No dia 10 de Outubro foi assinalado o dia Mundial da Saúde Mental e no dia 16 o dia Nacional da Luta contra a Dor, onde destaco a Dor crónica. Assim, este mês, o meu texto de reflexão é direcionado para esta temática, a Dor Crónica e a Saúde Mental.
Vou olhar para
este tema a partir da base, onde o corpo está intimamente ligado à mente e já
não se coloca a ideia de tratar da parte física sem a parte psicológica. Sei
que este princípio é algo cada vez mais consensual, ainda não totalmente infelizmente.
Mas para lá caminhamos!
A dor crónica,
tal como as doenças crónicas pode acompanhar durante muito tempo a vida de uma
pessoa ou toda a sua vida, e neste último caso não há cura, apenas tratamentos
periódicos, tornando-se assim numa ameaça ao bem-estar e na qualidade de vida.
Existem as que
são potencialmente ameaçadoras à vida, e as que não apresentam risco mas podem
ter o potencial de serem fisicamente debilitantes. Além da parte física, também
apresentam efeitos emocionais e psicológicos que podem ser devastadores e até
influenciarem o processo de tratamento.
E como se pode viver com dor crónica (para
a vida!) e manter-se uma pessoa feliz e realizada?
A dor crónica
naturalmente provoca mudanças na vida da pessoa, para além dos condicionamentos
do dia-a-dia, obrigam a tomadas de decisões e à exploração de novos caminhos
desconhecidos até então.
Cada dor e cada doença
associada tem as suas especificidades, seja o número de horas que a pessoa tem
de passar em serviços de saúde, as alterações na alimentação, o tempo
recomendado de descanso, a possível ausência do trabalho, menos rendimento, modificações
nos papéis sociais, alteração de hábitos, dependências e interdependências de
outras pessoas. Nas situações em que a pessoa precisa de alguém para se
deslocar ou para realizar alguma atividade do quotidiano, as dificuldades
emocionais da gestão da doença tendem a piorar.
E por tudo isto,
o foco na área psicológica é tao importante como nos tratamentos médicos.
Perante esta
situação, existem algumas questões fundamentais, que ajudam a uma maior
aceitação da doença e a uma maior procura de alternativas que aumentam o
bem-estar:
- Procurar um
médico com o qual se identifique e procurar fazer todas as questões que tiver e
tomar as decisões sobre os tratamentos com o médico, e seguir o tratamento de
forma adequada.
- Aprender o
máximo que puder sobre a doença – Quanta mais informação se tiver, melhor se
lida com os sintomas e tratamentos.
- Juntar-se a um
grupo de apoio e assim perceber que não está sozinho com a doença e que há
várias pessoas na mesma situação. Pode receber informações de outras pessoas
que vivem com a doença há mais tempo.
- Manter um
exercício físico regular adequado à
sua situação clínica, um dieta equilibrada e cuidados preventivos, além do
tratamento clínico. Sabemos que a atividade física é um aliado para um
bem-estar global, influenciando no sono, no estado de humor e prevenindo o
aumento do peso, que pode trazer mais complicações para a saúde para quem tem
já alguma doença. Praticar exercício físico é a intervenção mais importante e
mais efetiva que a literatura mostrou no tratamento da fibromialgia e nas
doenças autoimunes, por exemplo, e é importante e efetiva porque o exercício
físico (adequado!) diminui a dor, melhora a depressão, a ansiedade, o sono e a
fadiga.
- Manter-se ativo
socialmente, permitindo a aproximação de familiares e amigos e participar em atividades
que promovam o bem-estar psicológico.
- Reconhecer e
aceitar que, durante o tratamento, poderão haver dias bons e maus. Mas num dia
mau, se eu alimentar os pensamentos mais negativos, é mais provável que o dia
seguinte seja menos bom, do que se eu procurar algo adequado à minha condição,
mas que faça sorrir.
- Lembrar-se
sempre que as pessoas são muito mais do que a sua doença. Pode ter uma doença
crónica, mas isso é uma parte da sua pessoa. Além disso também é um pai
fantástico, um melhor amigo de alguém, uma mãe dedicada, um avô carinhoso, um
excelente profissional, …
- Procurar apoio
psicoterapêutico pode ajudar, mesmo quando se sente que tem bom suporte
familiar e de amigos. Também pode ser positivo a procura desse apoio para os
membros da família que lidam com a doença de um ente querido. O apoio
psicológico é fundamental porque permite criar estratégias para lidar com a
doença, e a abordagem cognitivo-comportamental, o relaxamento e a atenção plena
(o mindfulness) contribuem para o controlo da dor.
Ninguém escolheu
as suas doenças, contudo há caminhos que podemos escolher: aceitar o que não se
controla, levantar-se cada dia apesar da dor ou do medo e procurar alimentar o
melhor que tem de si e que tem na sua vida! O compararmo-nos com a pessoa que
éramos no passado, não facilita o processo de aceitação e de procura do melhor
que temos no presente para ser vivido. A qualidade de vida pode ter diminuído,
contudo é essencial conseguirmos procurar a melhor qualidade de vida possível
no Agora.
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