Um novo ano começa agora e com ele
o desejo de encerrar um ciclo deveras exigente e para muitos devastador,
renovando a esperança por um ano novo melhor.
E o que poderíamos entender como
um ano novo melhor?
A resposta mais imediata seria indiscutivelmente
a resolução da crise pandémica mas um ano novo melhor terá necessariamente de implicar
mudanças internas individuais e coletivas. Sem um novo eu mais saudável, não poderá
existir um ano novo melhor, a transformação começa por dentro.
E será que a crise pandémica que
vivemos poderá ter algum potencial transformador? Esperemos sinceramente que
sim. Se daqui não advir qualquer processo de aprendizagem e de transformação
individual e coletiva, significa que todo o sofrimento e cansaço a que fomos
sujeitos, foram completamente estéreis e em vão.
A privação e a perda por aquilo
que tomávamos como garantido, permitiu-nos contactar com o que realmente é
essencial e tantas vezes invisível e subestimado. Cada um de nós trava diariamente
a sua batalha pessoal, muitas vezes em silêncio e solidão, pelo que importa não
nos distrairmos da importância da empatia e do encontro com o outro,
nomeadamente em relação aos que não podem estar perto.
Face a circunstâncias externas
que não controlamos, importa focar e valorizar naquilo que realmente podemos
fazer para promover o nosso bem estar e o bem estar do outro.
O cuidar da nossa saúde
psicológica, tal como cuidamos da nossa saúde física representa o novo melhor que podemos implementar este
ano.
O contato com as nossas emoções,
sobretudo quando surgem sintomas de ansiedade, depressão e stress, é
fundamental no reconhecimento de sinais de alerta no que respeita à saúde
mental. O suporte da rede familiar e
social, exercícios de relaxamento, mindfulness, meditação, hobbies, atividade e
exercício físico podem ser importantes facilitadores na gestão e no equilíbrio
emocional.
Da mesma forma, o
auto-conhecimento, o tempo dedicado a atividades prazerosas e ao descanso, bem
como a adoção de uma rotina significativa e gratificante, são elementos chave
para uma saúde mental mais robusta.
Se o ano transato nos confrontou com
o caráter efémero e mutável da vida, que este novo ano sirva para aprendermos a
tirar o melhor partido de cada momento, a desfrutar das pequenas coisas, a
valorizar cada conquista, a estabelecer novos desafios, a implementar
estratégias de ação e a criar oportunidades de aprendizagem.
Podemos pois ter um papel ativo,
mesmo perante condições adversas, porque na realidade não basta esperar que
fique tudo bem. O bem estar emocional é, acima de tudo, um trabalho e uma
responsabilidade pessoal, que poderá ser facilitado por um acompanhamento
psicológico especializado.
Este será certamente o grande
desafio para 2021, transformar um ano que se adivinha desafiante numa
oportunidade para desenvolver a resiliência, o auto-cuidado, a criatividade, a
empatia, a gestão emocional, a aceitação perante o que não se pode mudar e a
gratidão pelo que temos.
Sem comentários:
Enviar um comentário