Já ouvi inúmeras
pessoas a dizerem que preferem pensar no pior, para caso ele (o pior) aconteça,
já não se magoarem tanto. Tendo receio em pensar no que seria melhor, porque
depois é mais difícil lidar com a frustração. Mas será efectivamente bom para
nós pensarmos e estarmos à espera do pior na maioria das circunstâncias, sem
podermos imaginar e criar algumas expectativas de como seria bom se isso
acontecesse? Será realmente melhor não lidar com a frustração de não ter
conseguido?
Creio que
existem aqui diversos aspectos importantes a serem tidos em conta: que o poder
das expectativas, da visualização, da motivação intrínseca, da crença de se
conseguir, vai influenciar a concretização e que se pode aprender a lidar com a
frustração.

Mas então, se eu
até acho que sou capaz, mas simplesmente prefiro pensar no pior para não lidar
com a frustração de falhar, como seria eu aceitar o falhar? Como seria olhar
para esse “falhar” como uma aprendizagem? Como seria pensar numa oportunidade
para aprender e crescer? Como é lidar e gerir essa frustração que o falhar pode
criar em mim?
Então, a
frustração é o resultado de não se obter aquilo que queremos ou esperamos, e na
verdade, indica que existe uma distância entre o que gostaríamos de obter e o
que na realidade conseguimos obter. Aqui é importante conseguirmos diferenciar
se estaria de alguma forma ao nosso alcance fazer diferente (e aí pode haver
uma aprendizagem) ou se não estaria de todo no nosso controlo (e aí perceber
como podemos aceitar exactamente o não controlo). Existem diversas estratégias
para se melhorar a lidar com a frustração: permitir sentir o mal estar e não se
dar demasiada importância, permitindo que se vá perdendo com o tempo; perceber
o que se podia ter feito diferente e olhar como uma oportunidade de
aprendizagem; ou seja: gestão emocional!
O aprender a
falhar, permite-nos não ter medo de falhar e desta forma avançamos para o que
queremos concretizar de forma mais confiante e com menos receios, garantindo
assim, uma maior possibilidade de desejo concretizado! E assim... podemos
pensar nessa situação como algo possível! Porque é tão bom sonhar acordado!
Artigo publicado na Revista Psicologia na Actualidade, Psychology Now, nº 48 Jan-Fev-Mar 2020.