terça-feira, 18 de julho de 2017

Uma Viagem ao Universo de Van Gogh




Para os apreciadores da arte de Van Gogh ou para aqueles que desejam descobri-la ou conhecê-la melhor, a nossa psicóloga Joana Valério sugere para esta semana uma visita à exposição Van Gogh Alive – The Experience”, que está patente na Cordoaria Nacional até ao dia 31 de Agosto.
A par da genialidade, o mundo interno do pintor caracterizava-se por uma marcada conflitualidade e intensidade. O sofrimento mental em que vivia e que se traduzia na sua impulsividade, oscilações de humor e dificuldade em estabelecer relacionamentos duradouros, acabou por conduzir a vários internamentos psiquiátricos, ao episódio da auto-mutilação do lobo da orelha direita e culminar no seu suicídio, com apenas 37 anos de idade.
Esta exposição constitui-se como uma oportunidade de conhecer a obra de Van Gogh de uma forma completamente inovadora, uma vez que as telas são o teto, as paredes e o chão. Trata-se de uma experiência multisensorial que promove a  proximidade e o envolvimento do visitante com o universo do pintor, através de video, luz, cor e som, proporcionando a exploração da sua vida e obra, assim como o contacto com as suas ideias e os seus estados de espírito.
A exposição explora em particular o período de 1880 a 1890, época em que Van Gogh viveu em Arles, Saint-Rémy e Auvers-sur-Oise e onde criou as suas obras mais icónicas. 

terça-feira, 11 de julho de 2017

Quando o ruído não nos permite ouvir a nossa voz orientadora

Quantas vezes nos apercebemos que em determinadas situações não conseguimos estar em contacto com a nossa voz orientadora... e que apesar de nos apercebemos disso seguimos, meios perdidos, no emaranhado do ruído?

Quantas vezes nos apercebemos que tomámos determinadas decisões, sem termos realmente contactado com a nossa verdadeira voz orientadora / vontade real?
Nunca? Algumas vezes? Muitas vezes?

Provavelmente, quem se apercebeu ter passado por isso, também talvez se tenha apercebido, que quando nos permitimos aguardar por um silêncio, que permita ouvirmos a nossa voz orientadora, a nosso decisão é sentida de forma mais intensa, mais genuína, mais nossa. Quando nos permitimos estar em contacto com essa nossa parte, e conseguimos diminuir o volume do ruído (outras opiniões de outras pessoas, a voz do nosso medo...), seguimos com mais certezas, mesmo que tropecemos no passo seguinte! Mas a sensação de “é isto que quero, é isto que eu preciso, é esta o caminho que me faz sentido agora!”, só surge quando realmente vamos conseguindo colocar o nível do som, adequado. Quando nos conseguimos ouvir!

Em determinadas fases, podemos andar mais focados no trabalho, na concretização de determinados objectivos, e entramos em piloto automático, onde o ruído é ensurdecedor, e simplesmente vamos fazendo, vamos seguindo... É essencial libertarmo-nos do ruído que nos consome e para isso, permitirmo-nos ter o nosso momento de introspecção torna-se uma necessidade.

E para conseguirmos perceber o que é ruído:
- Pensamos mais no que estamos a sentir e no que nos faz sentir feliz ou no que achamos que as pessoas vão pensar? Pensamos mais nos nossos sonhos e no que eu quero atingir ou no que achamos que os outros esperam de nós?

O primeiro passo é conseguirmos identificar a nossa voz, a nossa vontade e o ruído. Para de seguida, conseguirmos cada vez mais ir ajustastando esse volume... e definirmos a melodia que queremos para nossa companheira de viagem!



Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Como desligar do stress durante as férias


O Verão é para muitos sinónimo das tão desejadas férias, período de lazer e descanso, sonhado ao longo do ano e que se constituí como uma necessidade orgânica para parar da correria desenfreada do dia-a-dia.
Pessoas que passam anos sem tirar férias, correm o risco de atingir um  desgaste físico e psicológico de tal ordem elevado, que acabam por desenvolver quadros de burnout, caracterizados por sintomas de depressão, dores de cabeça, alterações do sono, dificuldades de atenção, concentração e raciocínio. 
Parar para o devido descanso é não só um direito merecido mas também uma condição essencial para a nossa saúde mental que não devemos descurar. No entanto, muitos são aqueles que mesmo de férias, não conseguem tirar o devido proveito porque simplesmente não conseguem desligar da rotina e do stress. Para isso, importa desde logo planear as férias, reservando um período mínimo de duas a três semanas de pausa, que permita dar ao organismo o tempo necessário para se adaptar a uma mudança no ritmo e desacelerar, usufruindo do descanso devido.
Resolver antecipadamente problemas pendentes de ordem prática, como contas por pagar, e não alimentar preocupações com o trabalho são fatores essenciais para se conseguir relaxar. Continuar a atender telefonemas e a responder a e-mails de trabalho representa uma sobrecarga que pode traduzir-se em alterações de humor, irritabilidade, dores de cabeça constantes ou mal-estar, sendo preferível o aviso de ausência no email. Outro aspeto importante,  é procurar sair da rotina do dia-a-dia e introduzir o factor novidade, tal como ir para outro lugar ou fazer uma atividade diferente. Uma mudança de contexto facilita também uma mudança das respostas habituais, eliminado o stress e promovendo o bem estar.
Quando paramos e desligamos o piloto automático das obrigações diárias, mais facilmente podemos entrar em contacto com o nosso eu interior e assim fazer balanços, redefinir prioridades, sem perder o nosso rumo e sentido de vida. É neste espaço e tempo que se abre para nós, que podemos avaliar com mais clareza e perspetiva o ponto em que nos situamos na vida e entrar em contacto com novas ideias e formas de concretizá-las que nos podem trazer realização pessoal e satisfação. O cérebro mais descansado é mais criativo, produtivo e promotor de um maior bem estar. Dedicar momentos das férias a atividades prazerosas com as pessoas de quem gostamos é também fundamental, assim como não descurar a nossa saúde, nomeadamente ter horas de sono suficientes, fazer uma alimentação equilibrada e manter atividade física para aliviar tensões.

A Claramente deseja a todos umas férias plenamente descansadas!

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe

Neste post antigo (https://claramente-psi.blogspot.pt/2016/05/envelhecimento-activo-e-humanitude.html), falei de envelhecimento activo e no conceito de Humanitude. Nesse artigo, utilizei um pequeno excerto de um livro que adorei ler e que facilmente me tocou e comoveu.

Hoje trago esse mesmo livro como sugestão de leitura - A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe.

A reedição deste romance, em Setembro do ano passado, abriu as celebrações dos 20 anos de carreira literária do escritor. Essa reedição conta com um prefácio do músico Caetano Veloso, no qual afirma: "Impacta-me que, exactamente quando da minha entrada na velhice, me chegue às mãos o trabalho de um jovem em que a contemplação do inexorável avanço da idade é a motivação de um exercício exuberante de escrita, onde a força da memória vocabular e emocional (força que define um verdadeiro escritor) surge luminosamente".


A máquina de fazer espanhóis valeu a Valter Hugo Mãe o Grande Prémio PT de Literatura - actual Grande Prémio Oceanos de Literatura.

“A Laura morreu, pegaram em mim e puseram-me no lar com dois sacos de roupa e um álbum de fotografias. Foi o que fizeram. Depois, nessa mesma tarde, levaram o álbum porque achavam que ia servir apenas para que eu cultivasse a dor de perder a minha mulher. Depois, ainda nessa mesma tarde, trouxeram uma imagem da nossa senhora de Fátima e disseram que, com o tempo, eu haveria de ganhar um credo religioso, aprenderia a rezar e salvaria assim a minha alma. E um médico respondeu, a verdade é que ficam mais calmos. Achei que era esperado de mim um desespero motor. Digo motor para dizer de acção. Algo como partir coisas, revirar os móveis, agredir fisicamente os funcionários, os enfermeiros que me poderiam prender. O quarto pequeno é todo ele uma cela, a janela não abre e, se o vidro se partir, as grades de ferro antigas seguram as pessoas do lado de dentro do edifício. Pus-me a olhar para o chão, com ar de entregue. Estou entregue, pensei. Aos meus pés os dois sacos de roupa e uma enfermeira dizendo coisas simples, convencida de que a idade mental de um idoso é, de facto, igual à de uma criança. O choque de ser assim tratado é tremendo e, numa primeira fase, fica-se sem reacção. Se aquela enfermeira pudesse acabar com aquele sorriso, ao menos acabar com aquele sorriso, seria mais fácil para mim entender que os meus sentimentos valiam algo e que sofrer pela Laura não vinha de uma lonjura alienígena, não era uma estupidez e, menos ainda, vinha de um crime pela clausura e tudo. E ela sorria e eu poderia desejar-lhe, com tanto desprezo, o pior mal do mundo. Que lhe arrancassem os braços e as pernas, pensava eu, tirem-lhe os olhos e façam-na perder a voz e chamem-lhe cabra porque é o que ela merece. Senhor Silva, com esta mantinha vai ficar quentinho à noite, ainda aqui vai ter muitos sonhos bonitos, vai ver.”

E fica aqui a sugestão!
Boa leitura.

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Casa Arrumada - Homenagem a Carlos Drummond de Andrade

Este ano Portugal é a Capital Ibero-Americana da Cultura e para homenagear um dos grandes poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade, a nossa psicóloga Joana Valério traz-nos um dos seus poemas intitulado Casa Arrumada. Neste poema Drumoond enfatiza a importância de aproveitarmos a nossa casa para usufruirmos de todas as vivências que nos enriquecem como seres humanos e de nunca nos privarmos dessa possibilidade em prol da manutenção da ordem e da arrumação. Ele relembra que a nossa alegria não reside naquilo que permanece estático mas é gerada pelo convívio, pela agitação das pessoas. Onde há vida, onde há alegria, há perturbação da ordem, há vibração, movimento de pessoas e coisas fora do lugar.
...
"Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando,
ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha"...


https://www.youtube.com/watch?v=Alp0sOWvirQ

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Dilemas? Uma oportunidade para avançar!

Muitas vezes, ao longo da nossa vida nos deparamos com dilemas. Uns mais complicados e que criam um maior mal-estar, outros menos intensos. Contudo, os dilemas criam por norma algum desconforto por termos que decidir pelo menos por duas opções contraditórias, mas que por diversos motivos, não nos é fácil avançar nessa escolha.

Por vezes podemos ficar num mal-estar por um período longo. No entanto, muitas vezes esses dilemas podem estar associados à incapacidade ou dificuldade de largar algo a que estávamos habituados e que nos é difícil imaginar sem isso, para podemos abrir um novo capítulo e agarrar algo novo e diferente, mas que nos pode fazer sentido num determinado momento.

Falando de uma forma mais concreta, alguns exemplos:
- “Eu sempre estudei desta forma, mas agora na faculdade isto não está a funcionar... mas se sempre funcionou, vai ter que continuar a funcionar assim... ou será que tenho que aprender uma nova forma de estudar?”
- “Eu sempre idealizei ter este trabalho, mas agora que aqui estou não me sinto satisfeita nem realizada... Será que procuro algum outro trabalho? Ou hei-de insistir neste?”
- “Sempre disse que não acreditava em relações à distância e que nunca me iria colocar numa situação dessas, mas a minha esposa tem um trabalho tão bom cá e eu tive uma proposta óptima num outro país... Talvez pudéssemos tentar experimentar...?”

Muitas vezes estamos nas nossas rotinas diárias, na nossa vida do dia-a-dia e tudo está bem, até que surge algo que nos cria um desequilíbrio e dúvidas – nos exemplos aqui em cima: o estudo não funciona como antes, não me sinto satisfeita no trabalho, tive uma proposta de trabalho. Com certeza que todos nós, perante situações destas já tentámos
fingir (nem que por breves instantes) que a situação nova não estava a acontecer na realidade, porque sim, seria tudo mais fácil que as coisas se mantivessem iguais. Mas a partir desse momento já não há retorno, e uma decisão necessitará de ser tomada. E até mesmo uma não decisão acaba por ser uma decisão... Porque o não avançar com uma resposta, muitas vezes faz com que a situação antiga se mantenha (por exemplo o não aceitar a proposta de trabalho no estrangeiro), e sim, é uma decisão totalmente válida.

Muitas vezes quando a situação que nos cria desequilíbrio, ficamos assustados e agarramo-nos ainda com mais força ao que já conhecemos. E podemos demorar algum tempo aí. Cada pessoa necessitará do seu tempo para elaborar o dilema e colocar a hipótese de contrariar o que pensava que queria, os seus objectivos iniciais, os seus gostos antigos, e colocar verdadeiramente a hipótese de avançar para algo novo e desconhecido. Naturalmente, o desconhecido pode tornar-se assustador para algumas pessoas, no entanto se for essa a decisão que se toma, será com certeza uma oportunidade de se avançar e evoluir, com novas aprendizagens.



Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Como ensinar o meu filho a estudar?


A aquisição de métodos de trabalho eficazes e de competências ligadas ao saber estudar são determinantes para um percurso escolar e académico bem sucedidos.
A aprendizagem destas competências, muitas vezes negligenciadas, não só promove a autonomia dos alunos, como também lhes vai exigir menos tempo de estudo e aumentar a eficácia na compreensão e apreensão dos conteúdos.
Para ajudar os seus filhos a alcançar o sucesso escolar, os pais têm um papel fundamental na promoção da autonomia, responsabilidade e motivação dos filhos, assim como no desenvolvimento das estratégias de estudo mais eficazes das quais se destacam as seguintes:
·         Escolher um local de estudo cómodo, tranquilo e bem iluminado, com a temperatura ideal e isento de fatores distratores, no qual todo o material necessário deve estar disponível.
  • Criar uma rotina de estudo, estando definido esse tempo no horário semanal. Não é possível os alunos estudarem apenas o que lhes apetece e quando lhes apetece, sendo fundamental o incentivo dos pais para um estudo regular e frequente já que tal permite ir acompanhando a matéria diária, possibilitando reforços de aprendizagem e esclarecimento de dúvidas.
  • Gerir o tempo de forma equilibrada, sabendo que os períodos de estudo devem ter uma duração de 40-50 minutos, ao fim dos quais importa fazer uma pausa de cerca de 15 minutos. Repartir o esforço por diferentes momentos traz melhores resultados. 
  • Começar a estudar pelas disciplinas mais difíceis, enquanto os níveis de concentração são mais elevados e passar depois para as disciplinas mais fáceis.
  • Ler, explicar e praticar 
Ø  Num primeiro momento o aluno deverá ler com atenção as fontes de informação, realizando uma leitura compreensiva, ou seja, ler a frase completa, fazer breves pausas para pensar no que leu e reler quando não compreender. Durante essa leitura é importante ir sublinhando as ideias principais através das quais pode ir buscar as secundárias.
Ø  Numa segunda fase importa que o aluno reproduza a informação por palavras suas como se estivesse a dar uma aula, porque mais facilmente a informação ficará armazenada na memória a longo prazo, especialmente nos alunos cujo processamento da informação é feito preferencialmente pela via auditiva. Como uma das melhores maneiras de aprender é a ensinar, ao “ensinarem a matéria aos pais” os pais podem assumir um papel importante, nomeadamente fazendo perguntas à criança para aferirem se ela consegue explicar, pedindo pormenores e exemplos ou uma explicação diferente.
A  realização de apontamentos e resumos, reescrevendo por palavras suas os aspectos considerados mais importantes, permite igualmente trabalhar e sistematizar a informação. A elaboração de esquemas de chavetas ou de setas é outra estratégia útil sobretudo nos alunos cujo processamento da informação é feito preferencialmente pela via visual.
Ø  Por último, o estudo implica que o aluno consiga demonstrar o que sabe através de diferentes tipos de exercícios e perguntas, sendo a simulação de teste uma estratégia muito eficaz.

Importa salientar que cada aluno tem o seu próprio perfil de aprendizagem, pelo que devem ser exploradas e encontradas as estratégias de estudo mais eficazes para cada um. A valorização por parte dos pais do esforço, do trabalho e dos progressos dos seus filhos, promove igualmente o sentimento de confiança, de competência e a motivação para os estudos.