Este momento crítico afecta-nos psicologicamente
a todos, ninguém está imune. Afecta-nos de maneiras diferentes, não só pelas
nossas funções (pessoas que trabalham cada dia têm preocupações e cuidados
diferentes comparativamente aos que ficam todo o dia em casa, não menos nem
mais fáceis, naturalmente diferentes), idades (crianças, jovens, adultos e
idosos), condição profissional, etc. Apesar de haver preocupações mais
específicas para cada grupo, existem questões transversais que nos podem
facilitar ou dificultar em lidar com este momento totalmente novo.
Sabemos que algo que seja totalmente novo
e inesperado, activa-nos, mas a forma como lidamos com essa activação vai fazer
toda a diferença. E vai fazer a diferença no momento presente, mas também no
nosso futuro, pós-pandemia. O Ser Humano tem a necessidade de segurança, e o
controlo dá uma sensação de maior segurança. Se eu organizo os meus dias, as
minhas rotinas, as minhas férias e dou pouco espaço ao imprevisto ou à espontaneidade,
mais difícil é lidar com acontecimentos que estão fora do meu controlo. Sabemos
que existem pessoas com maior necessidade de controlo e outras menos. Mas algo
essencial numa situação como a que estamos a passar actualmente é ACEITAR. Aceitar o que está ao meu alcance e o que não está, aceitar que há incertezas
sem respostas e procurar um estado da maior tranquilidade possível dentro dessa
aceitação. O saber quando isto vai passar, o saber que nada nos vai
acontecer... daria a todos nós um conforto e uma tranquilidade que neste
momento não é possível. Então se não podemos saber, nem podemos controlar
tantas coisas, como é ACEITAR que não temos esse controlo? Ninguém controla o
mundo... Então como seria focarmo-nos no que está ao nosso alcance? Como seria
focarmo-nos no que podemos fazer cada dia? Como é aceitar que apesar de ser
difícil, e ter medo de ser infectado, faço tudo o que posso para me proteger? E
agarro o que posso fazer, nesse controlo que posso ter, para me conseguir
sentir um pouco mais tranquilo! Como é aceitar que apesar de estarmos pelos
cabelos de estar em casa, sabemos que temos a possibilidade de decidir o que
fazer, dentro de 4 paredes, mas para nosso bem! Como é aceitar as coisas que
não podemos mudar, tal como elas são?
Se por um lado há a palavra ACEITAÇÃO,
pelo outro lado existe a RESISTÊNCIA. A resistência é o que nos agarra ao
passado, aos dias que tínhamos antes e que queríamos ter agora, às certezas que
tínhamos, aos planos, às rotinas conhecidas, às férias agendadas, à segurança
que achávamos ter, ao conhecido. A RESISTÊNCIA é uma negação à necessidade de
fazermos diferente agora, porque sabemos que é difícil, porque não sabemos como vai
ser... Então resistimos! Não queremos! E queixamo-nos e criticamos e ficamos ali, naquele lugar pesado, onde só nos movemos quase
arrastados, porque tem que ser. Lugar muito pesado esse, que apenas nos faz
sentir desesperados, angustiados e perdidos.
A ACEITAÇÃO, apesar de não nos tirar
o medo nem a preocupação, permite-nos procurar alternativas, e permite-nos ter controlo nas nossas pequenas coisas, permite-nos
avançar adaptando-nos a uma situação nova e exigente. A capacidade de nos
adaptarmos adequadamente a mudanças e situações inesperadas ajuda-nos a gerir a
angústia e a incerteza. E é a essa capacidade de nos adaptarmos que chamamos de
resiliência. E tomar medidas para desenvolvermos a resiliência é essencial, adoptá-las
pode melhorar de uma forma geral o nosso bem-estar físico e emocional.
Para Promover a Resiliência…
- Faça uma pausa das notícias – veja
apenas o mínimo necessário, no site da DGS, OMS e OPP.
- Aceite em agarrar o controlo das
coisas que tem e não queira controlar o que não pode. Cuide de si e de quem
está ao seu lado, alimente-se bem e hidrate-se.
- Aceite os seus medos e as suas
emoções, exteriorize de uma forma saudável
- Não se isole, estamos todos no
mesmo barco, fale com os seus amigos, colegas, familiares.
- Procure relaxar sempre que possível, com tarefas
agradáveis de lazer, relaxamento ou actividade física.
Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.
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