia e a
incerteza. Muitas dessas medidas são ingredientes essenciais para um estilo de
vida saudável, e adoptá-las pode melhorar de uma forma geral o seu bem-estar
físico e emocional. Assim, após eventos traumáticos, é importante aproximar-se
dos outros e desenvolver empatia. Pode também ser uma oportunidade para aprender
mais – descobrir o que mais o assusta e depois obter informações acerca deste
tipo de situações – e agir mais – usar a informação para se preparar para o
futuro, fazer planos para dar resposta e participar activamente na comunidade.
Para Promover a Resiliência…
Faça uma pausa das notícias. Assistir
às infindáveis reportagens sobre o ataque pode aumentar ainda mais o seu
stress. Ainda que queira manter-se informado – especialmente se tiver entes
queridos afectados pelos acontecimentos – faça uma pausa nos noticiários.
Procure ser particularmente sensível à exposição das suas crianças, e esteja
preparado para responder a questões que elas tenham acerca de como ou por que
estes eventos aconteceram.
Ponha as coisas em perspectiva. Apesar
de os acontecimentos trágicos acontecerem, eles são relativamente raros.
Lembre-se que os órgãos e organizações governamentais têm planos definidos para
evitar ataques e manter a segurança nacional. Coisas más podem acontecer, mas é
importante apreciar as muitas coisas que são fonte positiva de bem-estar e
força.
Tenha um plano. Ter um plano de
emergência irá proporcionar-lhe uma maior sensação de controlo e fazê-lo sentir-se
preparado para o inesperado. Estabeleça um plano claro de como você, a sua
família e amigos irão agir e contactar-se em caso de crise, e para quem deverão
ligar em caso de emergência (ou mesmo especificar um local onde se encontrarem
se não conseguirem entrar em contacto com ninguém por telefone).
Mantenha-se ligado. Manter as redes
e actividades sociais, tanto pessoalmente como por via electrónica, pode
garantir uma sensação de normalidade, e proporcionar valiosos momentos de
escape para partilhar sentimentos e aliviar o stress. Aceitar ajuda e suporte
daqueles que se preocupam consigo e que irão ouvi-lo pode fortalecer a sua
resiliência.
Construir a sua resiliência pode
ser uma parte importante para se preparar para o inesperado, uma vez que é uma ferramenta
psicológica que nos pode ajudar a lidar com a ansiedade e o medo. Se se sente
bloqueado, “sem saída”, ou sobrecarregado e incapaz de usar as dicas listadas
acima, considere a possibilidade de falar com alguém que o possa ajudar, como
um psicólogo ou outro profissional de saúde mental. Recorrer a alguém para
orientação pode ajudá-lo a fortalecer a sua resiliência e a perseverar em
tempos difíceis.
Texto traduzido e adaptado a partir do
original “Building resilience to manage indirect exposure to terror”,
disponível em http://www.apa.org/helpcenter/terror-exposure.aspx
Ana Luísa Oliveira escreve de acordo com a antiga ortografia.
Sem comentários:
Enviar um comentário