A imagem que
projetamos de nós para o exterior nem sempre coincide com a nossa realidade
interna, apesar dessa discrepância nem sempre ser clara e consciente.
Muitas vezes
acreditamos que transmitimos exatamente aquilo que somos e sentimos ou
aquilo que é desejado e esperado pelo nosso interlocutor mas efetivamente
a percepção que é formada por este pode não estar em consonância com a
nossa realidade.
Este desalinhamento
reside, antes de mais, no simples facto de que somos pessoas diferentes e como
tal descodificamos a realidade de maneira única e singular.
A leitura e
a descodificação de cada um é sustentada nas suas histórias de vida, crenças,
valores, atitudes e expetativas, mas também nas suas dificuldades emocionais e
mecanismos de defesa, o que pode condicionar a sua perceção e afetividade
por determinada pessoa. Exemplo disso, pode ser o caso de uma pessoa que
alimenta certos preconceitos relativos à raça, nacionalidade, aparência física
e constrói uma imagem desfavorável sobre determinada pessoa ou
ainda de alguém que não aceita os seus aspetos dependentes e se irrita
facilmente com pessoas que manifestam esse tipo características.
Por outro lado,
podem igualmente existir dificuldades por parte do próprio em se comunicar de
uma forma clara e autêntica, não só no discurso que produz mas também na
linguagem não verbal que adota, nomeadamente, postura, tom de voz e gestos,
induzindo equívocos na imagem que transmite. Uma pessoa com um temperamento
mais tímido, reservado e retraído, muitas vezes é percecionada como
arrogante e prepotente, com a mania da superioridade, o que não poderia estar
mais longe da sua realidade interna.
No pólo oposto,
pessoas com características mais exibicionistas e com necessidade de
ostentar aspetos que não possuem na procura da admiração e valorização do
outro, também transmitem uma imagem que não corresponde à sua realidade, o que
acaba também por trazer equívocos e prejuízos para a relação.
Diferente ainda
é o caso de pessoas demasiado auto-críticas e com lacunas na sua confiança pessoal, que se percecionam de uma maneira mais
desfavorável que as pessoas que lhes são mais próximas. Também aqui a auto-imagem e a visão do outro são significativamente diferentes, nomeadamente
quando este último consegue identificar qualidades no primeiro que o próprio
tem dificuldades em reconhecer.
O conhecimento e
a aceitação de todos os aspetos da nossa personalidade, das suas
potencialidades mas também das suas fragilidades e limitações, é o primeiro
passo para construirmos um auto-imagem completa, íntegra e positiva e
assim podermos transmitir essa mesma imagem aos outros, de forma mais clara
e genuína.
Apesar de
sabermos que a perceção do outro pode ser enviesada, até mesmo por
fatores alheios a nós, nada nos impede de tentarmos auscultar o feedback do
exterior e o modo como somos recebidos. Na posse dessa informação, podemos
aperfeiçoar a maneira como nos comunicamos e facilitamos o acesso das pessoas à
nossa realidade interior.
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