terça-feira, 7 de julho de 2020

Como Gerir a Sobrecarga Emocional



Emoções como a tristeza, depressão e ansiedade são universalmente conhecidas por todos os seres humanos e respostas normais perante determinadas circunstâncias de vida.
Porém, quando as exigências do meio se tornam demasiado intensas e prolongadas no tempo e se assiste a um acumular de tensões internas, poderá experienciar-se uma saturação emocional com maior duração e a persistência dos sintomas, comprometendo a funcionalidade do indivíduo.
Nestas situações, é comum a ocorrência de pensamentos negativos mais frequentes relacionados com medo, falta de esperança e ameaça que condicionam a interpretação da realidade e que poderão levar ao aparecimento de sintomas com uma expressão física e psicológica mais penosa e desconfortável.
 Quando o indivíduo de sente sobrecarregado emocionalmente, poderá ter uma reação desproporcional a situações banais no dia-a-dia, bem como uma menor tolerância e maior irritabilidade na relação com os outros. É  igualmente comum uma maior sugestionabilidade, nomeadamente choro fácil, acessos de zanga e raiva, ansiedade frequente, bem como dificuldade em se concentrar na realização de tarefas, cansaço físico e dificuldades em dormir.
Perante emoções que são desagradáveis e causam desconforto, a tendência é para o evitamento e negação das mesmas. Porém, esta negação, que também reflete uma auto-punição por se sentir algo supostamente inadequado, acaba por aumentar a sensação de  mal-estar. Por outro lado, a esta negação poderá também estar subjacente a preocupação do indivíduo em se tornar nos seus próprios sintomas e da sua noção de identidade ficar abalada.
Este carácter crítico e hiper-exigente não promove a aceitação das emoções,  aceitação essa que se constitui como um passo fundamental para compreender o seu significado e assim lidar com elas.
As emoções fazem parte do nosso património biológico e têm uma finalidade adaptativa, chamando a nossa a atenção para o que estamos a necessitar. A aceitação envolve não invalidar qualquer emoção, pensamento ou sensação e aceitar as nossas realidades internas, numa atitude de benevolência, compreensão e amor próprio. 
É de suma importância que ao longo do dia, tenhamos consciência das nossas emoções e as possamos identificar, para que assim nos possamos conceder aquilo que precisamos, nomeadamente concentração e foco no momento presente em momentos de angústia e ansiedade.
Desta forma, o controlo não passa por ignorar as emoções mas por uma questão de modulação e de redução do seu efeito desconfortável, mesmo que tenhamos consciência da sua mensagem. O importante é não ficarmos presos em estados negativos, procurando observar as emoções, aceitá-las e libertá-las. Essa libertação pode passar pelo suporte da rede familiar e social, exercícios de relaxamento, mindfulness, meditação, hobbies, atividade e exercício físico. A procura de acompanhamento especializado, também poderá constituir-se como um recurso importante para a recuperação do equilíbrio emocional.

Artigo publicado na Revista Psicologia na Actualidade, Psychology Now, nº 50 Jul-Ago-Set 2020.



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