Vivemos atualmente num contexto de conflito armado e num clima
emocional de incerteza, insegurança e medo.
Também nas escolas, desde há muito tempo,
que se vivem “guerras”, verdadeiros atentados à dignidade e integridade
psicológica de muitos alunos, vítimas de bullying físico, verbal e social
(exclusão). O cyberbullying é hoje uma realidade caracterizada pelo uso da
tecnologia para assediar, ameaçar e humilhar outra pessoa de forma repetida.
Pode acontecer em qualquer local, a qualquer hora e atormentar alguém 24h por
dia, perante centenas de testemunhas, sem nunca ficar revelada a verdadeira
identidade do agressor. As vítimas podem sentir-se encurraladas e desenvolver
problemas de saúde psicológica, como a ansiedade e depressão e cometer
suicídio.
À semelhança do que acontece na sociedade, também nas
escolas impera o paradigma da competitividade, em que o crescimento do próprio
se faz pela anulação do outro. É a teoria da soma zero, em que aquilo que eu
ganho é aquilo que o outro perde e que conduz ao desenvolvimento de seres
humanos mais insensíveis, desafetados e pouco empáticos. Essa indiferença
emocional é visível nas escolas quando alunos passam por outros que estão a chorar
e continuam o seu caminho, sem qualquer manifestação de cuidado e empatia pelo
sofrimento do seu semelhante.
Por outro lado, a não aceitação da diferença, seja em
relação à raça, orientação sexual, religião, entre outras, traduz-se em
atitudes de humilhação, discriminação e exclusão nas escolas, locais que
deveriam ser de inclusão e esperança, pautados pela ética do cuidar e educar.
No cenário atual de guerra, urge mais do que nunca,
transferir os comportamentos de solidariedade, compaixão e de ajuda, que se têm
multiplicado por toda a parte, para os contextos da escola, potenciando-os nos
alunos de forma a caminhar-se no sentido da erradicação do bullying.
Muitas das escolas preparam-se para receber e integrar
estudantes ucranianos, em situação de grande vulnerabilidade emocional, pelo
que o acolhimento nas nossas escolas, nomeadamente por parte dos alunos que
serão os seus pares, é fundamental. Importa trabalhar com os nossos alunos a
aceitação das diferenças, a capacidade de descentração e empatia (capacidade de
se colocar no lugar do outro), a solidariedade, a compaixão e o cuidado ao
outro.
A guerra só poderá ser combatida com a Educação para a Não-Violência,
visando aquele que é o bem maior para o maior número de pessoas e privilegiando
o aspeto grupal ao individual.
Só transformando o sistema atual de competição num sistema
de aliança, colaboração e cooperação é que poderão haver ganhos para ambas as
partes e ainda produzir-se um terceiro ganho, a modificação do contexto global,
em prol de uma sociedade mais justa, solidária e integradora.
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